Faep tentar reverter decisão sobre preço mínimo do trigo
Para Pedro Loyola, economista da Faep, a medida deveria ter sido tomada antes do início do plantio da cultura. ''Existem regras para se fixar os preços mínimos e o governo não levou isso em conta. O setor foi pego de surpresa'', lamentou, destacando que o trigo está na safra 2010, que o governo já anunciou o plano safra 2010/11 e nenhum preço mínimo foi reduzido. Loyola ressaltou que a redução de preço mínimo é descabida se for levado em conta que o custo operacional do trigo no Paraná, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), é de R$ 32.
''Ao invés do governo trabalhar para estimular o setor, com melhor infraestrutura de escoamento da safra, por exemplo, trabalha contra nós'', reclamou. Segundo o economista da Faep, alguns produtores que ainda não plantaram o grão entraram em contato com a entidade e adiantaram que se a medida não for revertida não vão produzir trigo este ano.
Cenário pior
Se isso ocorrer, o cenário de produção do grão no Estado só tende a piorar. Este ano, segundo a Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab), até o momento a área de plantio do grão sofreu redução de 13% em relação ao ano passado, passando de 1,3 milhão de hectares para 1,14 milhão. A produção tem expectativa de crescimento, já que no ano passado, por conta de problemas climáticos, as perdas foram altas. A previsão é colher 3,06 milhões de toneladas, cerca de 30% a mais que 2009. O Paraná produz mais de 50% do volume brasileiro.
Além de colocar as questões ilegais da medida, o comunicado da Faep encaminhado ao governo federal, incluindo o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, aponta as dificuldades e necessidades do setor. Na nota, a entidade reclama que os produtores sempre atenderam aos pedidos do governo federal para aumentar a produção do cereal, mas nunca foram recompensados devidamente por isso. Além disso, aponta que desde 2009 o preço pago aos produtores de trigo é humilhante, hoje está em média R$ 23,02 a saca de 60kg, conforme a Secretaria da Agricultura do Estado do Paraná (Seab).
E para agravar a situação, a federação levanta que os produtores e cooperativas paranaenses ainda não receberam R$ 290 milhões do trigo que foi vendido ao governo federal via Aquisições do Governo Federal (AGF) ou na modalidade de Prêmio de Escoamento da Produção (PEP). Os atrasos chegam a mais de seis meses. As cotações internas do grão não reagiram e o Paraná tem 500 mil toneladas de trigo encalhadas sem comercialização.
Portaria
A portaria ainda não foi publicada, mas conforme o comunicado do Mapa começa a valer a partir de 1º de julho. Os preços mínimos que serão adotados na região Sul durante a safra 2010/2011 vão variar de R$ 19,20 - o trigo brando tipo 3- a R$ a 29,97 - o trigo melhorador tipo 1. Apesar da queda, em nota enviada na quarta-feira pela assessoria do Mapa, o ministro descartava impacto negativo no setor, pois o preço continua em nível superior ao praticado nas principais regiões produtoras de trigo no Brasil. ''O valor é quase 50% acima do que é pago no Paraná e não é possível manter essa situação. O agricultor não pode produzir para entregar ao governo, mas ao mercado'', disse Rossi.
Loyola frisou que a federação aguarda uma resposta imediata do governo federal. O economista acrescentou que a Faep fará tudo o que for possível para reverter essa decisão. ''Se não for possível resolver de forma amigável, vamos entrar na justiça'', reforçou.
Como fica
Os preços mínimos do trigo do Sul vão variar de R$ 19,20 (o trigo brando tipo 3) a R$ a 29,97 (o trigo melhorador tipo 1) durante a safra 2010/2011
O custo operacional do trigo no Paraná é de R$ 32, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab)
Até o momento a área de plantio do grão já contabiliza redução de 13% em relação ao ano passado, passando de 1,3 milhão de hectares para 1,14 milhão.
A produção, entretanto, tem expectativa de crescimento de 30%, já que no ano passado, problemas climáticos pomoveram perdas elevadas. A previsão é colher 3,06 milhões de toneladas
O Paraná produz mais de 50% do volume brasileiro