Em março, IBGE estima safra de grãos 8,5% maior que em 2009

Publicado em 08/04/2010 08:22 e atualizado em 08/04/2010 08:52
A safra nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas deverá atingir uma produção da ordem de 145,2 milhões de toneladas em 2010, superior em 8,5% à obtida em 2009 (133,8 milhões de toneladas).¹ É o que aponta a terceira estimativa da safra nacional, relativa a março, que indica pequeno acréscimo em relação à estimativa de fevereiro (0,02%). A área plantada deverá ter acréscimo de 1,5%, em relação ao ano passado, situando-se em 47,9 milhões de hectares. As três principais culturas (arroz, milho e soja), que respondem por 81,6% da área plantada, apresentam variações de -4,9%, -4,0% e 6,4%, respectivamente, em relação a safra de 2009. No que se refere à produção destes três produtos, o milho e a soja registram acréscimos de 3,0% e 18,1%, enquanto o arroz apresenta retração de 9,6%.

A safra esperada para 2010 tem a seguinte distribuição regional: região Sul, 61,1 milhões de toneladas (16,6%); Centro-Oeste, 50,4 milhões de toneladas (3,3%); Sudeste, 16,5 milhões de toneladas (-4,2%); Nordeste, 13,2 milhões de toneladas (13,8%) e Norte, 3,9 milhões de toneladas (3,9%).

O Paraná detém a posição de maior produtor nacional de grãos, superando em 1,3 pontos percentuais o Mato Grosso, que no ano passado ocupou essa posição, já que a safra paranaense foi muito afetada pelas condições climáticas desfavoráveis, como seca no início de 2009, geadas em junho e chuvas excessivas no período final das culturas de inverno. Destaca-se que essas duas Unidades da Federação registram, nesta estimativa, crescimento nas suas participações.
 
Em março, destaque para seis produtos

No LSPA de março destacam-se as estimativas de produção de seis produtos, em relação a fevereiro: algodão herbáceo em caroço (4,0%), arroz em casca (-4,8%), café em grão (-4,7%), feijão em grão total (-4,3%), milho em grão total (0,4%), soja em grão (0,6%). Algodão herbácio (em caroço) - A terceira estimativa de algodão herbáceo em caroço para 2010 é da ordem de 3,1 milhões de toneladas, contra 3,0 milhões de toneladas informadas no mês passado, mostrando um acréscimo de 4,0%. Este incremento deve ser creditado, notadamente, ao Mato Grosso, cuja estimativa de área plantada de 403.749 hectares cresceu 8,4% em relação ao mês anterior. Isso ocorreu, principalmente, pelo fato de que nesse Estado, a 2ª safra do produto com 265.834 hectares (plantada em janeiro após o cultivo da soja) suplanta, pela primeira vez, o cultivo da safra de verão com 136.801 hectares plantados até dezembro. São considerados, ainda, 1.114 hectares irrigados do produto. As condições climáticas, até o momento, estão satisfatórias. Ressalta-se que parte do plantio da 2ª safra foi feito de forma adensada, diminuindo os custos de produção, porém com redução de rendimento.Arroz (em casca) - No que se refere à cultura do arroz, neste terceiro levantamento de 2010, a produção esperada é de 11,4 milhões de toneladas, 4,8% aquém da registrada em fevereiro. Este decréscimo reflete a contabilização das perdas ocorridas na região central do Estado do Rio Grande do Sul, onde o excesso de chuvas além de causar atraso no plantio e perdas de área, determinou retração no rendimento médio esperado. Por outro lado, os plantios realizados mais tardiamente poderão ser prejudicados por baixas temperaturas na floração.CAFÉ (em grão) - A safra nacional de café em grão, de acordo com o levantamento realizado em março é de 2.654.499 toneladas, ou 44,2 milhões de sacas. Em relação a fevereiro, este número representa um decréscimo de 4,7%. A área total ocupada com a cultura de café apresenta acréscimo em relação ao mês anterior (0,2%), totalizando agora, 2.350.917 hectares. A área destinada à colheita em 2010 é de 2.138.443 hectares, superior à estimativa anterior (0,1%). Os decréscimos apresentados neste mês, em relação a fevereiro, podem ser creditados ao Espírito Santo, que apresenta queda de 18,1% na estimativa de produção e de 18,7% no rendimento esperado, em função das más condições climáticas observadas no sul do Estado, onde é cultivado o café arábica.

Nesta região, o chamado “café da montanha” vem sofrendo com longa estiagem, o que explica os decréscimos. Em Minas Gerais, problemas observados em meses anteriores, como altas temperaturas na Zona da Mata e excesso de floradas no Sul do Estado, causaram prejuízos à lavoura cafeeira, embora esteja mantida a perspectiva de “safra cheia” para todo o País.Feijão (em grão) total - A produção nacional de feijão, considerando as três safras do produto, está avaliada em 3.558.673 toneladas, inferior 4,3% a do levantamento de fevereiro. Essa variação negativa registrada em março é resultado, notadamente, do decréscimo de 7,4% na produção do feijão 1ª safra. A queda nessa safra deve ser creditada, principalmente, ao Nordeste, onde a escassez de chuvas provocou significativas diminuições na produção do Piauí (68,5%), Rio Grande do Norte (16,5%) e Bahia (24,3%) quando comparadas à estimativa anterior.Milho (em grão) Total - A produção nacional do milho em grão em 2010, para ambas as safras, totaliza 52,6 milhões de toneladas mostrando, em março, uma variação positiva de 0,4% sobre o mês de fevereiro.

Com relação a 1ª safra de milho, a produção deverá alcançar 33,5 milhões de toneladas, apontando um pequeno decréscimo de 0,7% frente à estimativa anterior. Esta menor expectativa deve-se aos estados nordestinos, onde a falta de chuvas não está permitindo a semeadura prevista. A participação das principais regiões produtoras para esta 1ª safra, encontra-se assim distribuída: Sul (45,6%), Sudeste (27,2%), Nordeste (13,6%) e Centro-Oeste (9,7%). No que se refere ao milho 2ª safra, a produção deverá alcançar 19,1 milhões de toneladas, 2,6% superior à informação do mês passado. Este incremento deve-se, principalmente, ao acréscimo na área plantada no Mato Grosso, maior produtor dessa safra do produto. Destaca-se que, nesse estado, o rendimento médio neste mês registra um decréscimo de 5,4% por conta de uma menor utilização de tecnologia, tendo em vista os baixos preços do milho praticados no mercado.Soja em grão – Para a soja, em 2010, a produção esperada de 67,3 milhões de toneladas é maior 0,6% que a informação de fevereiro. Este acréscimo se deve a uma reavaliação positiva no rendimento do Paraná e Rio Grande do Sul, onde as condições climáticas permanecem favoráveis nos principais centros produtores. Ressalta-se que no Mato Grosso, 1º produtor nacional, a colheita se encontra bem adiantada. O excesso de chuvas e a incidência de ferrugem não comprometeram muito a cultura, observando-se nesta avaliação uma pequena redução de 1,4% no rendimento médio previsto para o Estado.

Estimativa de março em relação à safra 2009 é positiva para 15 produtos
Dentre os vinte e cinco produtos selecionados, quinze apresentam variação positiva na estimativa de produção em relação ao ano anterior: algodão herbáceo em caroço (6,2%), batata-inglesa 1ª safra (1,3%), batata-inglesa 2ª safra (9,2%), café em grão (9,1%), cana-de-açúcar (1,8%), cebola (5,7%), cevada em grão (11,8%), feijão em grão 1ª safra (14,0%), laranja (4,0%), mamona em baga (85,4%), mandioca (3,6%), milho em grão 2ª safra (11,2%), soja em grão (18,1%), trigo em grão (9,4%) e triticale em grão (9,9%). Com variação negativa: amendoim em casca 1ª safra (9,0%), amendoim em casca 2ª safra (24,3%), arroz em casca (9,6%), aveia em grão (10,0%), batata-inglesa 3ª safra (6,1%), cacau em amêndoa (0,9%), feijão em grão 2ª safra (7,0%), feijão em grão 3ª safra (12,4%), milho em grão 1ª safra (1,1%) e sorgo em grão (0,1%).

A estimativa de março para a safra de café a ser colhida em 2010 é de 2.654.499 toneladas, ou 44,2 milhões de sacas de 60kg do produto em grãos beneficiados. O acréscimo, comparativamente a 2009, é de 9,1%, inferior ao estimado em fevereiro (14,4%). A área destinada à colheita é de 2.138.443 hectares. A área total ocupada com a cultura no País decresce 0,9%, constatação verificada em Minas Gerais, Bahia, Paraná, Rio de Janeiro, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O rendimento médio esperado é 1.241kg/hectares, 9,0% maior que o obtido em 2009, diferentemente dos 14,5% previstos em fevereiro, mas ainda considerando 2010 ano de “safra cheia”.

O acréscimo previsto na produção, em relação à safra 2009, é consequência, principalmente, da particularidade que apresenta o café arábica, espécie predominante no País (70%), de alternar anos de altas e baixas produtividades. O café conilon, por ser mais rústico e cultivado em regiões baixas e quentes, cada vez mais é plantado sob irrigação, o que faz com que esta característica, já quase ausente na espécie, passe, quase sempre, despercebida.

As condições meteorológicas predominantes em 2009 se manifestaram sob forma de chuvas abundantes e constantes durante quase todo o ano, inclusive no inverno, causando, na primavera, um número incomum de floradas, principalmente em Minas Gerais, São Paulo e Paraná. Este fenômeno, aliado a um período de altas temperaturas na Zona da Mata de Minas Gerais, no início de 2010, terão suas consequências melhor avaliadas nos próximos levantamentos. Começa a pesar negativamente a longa estiagem no Sul do Espírito Santo, verificada desde o início do ano, justamente na época de enchimento dos grãos. Ressalta-se que cerca de 30% de toda a produção cafeeira do Estado é de café arábica, que foi o mais prejudicado pelos baixíssimos índices pluviométricos.

As principais culturas temporárias de verão, com ênfase para a soja e o milho, estão com a colheita intensificada, especialmente nas regiões onde o plantio acontece mais cedo. Destaca-se que as baixas cotações que esses dois produtos vem apresentando, tem motivado os agricultores a estocarem suas produções aguardando melhores preços. Os próximos levantamentos continuarão acompanhando a colheita da safra de verão e o desenvolvimento das segunda e terceira safras de alguns produtos, além das culturas de inverno que, devido ao calendário agrícola, tem suas estimativas ainda baseadas em projeções.

1. Em atenção a demandas dos usuários de informação de safra, os levantamentos para Cereais, leguminosas e oleaginosas, ora divulgados, foram realizados em estreita colaboração com a Companhia Nacional de Abastecimento - Conab, órgão do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA, continuando um processo de harmonização das estimativas oficiais de safra, iniciado em outubro de 2007, para as principais lavouras brasileiras.
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Fonte:
DCI, IBGE

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