“Cama de frango” apresenta bons resultados como fertilizante em lavouras

Publicado em 18/04/2011 14:34 e atualizado em 05/03/2020 03:47

O manejo da cama de frango como adubo orgânico em lavouras e pastagens há muito tempo vem sendo incentivado por pesquisadores e técnicos.  Atualmente, um maior interesse tem sido dado à questão, depois que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento proibiu a utilização deste subproduto de origem animal na alimentação de bovinos em 2004, o que vem resultando em uma maior disponibilidade  do produto no mercado. A cama de frango é o conjunto do material utilizado para forrar o piso dos galpões de granjas, que pode ser de palha de arroz, feno de capim, sabugo de milho triturado ou serragem, misturado com os
dejetos, restos de ração e penas.  

 A proibição do produto na alimentação animal foi uma medida preventiva para se evitar os riscos potenciais da disseminação da “doença da vaca louca” que, na época,  estava contaminando rebanhos no mundo, especialmente na Europa. Segundo o engenheiro agrônomo da Emater-MG, Walfrido Albernaz, na maioria dos casos de contaminação dos rebanhos, a origem foi a ingestão de proteína animal contaminada com o agente da doença. 

 “Assim, o combate ao uso da cama de frango como alimento de bovinos se tornou uma estratégia para se evitar a doença no país, já que na ração de aves existem componentes  proteicos de origem animal, que podem ser fonte de contaminação da cama de frango gerada nos aviários”, explica o técnico. O Brasil nunca registrou um caso mal da vaca louca.

 Proibido na alimentação do rebanho bovino, foi necessário buscar alternativas para o aproveitamento seguro do resíduo produzido pela avicultura de corte. Para se  ter uma ideia do volume, a quantidade de cama de frango gerada, após o ciclo de 40 dias de engorda de pintinhos, é de cerca de dois quilos por animal alojado. Um lote de
25 mil aves gera aproximadamente 50 mil toneladas de esterco. 

 Segundo o superintendente de Desenvolvimento Rural Sustentável da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Guilherme de Oliveira Mendes,  a alternativa para o uso da cama de frango é estratégica, uma vez que o material apresenta nutrientes que podem ser incorporados ao solo, e promoverem o incremento na produtividade das lavouras com redução de custo de
produção.  

Adubo na lavoura

 Uma alternativa que vem sendo estudada pela Emater-MG, vinculada à Secretaria de Agricultura, em parceria com a Embrapa Milho e Sorgo, é o uso da cama de frango  como fertilizante em lavouras de milho. Na safra passada, foram implantadas unidades demonstrativas em propriedades rurais dos municípios de Onça do Pitangui, Maravilhas e Florestal, regiões onde se concentra um grande número de granjas de frangos de corte.

 Foram testados três tratamentos distintos: adubação orgânica com cama de frango; fertilização mista, usando cama de frango e adubo químico; e apenas com fertilizante  químico. Nas áreas onde a fertilidade do solo é média ou alta, a produtividade foi superior com o uso da adubação mista (cama de frango e superfosfato simples), em relação ao cultivo com adubação exclusivamente química. 

 O engenheiro agrônomo da Emater explica ainda que a cama de frango, quando passou por um processo de compostagem, ou seja, foi decomposta antes de ser aplicada no  solo, teve um efeito melhor para a lavoura do que quando foi aplicada “crua”. A cama de frango trouxe outros efeitos positivos, como a melhoria da capacidade de armazenamento de água no solo, pois as plantas adubadas com adubo orgânico resistiram mais ao veranico,  e observou-se também o efeito residual do adubo orgânico, pelas análises de solo realizadas pós-colheita do milho.


 Segundo o Superintendente da Seapa, o Brasil importa atualmente cerca de 60% dos produtos usados na fabricação de adubos – fósforo, nitrogenados e potássio. “O volume  está bem acima do que é importado por outros países com elevada produção de alimentos, e o uso da cama de frango como adubo orgânico teria um reflexo positivo no contexto de mercado, reduzindo a dependência da importação de fertilizantes”, finaliza.

 Trânsito

 O trânsito e a comercialização da cama de frango, dentro do Estado, são normatizados pela Portaria Nº 783/2006 do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA). É proibida  a entrada do material oriundo de outros estados e a comercialização só é permitida se  a origem for de aviários mineiros. Na documentação, deve constar que a destinação do material é para uso em lavouras e a sua proibição na alimentação de ruminantes. A saída  do Estado é permitida, desde que o material esteja acompanhado de uma guia específica emitida pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

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Fonte:
Secr. de Agr. de MG

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1 comentário

  • Miler Machado Viçosa - MG

    Na última frase do 4º parágrafo o texto informa 50 mil toneladas de cama de frango para um lote de 25 mil aves, porém, o correto seria 50 toneladas ou 50.000 Kg.

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