Colheita do pequi é encerrada com festa
Publicado em 23/03/2010 08:35
Com programação diversificada, municípios se reuniram na Serra do Araripe para a festa da colheita do pequi
Jardim. Missa, pega de boi e 48 horas de forró. Com esta programação, foi encerrada a colheita de pequi, em cima da Serra do Araripe. O evento, que reuniu catadores de pequis dos municípios de Jardim, Barbalha, Porteiras e Missão Velha, foi realizado, no "Rancho dos Pequizeiros", na margem da estrada que liga a cidade de Jardim à Barbalha, ao lado da Floresta Nacional do Araripe.
O organizador da festa - que durou dois dias -, Pequim Roriz, definiu o evento como um encontro de confraternização do Cariri e, principalmente, um momento de alegria para os pequizeiros que, depois de três meses, vivendo em acampamentos, em cima da serra, terminam o trabalho num clima de religiosidade e confraternização. A festa é uma reunião social.
Devido a pouca quantidade de pequi, o fruto já não é visto com em fartura, só misturado com a comida.
A instalação dos catadores em cima da serra começa no mês de janeiro. Ali, se reúnem mais de dez famílias, que passam três meses morando em barracos cobertos de plástico. A cata do pequi, que é vendido na beira da estrada, é a única fonte de renda destas famílias. Eles terminam a safra de barriga cheia, porque não falta baião-de-dois com pequi na alimentação, e ainda sobra um pouco de dinheiro no bolso, resultante da comercialização.
Este ano, a safra foi menor do que a do ano passado. O líder sindical, João Antônio Bernardino, que faz parte da Associação dos Catadores de Pequis, diz que a falta de chuvas prejudicou a colheita. Ele calcula que houve uma redução de 30%. O preço do cento de pequi variou de R$ 1,00 a R$ 10,00. O valor acompanha a oferta. No começo e no fim da safra do pequi, o preço sobe.
O mesmo ocorre com o óleo de pequi, que é feito da amêndoa do fruto. Bernardino, que já esteve na Europa divulgando o óleo de pequi, levado por uma Organização Não Governamental, diz que, este ano, não há perspectiva de exportação do óleo. O preço do litro, portanto, está em torno de R$ 15,00.
Uma das atrações este ano, além dos shows com Flávio Leandro, "Forró Direito", "Nordestinos do Forró" e os "Três do Cariri", que tocaram durante os dois dias, foi a "pega de boi", um esporte que vem se tornando popular no Cariri por ser o resgate das festas de apartação que deram início às vaquejadas. Na pega do boi, o animal é solto dentro da mata para ser derrubado, encaretado pelo vaqueiro que, vestido com gibão e perneira, leva o boi como prêmio.
Tradição
Nas fazendas de antigamente e também em cima da Serra do Araripe, o gado era criado solto em capoeiras e caatingas. A cada temporada ou fim de estação, os fazendeiros organizavam o que eles chamavam de "pega de boi". Uma festa onde se reuniam todos os vaqueiros da região para pegar o gado que vivia solto e que seria marcado a ferro, castrado e conduzido para áreas onde os pastos existissem em maior abundância.
Essa tarefa era difícil. Os animais viviam em áreas de mato fechado, cheias de espinhos e, também, galhos secos. O exercício de capturar o boi no mato exigia do vaqueiro extrema perícia e coragem.
A festa do "Rancho dos Pequizeiros", que antes era restrita apenas aos catadores de pequis, se tornou um evento regional, com a participação de representações das maiorias dos municípios do Cariri. A estudante Isabel Munique, que já foi rainha da Vaquejada de Missão Velha, destacou a festa dos pequizeiros como um acontecimento diferente pelo fato de ser realizado em cima da Serra do Araripe, em contato com a natureza.
Safra
"A falta de chuva prejudicou a safra de pequi. A perda foi de 30%"
João Antônio Bernardino
Diretor da Associação dos Catadores de Pequis
"A festa da colheita é um acontecimento diferente, um contato com a natureza"
Isabel Munique
Ex-rainha da Vaquejada de Missão Velha
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Fonte:
Diário do Nordeste
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