Supercomputador Tupã não será desligado em 2021: Brasil precisa atualizar máquina, mas previsões são mantidas, diz INPE
Nas últimas semanas, as previsões climáticas do Brasil ganharam ainda mais destaque no setor agrícola. A notícia do desligamento do supercomputador Tupã (computador XE-6 da Cray), responsável por levantar uma série de informações para o produtor, chamou a atenção, já que o supercomputador é essencial nas análises de dados do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos. O desligamento, que antes estava previsto para esse mês, foi adiado e deve ser realizado apenas no início do ano que vem.
As informações foram confirmadas por Gilvan Sampaio, Coordenador Geral da Ciências da Terra, que também confirma a necessidade de uma máquina mais atual, mas destaca que com o objetivo de não prejudicar os dados meteorológicos, o supercomputador só deve ser desligado quando uma nova máquina chegar.
"Não vai ocorrer em agosto, nós estamos revendo isso. De fato nós só faremos o desligamento do Tupã quando tivermos o novo computador em funcionamento. Portanto, pode ocorrer no final do ano ou início do ano que vem", afirma Sampaio.
De acordo com o especialista, a mudança é necessária porque o Tupã está ultrapassado. A máquina foi adquirida e instalada em 2010 e já ultrapassou o limite da vida útil previsto. "Há dois problemas em uma máquina de 11 anos. O primeiro é que a manutenção a cada ano se torna muito mais cara e, segundo, é um modelo de máquina que não é mais fábricado, o que inviabiliza o seu uso", comenta.
Apesar do INPE já ter adquirido uma nova máquina, Sampaio explica que trata-se de um computador paliativo e que o INPE segue buscando por recursos para garantir uma máquina de grande porte. "O cluster que virá é apenas um paliativo. O ideal seria que nós tivessemos uma máquina de grande porte. Nós precisamos é dos recursos para aquisição dessa nova máquina e além disso, precisamos também de uma reforma na infraestrutura para comportar essa nova máquina", acrescenta.
Em relação aos recursos necessários, o INPE afirma que a verba disponível para este ano e ano que vem não são suficientes para a compra da máquina, que tem o custo de, pelo menos, US$ 30 milhões. "Tem que realmente ter um aporte extra orçamentário do governo para que nós possamos adquirir essa nova máquina. Não há como adquirir somente com orçamento do INPE", afirma.
Desde 2014 o Instituto tenta captar recursos para avançar nas previsões meteorológicas. Em 2018, através de uma emenda parlamentar, o INPE conseguiu um recurso de R$ 10 milhões e nós adquirimos um módulo sobressalente do Tupã, o CX-50, que é o que hoje roda todos os processos operacionais, ou seja, as previsões números de tempo e de clima e que também não deve ser desligado no curto prazo por se tratar de uma máquina mais nova.
Em relação à agricultura, Sampaio acrescenta que sem um supercomputador é quase impossível avançar com as previsões. "Não ter uma máquina como essa significa que em médio e longo prazo nós ficamos estagnados. E quem perde são os setores de agricultura, energia e defesa civil, justamente por não ter uma avanço para melhor antever uma seca ou episódio de chuvas intensas. Nós perdemos essa capacidade de antecipar cada vez mais esses eventos que tanto afeta a agricultura", comenta.
No último ano o produtor teve que lidar com um clima mais irregular do que o normal e as constantes mudanças dos modelos meteorológicos. Com isso, Sampaio afirma que com tecnologia mais moderna o nível de assertividade das previsões também tende a ser mais alto. "Nós fazemos hoje previsões com escalas de 5km, com a supermáquina nós chegaremos a metros e dizer inclusive em que parte de uma grande fazenda pode chover mais, pode chover menos. Então nós avançamos para um novo patamar de previsões", afirma.
Além disso, Sampaio comenta que outro avanço seria conseguir elaborar as previsões com três ou quatro semanas de antecedência. "Para chegarmos desenvolver produtores e modelos para conseguir prever com esse tempo, realmente precisamos de um supercomputador", finaliza. Daqui pra frente, apesar de adiar o desligamento do Tupã, afirma que o INPE seguirá buscando por recursos com finalidade de avançar o sistema meteorológico do país.
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