Código Florestal: Clima entre ruralistas é de alívio e cautela
Norberto Ortigara, secretário da agricultura e do abastecimento do Paraná, disse à FOLHA que a aprovação foi importante, pois foram 'definidas as regras do jogo'. ''É importante para mostrar que o agricultor não é predador. Sabemos que temos muitos problemas para resolver: repor APPs, proteger nascentes, lidar com áreas degradadas. O que nós queremos é, à partir da lei, realizar todas estas ações positivas''.
Já em relação à polêmica emenda 164, Ortigara acha interessante que os estados tenham maior autonomia para definir sobre as áreas consolidadas. ''Nossa expectativa agora é que o Senado vote logo. Mesmo que a emenda não passe, o Paraná vai continuar agindo''.
Para José Roberto Rickens, superintendente da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), o placar final de 410 votos a favor contra apenas 66 contra reflete o desejo de toda a população para que o Código entre em vigor.
Rickens comenta que a aprovação da emenda é importante para o Estado, já que resolve um problema de boa parte dos produtores. ''A justiça foi feita. Imagine no rio Tibagi, por exemplo, onde o produtor teria que se afastar 0,5 km de cada lado? Era melhor entregar a escritura para o rio. A sobrevivência de muitos depende desta decisão''.
Carla Beck, engenheira agrônoma do departamento técnico econômico da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), avalia a emenda como uma conquista para o Paraná, já que dá segurança jurídica aos produtores. ''Outro ponto interessante é que acaba a exigência da averbação da Reserva Legal em cartório. Agora, estamos na expectativa da votação no Senado. É um outro capítulo em que ambas as partes vão ter que ceder. Acredito que a presidente Dilma não irá vetar o Código antes de muitas negociações, até porque a maioria da Casa votou a favor''.
Carlos Murate, presidente da Cooperativa Integrada, ressalta que o Código não atendeu todas as expectativas dos produtores, mas que a aprovação ficou de bom tamanho. ''Ficamos aliviados, mas ainda não temos um desfecho. Como a aprovação foi quase unânime na Câmara, quero acreditar que também será assim no Senado''.
Jorge Nishikawa, presidente do Sindicato Rural Patronal de Apucarana, concorda com Murate. ''A situação está difícil e não há motivos de alegria antecipada. Mesmo se for aprovado do jeito que está, ainda considero que apenas os produtores estão pagando por algo que é de responsabilidade de toda a população. Por isso considero que o Pagamento por Serviços Ambientais ainda é a melhor alternativa''.