Chuvas continuam fortes e impedem avanço do plantio no Meio-Oeste dos EUA

Publicado em 16/05/2019 08:45

"Como está sendo sua manhã? Eu desisto". Essa foi a declaração do produtor rural de Paullina, Iowa, nos Estados Unidos, em sua conta no Twitter. As imagens ilustram suas razões. Os solos saturados impedem o avanço dos trabalhos de campo em muitas partes do Meio-Oeste americano neste momento da safra 2019/20. 

Jay Magnussen - EUA

Jay Magnussen - EUA

O plantio da safra 2019/20 de soja e milho dos EUA está bastante atrasado e este é um dos piores e mais sérios atrasos dos últimos 30 anos, segundo o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting. E as condições de clima para os próximos dias não deverão permitir um avanço dos trabalhos de campo nas principais regiões produtoras norte-americanas. 

As previsões atualizadas mostram elevados acumulados de chuvas previstos para os próximos, principalmente nos estados mais a oeste do Corn Belt. A trégua das chuvas deverá ser sentida nos próximos dois dias, mas depois, elas voltam ainda mais intensas. 

"A previsão climática da DTN indica condições de tempo mais quente e seco nos próximos dois dias, o que poderia melhorar as condições de plantio. No entanto, o progresso deverá ser pouco expressivo já que os solos estão muito saturados pela umidade", explicam os especialistas do portal internacional DTN The Progressive Farmer. 

O mapa atualizado do NOAA para o período de 16 a 23 de maio mostra a continuidade das chuvas intensas no Corn Belt. Estados como o Nebraska, Missouri, Iowa e a Dakota do Sul poderiam registrar acumulados de 75 a 100 mm, podendo atrasar ainda mais o avanço dos trabalho de campo. 

NOAA 7 dias

Na sequência, o mapa também para os próximos 7 dias, mas da DTN, indica condições semelhantes. "Chuvas extremas podem voltar a ocorrer no final desta semana e continuar até a o começo da próxima, causando um novo momento de interrupção dos trabalhos de campo e até mesmo com mais enchentes", prevê o serviço de meteorologia do portal internacional. 

Os maiores volumes deverão ser registrados no oeste do Meio-Oeste e na maior parte das Planícies. 

EUA 7 dias DTN

Já nas porções centro-leste e sudeste do Meio-Oeste americano podem registrar uma continuidade do plantio e até alguma melhora, já que nestas regiões as chuvas ficam mais leves e as temperaturas mais altas podem durar por mais tempo. 

De hoje a 22 de maio, as previsões mostram - como ilustra o mapa a seguir - que o frio persiste no norte das Planícies do Norte e nas áreas norte e em todo o oeste dos EUA. Já o leste e sul do Meio-Oeste, o Delta e o Sudeste devem registrar temperaturas um pouco mais altas. "O grande contraste de temperaturas nos direciona para um potencial de chuvas fortes e tempestadas", explica o meteorologista do DTN, Bryce Anderson. 

EUA 7 dias DTN

Nestas condições, o produtor de Brimfield, Greg Smith, também relatou suas condições pelo Twitter com a foto abaixo. "Ainda não mesmo lugar. E já faz 16 dias", disse. 

Greg Smith

De acordo com os últimos números do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), até o último domingo (12), os EUA já tinham semeado apenas 30% de sua área estimada para o milho, contra 59% do mesmo período do ano passado e 66% da média para os últimos cinco anos. O número assustou o mercado e refletiu a difícil situação em que estão os produtores norte-americanos. Afinal, a janela ideal para o plantio do cereal se encerra nesta segunda-feira, dia 20 de maio. 

Em 13 de maio, porém, o produtor Steve Lounsbery, da Dakota do Sul, postou uma foto no Twitter dizendo: "o primeiro milho de 2019". 

Steve Lounsbery

Na última semana, em Illinois, ainda de acordo com dados do USDA, o plantio do milho evoluiu apenas 1% na semana. E o estado é um dos maiores produtores do grão.

A partir do próximo dia 20 é quando as preocupações se intensificam, uma vez que este é o ponto inicial para que as lavouras comecem a, efetivamente, perder seu potencial produtivo. "Na próxima segunda-feira, 20 de maio, devemos ter menos da metade da área americana de milho plantada. Se as previsões se confirmarem, isso poderia empurrar o plantio para o último terço de maio, que é quando a produtividade começa a cair realmente", explica o engenheiro agrônomo norte-americano, Michael Cordonnier. 

E depois da "janela ideal", as lavouras plantadas fora desse período já não contam mais com o seguro, o que pode agravar ainda mais a condição do produtor americano. "O produtor está em pânico esta semana nos EUA, porque ele tem o risco de não conseguir plantar dentro do programado, de não colher produtividades dentro do esperado e ainda sofre com preços abaixo dos custos de produção", explica Brandalizze. 

O frio intenso e a umidade excessiva criam mais dificuldades de germinação para as sementes, que já reduzem, consequentemente, seu vigor e seu potencial produtivo. "Então, elas já perdem nessa arrancada inicial".

No caso da soja, até o último domingo, o plantio estava concluído em 9% somente da área. Em 2018, eram 32% e a média dos últimos cinco anos é de 29%. E os avanços esperados para os próximos dias não deverão ser tão significativos como são necessários. Afinal, os agricultores americanos deverão se focar no milho e, além do mais, as condições não dão muitas chances. E a janela para a oleaginosa, que começa a ser plantada um pouco mais tarde, também é maior neste momento.

Diante destas condições, o mercado, analistas e consultores e os próprios produtores rurais se perguntam agora sobre como ficará a área de plantio norte-americana. Como será a divisão entre milho e soja, quantos hectares ficarão sem plantar dentro do programa do Prevent Plant e em quanto esses atrasos impactarão em perdas de produtividades, segundo Cordonnier. 

"Dadas as previsões, podemos ver algo entre 2,02 e 2,43 milhões de hectares (5 a 6 milhões de acres) ou mais de prevent plant nesta primavera, com o milho liderando os números de pedidos, seguido pelo trigo de primavera e pela soja. Como resultado, poderíamos ter uma área de milho menor do que 36,42 milhões de hectares (90 milhões de acres). Agora, toda estimativa de área é pura adivinhação", completa o agrônomo americano. 

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Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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