Avicultores de Pernambuco descartam poedeiras devido ao alto custo de milho e farelo de soja

Publicado em 19/11/2020 10:42
Produtor de ovos de São Bento do Una, premiado pela qualidade dos ovos este ano, vai se desfazer de 40% do plantel por dificuldades em investir na alimentação das aves

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O alto preço dos custos de produção para a avicultura, em especial a de postura comercial, tem feito com que produtores de ovos de Pernambuco descartem parte do plantel para conseguirem se manter na atividade. Um deles, Gerson de Moraes Belo, premiado em 2º lugar em qualidade de ovos vermelhos no concurso que abrangeu a região Nordeste do Brasil em outubro deste ano, vai se desfazer de 40% das aves que possui. 

Conforme nota da Associação Avícola de Pernambuco (Avipe), assinada pelo vice-presidente administrativo da entidade, Edival Veras, "até o momento, cerca de 3% do plantel do estado de Pernambuco já foi descartado, com possibilidade de chegar aos 10%. A antecipação do descarte é uma alternativa na redução dos custos, em média de 70 a 85 semanas". Atualmente, de acordo com a Avipe, o Estado possui 17 milhões de aves alojadas, dois milhões sendo recriadas e 15 milhões em produção.

As razões apontadas pela entidade para o descarte das poedeiras passam pelos altos custos de produção, puxados pelos preços do milho e farelo de soja "que, nos últimos 12 meses dobraram de valor e juntos formam 80% do custo das rações", e também pela questão do mercado do ovo.

"O valor comercial do ovo não acompanhou a alta desses insumos e estão com prejuízos em torno de 30%. Exemplo:  Vende-se uma bandeja com 30 ovos por R$ 8,50, mas, o custo de produção está em R$ 13,00", disse Veras, em nota.

A realidade dramática pela qual passam os avicultores pernambucanos é mostrada pelo produtor Gerson de Moraes Belo no vídeo abaixo. Ele conta que já iniciou o descarte das poedeiras da Granja São Bento, da qual é proprietário, saindo de 66 mil aves alojadas para permanecer com apenas 25 mil, retração em torno de 40%. As aves, que antes eram descartadas entre 100 a 110 semanas de vida, quando já deixam de ser tão produtivas, agora saem da granja de Belo com 55 a 70 semanas, ainda com potencial produtivo

"É um prejuízo incalculável, uma história que você viveu, se dedicou, e agora precisa se desfazer de quase tudo. Faz 40 anos que eu trabalho no mercado do ovo e 20 na criação de aves de postura. Há 120 dias venho trabalhando no vermelho, tentei empréstimo no banco, não consegui, e a opção foi fazer o descarte", disse.

Segundo Belo, que é avicultor independente, as aves descartadas são vendidas em feiras livres ou compradas por frigoríficos para afzer farinha de carne. " Mas o preço de venda das galinhas é baixo, em torno de R$ 5,00 a R$ 6,00, quando você tem um custo de R$ 20,00 para formar uma poedeira, além da infraestrutura da granja", afirmou.

Ele explica que atualmente, a saca de 60/kg milho no Estado custa em torno de R$ 80,00, e o farelo de soja chega a R$ 2.950,00 a tonelada. Nas contas do produtor, em seis meses o preço da ração já subiu 200%, entretanto, o preço pago pelos ovos no mercado não acompanhou esta alta.

 

 

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Tags:
Por:
Letícia Guimarães
Fonte:
Notícias Agrícolas

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1 comentário

  • Guilherme Sales Recife

    E o Celso Russomano vai com toda sua arrogância nos supermercados falar que o preço do ovo está caro, e que os granjeiros estão explorando a população... Achei foi bom esse arrogante ter levado uma paulada nas eleições de SP.

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