Desempenho do ovo em setembro e nos nove primeiros meses de 2020

Sem poder contar, ainda, com um de seus mais ativos e fiéis consumidores internos – a merenda escolar – e enfrentando drástica queda nas exportações, o ovo continua padecendo dos efeitos de uma produção significativamente superior à demanda, até aqui encolhida.

Não por menos, em setembro o produto viu seu preço sofrer retração pelo quinto mês consecutivo, com o que foi comercializado por valor 2% inferior ao de agosto e quase um terço menor que o alcançado em abril passado quando – como efeito dessa pandemia que hoje afeta negativamente seu desempenho – registrou recordes históricos de preço.

Comparativamente ao mesmo mês de 2019 os resultados foram positivos. Mas o valor médio de setembro ficou apenas 3,3% acima daquele registrado um ano atrás, ou seja, continua sendo absolutamente insuficiente para cobrir a elevação dos custos de produção, principalmente os decorrentes das duas matérias-primas básicas do produto, o milho e o farelo de soja, encarecidos em pelo menos 60% nesse mesmo espaço de tempo.

Por ora, o valor médio dos nove primeiros meses do ano permanece mais de 20% acima do registrado em idêntico período de 2019. Mas esse incremento advém, inteiramente, dos resultados obtidos no primeiro semestre do ano. Assim, considerado apenas o trimestre julho/setembro, o ganho anual não chega a 5%.

Ao contrário do esperado, setembro foi encerrado sem que se vislumbrassem as reações típicas de toda virada de mês. Assim, permanece a expectativa de valorização para os próximos dias, quando começam a chegar ao mercado os salários.

Sob esse aspecto, aliás, torce-se, muito mais, pela revalorização do ovo vermelho que, em setembro, viu suas cotações recuarem quase ao mesmo nível de preço do ovo branco, perdendo aquele diferencial que sempre o caracterizou.

Demonstrando, entre janeiro e agosto deste ano o ovo vermelho foi comercializado, em média, por valor cerca de 16% superior ao do ovo branco, com pico superior a 20% no mês de junho. Já em setembro essa relação caiu para apenas 3%. Assim, considerados os preços médios dos dois produtos, na primeira quinzena de junho o ovo vermelho chegou a ser comercializado com um adicional de R$20,00/caixa em relação ao ovo branco. Ontem, 30 de setembro, esse diferencial foi de, somente, R$1,00/caixa.