Mais suínos à mesa e segurança para produzir

Publicado em 21/09/2010 08:36
Suinocultura brasileira consegue sustentar cotações acima de R$ 2,8 por quilo graças ao aumento do consumo interno.
Mesmo com redução de 7% na exportação de carne suína de janeiro a agosto (361,16 mil toneladas) em relação a 2009, os preços ao produtor seguem em alta. O consumo interno, que abocanha cerca de 80% da produção nacional de 3 milhões de toneladas anuais, cresceu cerca de 5% e criou o quadro inesperado, avalia o diretor executivo da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), Fabiano Coser.

“Os preços praticados em São Paulo e Belo Horizonte estão acima de R$ 2,5 o quilo há 58 semanas. Nas últimas 19 semanas, paga-se mais de R$ 2,8 por quilo (suíno vivo)”, comemora. A novidade é justamente essa estabilidade nos preços – que estão altos na comparação com as cotações dos últimos dois anos de crise.

No Paraná – terceiro maior produtor de carne suína do país, com participação de 17% –, as cotações seguem linha abaixo desse patamar, mas também crescente. Os produtores receberam média de R$ 2,11 por quilo em agosto – 27,32% a mais do que no mesmo mês de 2009 –, conforme o sistema de monitoramento do Depar­tamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual da Agricultura (Seab). Na última semana, alcançaram R$ 2,26, com teto de R$ 2,8 em Ivaiporã (Norte). O produto chega nos supermercados de Curitiba valendo quatro vezes mais. O quilo de lombo com osso alcança R$ 9.

O estado, atrás de Santa Catarina e Rio Grande do Sul na produção, é o que mais aproveita o bom momento, aumentando inclusive a exportação de carne suína. Enquanto os vizinhos reduziram os embarques – à taxa de 13% e 12%, respectivamente, puxando a média nacional –, o Paraná ampliou suas vendas ao mercado externo em 16,3%. É o que mostra relatório do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abas­tecimento (Mapa) que compara os sete primeiros meses deste ano com o mesmo período de 2009.

O avanço no faturamento com as exportações foi ainda maior. Com incremento de 46%, o Paraná arrecadou US$ 76 milhões de janeiro a julho. Mesmo reduzindo embarques, Santa Catarina arrecadou 5,7% mais (U$$ 195,5 milhões). O Rio Grande do Sul, por sua vez, faturou 12,8% a mais (US$ 314,9 milhões). O crescimento paranaense ocorre com atraso – com 17% da produção, o estado ainda é responsável por apenas 10% das exportações.

A sustentação dos preços no mercado interno é um indício de que a campanha pelo aumento do consumo de 13 para 15 quilos per capita ao ano, que recebe investimento de R$ 9 milhões, está surtindo efeito, afirma o diretor executivo da ABCS. Coser defende que o setor deverá assumir um novo ponto de equilíbrio entre oferta e demanda. A campanha pelo aumento do consumo deve durar três anos e tem apoio do Sebrae, que entra com 42% dos recursos.

Já Pedro de Camargo Neto, presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), atribui o quadro ao crescimento da renda do brasileiro. Ele acredita que a população está consumindo mais carnes em geral pelo aumento real do salário mínimo. O consumo de carne suína, que não vinha reagindo nem a reajustes nos preços das carnes bovina e de frango, está finalmente ocupando maior espaço, avalia.

A carne suína é a mais consumida no mundo, mas, no Brasil, tem menos mercado que a de frango ou a bovina. O brasileiro consome ao ano 13,8 kg de carne suína e 34,5 kg de bovina. A liderança é da carne de frango, com taxa anual de 39,5 kg por pessoa. São 2,8 quilos de ave para cara quilo de porco.

O país é líder na exportação das carnes de frango e bovina, e quarto maior fornecedor de carne suína no mercado global, atrás de União Europeia, Estados Unidos e Canadá. Segundo a Abipecs, há condições para o país ocupar a liderança também no fornecimento de carne de suíno nos próximos anos.

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Fonte:
Gazeta do Povo

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