Nova medida para setor do trigo entra em vigor em 2011

Publicado em 13/04/2010 13:39
Dentro de 90 dias deve ser editada a instrução normativa com o texto que redefine as classificações de qualidade do trigo brasileiro. A nova portaria, que cobra dos produtores um grão de melhor qualidade, só valerá a partir de 1º de julho do ano que vem. "É para dar prazo aos produtores em se enquadrarem aos novos critérios exigidos", explicou Lawrence Pih, presidente do Moinho Pacífico. De acordo com Pih, o setor agrícola acredita que o prazo é dilatado. "Por que dilatar tanto [tempo do novo padrão] se há demanda para atender? Acho que poderia adiantar", indagou.

Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a norma aumentará a produção e deve levar o País a uma colheita de até 7 milhões de toneladas de trigo por ano nas próximas safras, aproximadamente 70% do consumo interno. Além disso, a portaria aumentará a diferença entre o valor pago pelo trigo de melhor qualidade, que é usado na fabricação de pães, e os demais, para bolos, biscoitos e outros produtos.

Pih falou ao DCI que, de fato, as novas regras tornam o mercado melhor. "Depende do produtor que será obrigado a produzir trigo de melhor qualidade", afirmou. O executivo disse que, atualmente, não há critérios adequados e, por isso, quem produz trigo com as normas atuais, não segue padrões de qualidade.

"Será revolucionário porque o produtor planta o que quiser. Agora, ele terá que atender às necessidades do mercado e o governo pede justamente que o produto seja qualitativo".

Outra especificação da medida é que, em 2015, haverá uma classificação mais rigorosa quanto ao cereal. Segundo o executivo, o trigo só estará totalmente adequado em 2016.

Para Antenor Barros Leal, conselheiro da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), é importante que o grão abasteça não só ao mercado interno, mas também ao externo. "A expectativa é que o País se equipare à Argentina, que atende ao [mercado] interno e é exportador", diz.

O conselheiro, assim como o presidente do Moinho Pacífico, está preocupado com a produção do cereal. "A portaria é indutora, pois cobra: qualidade, quantidade e produção. É ideal que [trigo] tenha previsibilidade, assim como a soja e a carne, referências brasileiras no exterior", afirma.

Consumo

Na última década, o Brasil produziu uma média de 4,5 milhões de toneladas de trigo, por ano. Os brasileiros consomem pouco mais de dez milhões de toneladas, e o País importou 55% do cereal, atingindo o pico de 78% na safra 2006/2007. Além dessa defasagem, somente 50% da farinha derivada do trigo colhido é destinado para a fabricação de pão, enquanto a proporção total destinada a esse fim é de 65%.

De acordo com Antenor Barros, o consumo de dez milhões de toneladas é baixo. "A Argentina consome o dobro. Eles estão na casa dos 20 milhões de toneladas", afirmou.

Questionado pelo DCI se a medida poderia aumentar o custo do produto no Brasil, o conselheiro respondeu: "Não há essa hipótese. É uma commodity e pode aumentar ou baixar [preço], depende do mercado. O importante é estar no mercado", completou.

Pih acredita que o valor não seja repassado ao mercado interno. "O produtor gastará um pouco mais, mas a rentabilidade final será de um balanço positivo." O executivo atribui esse fator, uma vez que o governo já estabeleceu o preço mínimo de compra.

O produtor José Dias, da Coopermta - localizada próxima à região de Assis - disse que o setor está desestimulado. "Na verdade, está sem incentivo do governo e parece sem política para o segmento do trigo", falou Dias.

Segundo o produtor, deve-se melhor logo o cenário agrícola, para o setor não ficar tão dependente do mercado internacional. "Ano passado, o País, além de importar muito, ainda foi prejudicado com o excesso de chuvas", afirmou Dias.

Há cerca de um ano, foram definidos os preços mínimos de R$ 441 por tonelada do trigo tipo brando (considerado de pior qualidade), de R$ 530 a tonelada para o tipo pão e de R$ 555 a tonelada para o tipo melhorador. Durante a safra 2008/2009, o governo gastou mais de R$ 533 milhões de reais para subsidiar o trigo.

Atualmente, a classificação utilizada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a aquisição de trigo é a mescla entra grãos. Quando um trigo de boa qualidade é misturado a um de baixa, o volume passa a ser classificado com o padrão inferior, desvalorizando o produto. O objetivo, agora, é que a nova medida faça com que o produto seja equiparado ao panorama internacional.

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Fonte:
DCI

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