Arroz: Agosto inverte tendência e preços entram em queda

Publicado em 24/08/2010 09:52
Depois da estabilidade inicial e uma alta superior a meio ponto percentual, as cotações do arroz em casca no Rio Grande do Sul entraram em declínio na terceira semana de agosto. Nem mesmo uma alta próxima de 10% nos preços de alguns players internacionais interferiu no ambiente interno. R$ 500 milhões em EGFs trazem esperança

As cotações do arroz em casca no Rio Grande do Sul entraram em declínio na terceira semana de agosto, sinalizando um fechamento de preços no vermelho neste mês. Os valores vinham em alta, com o impulso do acúmulo de fatores positivos em julho: a retração da oferta interna, prorrogação de custeios e um desempenho das exportações acima do esperado para os primeiros meses do ano/safra. Os preços no Rio Grande do Sul são determinantes para o Brasil, pois o Estado representa mais de 60% da produção brasileira e localiza-se no centro do Mercosul, onde, juntamente com Santa Catarina, está mais de 80% da oferta de produto de qualidade ao mercado Brasileiro.

Se em julho as cotações alcançaram reação de 3,1%, nesta segunda-feira, 23 de agosto, o indicador Cepea/BVMF indica preços médios de R$ 27,34 para a saca de 50 quilos de arroz em casca (58x10) no Rio Grande do Sul, colocada na indústria. O valor acumula 0,41% de desvalorização no mês. Na semana passada a média foi de R$ 27,49 ou US$ 15,64 por saca, nas cotações da sexta-feira (20/8). A retração indica cerca instabilidade na projeção futura do mercado, com o vencimento de custeio acumulando para o final do ano.

Durante a posse, para o segundo mandato consecutivo de três anos, do presidente da Federarroz, Renato Rocha, o Banco do Brasil surpreendeu o setor produtivo e anunciou, a pedido da federação citada, R$ 500 milhões para EGFs. Esses valores serão suficientes para a quase totalidade dos produtores pagarem o custeio, usando o mesmo certificado de depósito, e alongarem seus débitos para 2011. São 180 dias para pagar a partir da contratação. A medida, que para o momento parece oportuna, no entanto oferece seus riscos.

Além dos custos financeiros do empréstimo, parte da safra atual será jogada para comercialização em 2011 junto com a próxima safra, ampliando o estoque privado. Esse produto que não entra no mercado, abre também a oportunidade para a entrada de arroz importado em maior volume, para circular na indústria e no varejo, e compromete parte da já baixa capacidade de armazenagem do setor, principalmente nos armazéns credenciados e públicos gaúchos.

A alta do mercado internacional é uma realidade. Alguns padrões de arroz de players internacionais chegaram a subir perto de 10% em 30 dias, mas o efeito no mercado interno brasileiro ainda é muito baixo. Isso porque os valores praticados pelo Mercosul se mantiveram estáveis e nos níveis próximos – e até abaixo – da média de preços de matéria-prima brasileira, ou mesmo de arroz beneficiado. Há, contudo, uma expectativa de que uma alta sustentada para patamares mais próximos dos 500 dólares a tonelada de arroz na Tailândia e no Vietnã, vitamine as vendas brasileiras, o que refletiria no mercado interno pelo aumento de demanda de matéria-prima. A situação, no entanto, ainda está no campo das conjecturas.

Mercado

Nesta última semana os preços médios das cotações de arroz alcançaram o referencial de R$ 26,75 a R$ 27,00 na maioria das praças gaúchas. Nos pólos industriais de Pelotas, Camaquã, Itaqui e Uruguaiana (RS) a referência de preços para a saca de 50 quilos de arroz em casca (58x10), fica entre R$ 27,50 e R$ 28,00, dependendo da negociação de cada produtor e indústria.

Espera-se que com o anúncio de EGFs para rolar a dívida de custeio, muitos produtores deixem de ofertar nesse momento, gerando uma leve reação no mercado na próxima quinzena. Para agosto, os especialistas apostam num mercado com ligeira baixa, talvez alcançando a estabilidade se houver uma sinalização mais positiva até o final do mês referente aos EGFs e ao mercado internacional, afetado pelas severas perdas por razões climáticas na Ásia.

Preços

A Corretora Mercado, de Porto Alegre (RS), indica o arroz beneficiado em sacas de 60 quilos na cotação de R$ 57,00 (sem ICMS). Para a saca de 50 quilos de arroz em casca, a empresa aponta a média gaúcha estabilizada em R$ 27,00. Entre os derivados os preços se mantêm: canjicão superior (60kg) alcança R$ 28,00, a quirera R$ 20,00 e a tonelada de farelo de arroz R$ 220,00 (CIF).

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Tags:
Fonte:
Planeta Arroz

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário