Arroz: Cotações referenciais mantêm alta

Publicado em 10/08/2011 08:08
Apesar da alta mantida pelos indicadores, no mercado livre a elevação perdeu fôlego. Principalmente porque o varejo está segurando o repasse da indústria e represando a recuperação dos preços também ao produtor. Melhor para o consumidor

A alta artificial dos preços médios do arroz em casca no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, bancada pelos mecanismos de comercialização do governo federal, visando o patamar de R$ 25,80 por saca de 50 quilos, está gerando um curioso fenômeno no mercado: o descolamento entre as cotações indicadas oficialmente e os preços realmente praticados no mercado livre.

O Indicador do Arroz Esalq/Bolsa Brasileira de Mercadorias-BM&FBovespa, que subiu 12,76% em julho, para a saca de 50kg (58x10), colocada na indústria, encerrou o mês de julho cotado a R$ 22,89, no nível de janeiro de 2011. Até esta terça-feira (09/08), a alta acumulada pelo indicador oficial de preços do arroz em casca foi de 3,8%, para R$ 23,76. Este indicativo considera o preço médio da saca colocada na indústria (frete excluso). Em dólar, a saca equivaleria a históricos US$ 14,17.

No mercado livre, porém, o arrozeiro gaúcho muito raramente está conseguindo alcançar preço de R$ 22,00. Isso porque há uma natural retração da oferta, aguardando mais leilões que pressionem a elevação de preços para um patamar mais próximo do preço mínimo de garantia de R$ 25,80, mas por outro lado, existe uma pressão muito grande do varejo nacional, que não está aceitando o repasse dos custos da matéria-prima, mais cara, ao produto beneficiado transformado pelas indústrias.

Por enquanto, o impasse é bom para o produtor, que não vê os preços médios do arroz ensacado elevar-se tão drasticamente nas gôndolas dos supermercados, como chegaram a alardear alguns representantes do setor comercial. Por outro lado, a indústria consome suas “gorduras”, achatando suas margens, e segue pressionada entre a falta de oferta do produtor e o varejo não querendo pagar o preço indicado por carga. E busca escoar produto para a exportação, via PEP.

Ao mesmo tempo, ampliou-se o movimento da indústria gaúcha (e catarinense) por arroz em casca e beneficiado uruguaio e argentino para repassar aos mercados brasileiros. Preços menores que os praticados internamente são cobrados pelo produto colocado nas fronteiras destes países com o Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Isso achata também os preços em Santa Catarina, que estão até R$ 2,00 abaixo dos praticados no Rio Grande do Sul, segundo as corretoras gaúchas, na faixa de R$ 21,00 a saca de 50 quilos (58x10).

Esta semana a divulgação das regras de prorrogação de dívidas trouxe más notícias aos arrozeiros. Os débitos já vencidos não foram contemplados e há uma série de regras que não são claras na redação da norma. O setor já está buscando a solução, mas trata-se de mais um fator que inquieta os arrozeiros.

A boa notícia é que em julho o Brasil exportou quase 200 mil toneladas contra a importação de 92 mil, do Mercosul. Até o momento, foram superadas as 650 mil toneladas vendidas ao exterior em todo o ano passado, e apenas se passaram 5 meses. Mantida a média, o Brasil poderá chegar a mais de 1,3 milhão de toneladas exportadas, volume suficiente para garantir uma redução importante nos estoques internos.

Os analistas mantêm a expectativa de alta na próxima semana, mas mantendo este perfil “descolado” entre indicador Cepea e preços realmente pagos ao produtor.
MERCADO

A Corretora Mercado, de Porto Alegre, indica preços médios do arroz e seus derivados em alta na última semana. A saca de arroz de 50 quilos, em casca, passou para R$ 23,30, enquanto o saco de 60 quilos de arroz beneficiado - sem ICMS – manteve-se no patamar de R$ 46,00. Entre os derivados, a expectativa de um leilão de arroz de baixa qualidade para ração animal manteve estável o preço da tonelada de farelo, em R$ 270,00. O canjicão valorizou R$ 2,00 para R$ 34,00 por saca de 60 quilos (FOB/RS). A quirera, também em 60 quilos, valorizou R$ 1,00 para R$ 30.00.

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Fonte:
Planeta Arroz

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