Argentina: Tempo seco persiste até meio de dezembro e mercado internacional está em alerta

Publicado em 02/12/2019 13:37

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Aos poucos, o mercado internacional da soja vai dedicando mais atenção ao desenvolvimento da nova safra da América do Sul e quem mais atrai os olhares dos traders neste momento é a Argentina. O país sofre com a falta de chuvas bem distribuídas entre as regiões produtoras neste momento e as previsões para os próximos dias ainda não são favoráveis. 

Nas últimas 72 horas, segundo apurou o Commodity Weather Group (CWG), as áreas de soja e milho da Argentina receberam apenas acumulados entre 6,35 e 19,05 mm de chuvas. Pontualmente, alguns locais chegaram a marcar 50 mm. As precipitações alcançaram apenas 35% das áreaas, completou o CWG. 

Chuvas 72h

Fontes: Commodity Weather Group e Inmet

No Sul de Santa Fe, uma chuva de granizo afetou severamente os campos de milho e trigo da região. A informação parte do site argentino InfoCampo e dá conta de que a regiãos mais afetada foi a de Villa Cañás. Partes de Buenos Aires e Entre Ríos também foram atingidas. 

Granizo ArgentinaGranizo ArgentinaGranizo Argentina

Foto: Gustavo M. Alfaro, no Twitter (@GMALFARO)

 

PREVISÃO DO TEMPO

As previsões seguem mostrando a continuidade de um padrão ainda bem seco para a Argentina, pelo menos, nos próximos 10 dias, até o intervalo de 11 a 14 dezembro para toda a região sojicultoura do país, como explica o diretor da ARC Mercosul, Matheus Pereira. 

"Uma massa de ar quente de alta pressão se estacionou sobre o Noroeste da Argentina e o Sul do Rio Grande do Sul, impedindo a chegada e formação de chuvas sobre tais regiões", explica a consultoria. 

Segundo ele, a região que mais exige monitoramento e atenção é o Centro-Leste da Argentina. "O noroeste recebeu bastantes chuvas nos últimos 10 dias e, por lá, a umidade do solo ainda está ok", diz. 

Córdoba é uma das áreas mais preocupantes diante da falta de chuvas, onde o déficit hídrico é bastante sério, com a província necessitando de, ao menos, 150 mm para reverter o déficit hídrico, ainda de acordo com informações do Infocampo. 

Como noticiou a publicação argentina na última semana, são mais de dois milhões de hectares que seguem à espera de chuvas. 

Para os próximos 11 a 15 dias, as chuvas voltam a partes do país, principalmente à região norte, de acordo com as previsões do CWG. "E essas chuvas ainda deixam partes de Buenos Aires, por exemplo, sob stress hídrico e com um estresse crescente diante das previsões", diz o instituto internacional de meteorologia. 

Mapas CWG

Fonte: Commodity Weather Group

E para o período dos próximos 16 a 30 dias - de 17 a 31 de dezembro - "o centro e noroeste da Argentina ficam mais secos, e as áreas centro e leste ficam sob a maior área de risco", explicam os especialistas do Commodity Weather Group. 

CWG 16 a 30

Fonte: Commodity Weather Group

CLIMA X PREÇOS

O atual cenário climático da Argentina e as previsões que mostram que não há melhores previstas, pelo menos, para os próximos 15 dias, ainda não impactam expressivamente nos preços dos grãos negociados no mercado internacional. 

No entanto, isso pode ser somente por agora. Afinal, ainda como explica Pereira, a especulação deverá adicionar prêmios no mercado climático internacional diante caso este padrão mais seco for confirmado nos próximos dias. E isso independente dos resultados finanis de produtividade, mas "baseado na na perspectiva de que a safra na América do Sul sofra reduções de oferta", diz o diretor da ARC.

Ainda assim, o executivo ressalta que "o  importante é saber que esta adição de prêmios será temporária". Ele explica ainda que apenas uma quebra agressiva que venha a reduzir o potencial de produção da soja da América do Sul para menos de 160 milhões de toneladas tem força para mudar a realidade do mercado no longo prazo. "Caso contrário, as mudanças serão temporárias", completa. 

Nesta segunda-feira, primeira sessão de dezembro, os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago seguem atuando com estabilidade. Por volta de 12h40 (horário de Brasília), as cotações subiam entre 0,75 e 2 pontos. O janeiro tinha US$ 8,77 e o maio, US$ 9,07 por bushel. 

2008 DE NOVO? TALVEZ 2017?

Ao ser questionado sobre uma possível repetição do que a Argentina passou em 2008, Pereira é enfático e diz "ainda é cedo". Há 11 anos, o país passou por sua pior seca em mais de 40 anos, a qual devastou a produção de soja e milho do país. Nesta temporada, os argentinos colheram apenas 32 milhões de toneladas de soja. 

E o diretor do Grupo Labhoro, Ginaldo de Sousa, compartilha da opinião. Para ele, as condições climáticas no final de dezembro e em janeiro serão determinantes para entender o futuro da safra argentina. 

Assim, Sousa explica também que, dessa forma, não é possível a comparação com os problemas vividos em 2017. Neste ano, os produtores também sofreram com estiagens e perdas de produção. "E em 2017 as lavouras já vinham com resultados ruins, relativamente baixos, e o tempo secou a partir de janeiro", diz. 

Mais do que isso, o diretor da Labhoro afirma ainda que as previsões indicam ainda que as temperaturas não serão tão intensamente altas como em anos anteriores. "Em 2017, eram registrados até 36ºC, 37ºC, e esse ano não devemos ter uma situação como essa, ao menos por enquanto. 

Dessa forma, uma safra de soja para a Argentina estimada em 55 milhões de toneladas também ainda é a projeção de Ginaldo Sousa. "Esse é um bom número". 

SITUAÇÃO DAS LAVOURAS

Ainda segundo o diretor da Labhoro, outro fator que deve ser observado é o fato de que as lavouras, apesar dessas condições, têm conseguido se manter. Na última sexta-feira (29), a Bolsa de Cereais de Buenos Aires publicou seu boletim semanal sobre os campos informando que as condições são favoráveis para a soja e o milho em todo o território nacional. 

Argentina soja milho

A Bolsa informou ainda que 39% do plantio da oleaginosa já está concluído de uma área total projetada de 17,7 milhões de hectares. Há um pequeno atraso de 1,7% em relação ao mesmo período do ano passado. 

Sobre o milho, a instituição informou que a semeadura já foi realizada em 46,2% de uma área estimada em 6,3 milhões de hectares. 

Com informações do Infocampo e Revista Chacra

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Por:
Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte:
Notícias Agrícolas

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