Setor citrícola ainda enfrenta dias complicados, com desânimo por parte dos produtores
O setor citrícola ainda enfrenta dias complicados. Em pleno período de colheita, as indústrias estão fora das compras porque carregam grandes estoques de suco de laranja e têm pouco interesse em adquirir matéria prima. Os produtores estão com os pomares carregados sem nenhuma expectativa de venda. Os poucos que conseguem encaixar a produção nas linhas de processamento das indústrias recebem menos de sete reais pela caixa de 40,8 kg, sem nenhuma garantia de renda. O produtor Antônio José Magalhães Mello, de Cafelândia (SP), relatou que há casos em que as caixas de laranja são vendidas a R$3,00. Sem perspectivas e sofrendo com a falta de notícias sobre o processamento da nova safra, Mello vê muita insegurança no setor. "A gente não vê uma luz no túnel. A gente gosta de citricultura. O coração da gente vai se partindo e perdendo as forças para continuar na atividade", desabafa o produtor.
Segundo José Teófilo, consultor do Grupo de Consultores em Citros (GCONCI), sem alternativa o citricultor tem que contar com as vendas da fruta no mercado in natura. A expectativa é que o consumo fique mais aquecido com a melhora no clima, estimulando a demanda do suco de laranja por parte do consumidor, ajudando o setor a reagir. No entanto, o mercado interno, baseado no levantamento do Ceagesp, absorve apenas cerca de 40 a 60 milhões de caixas. Para esta safra, a estimativa de produção, segundo a CitrusBR, é de 268,35 milhões de caixas. Vale destacar que esta safra é 30,4% menor em relação ao ciclo anterior, no qual a produção foi de 385 milhões de caixas. As frutas possuem um rendimento inicial baixo, uma vez que contaram com baixa concentração de suco. Houve ainda bastante queda de frutas, o que fez com que a colheita também fosse menor.
E os problemas na produção podem se prolongar para a próxima safra e complicar ainda mais a atividade do produtor. As chuvas verificadas no início do inverno podem descontrolar a florada, comprometendo a qualidade e a produtividade dos pomares.
Os citricultores brasileiros precisam agora ficar atentos à safra nos EUA. Para a próxima safra, o mercado espera por informações da produção da Flórida, cuja estimativa foi reduzida para 133,3 milhões de caixas, como mostrou o último relatório do USDA. Com esta redução, haverá uma necessidade maior de compra do suco brasileiro, o que poderá vir a reduzir os estoques nas indústrias. O analista de mercado Mauricio Mendes, da Informa Economics, aponta que esta redução, aliada a informação sobre as floradas irregulares, podem estimular alguma alta. Atualmente, o produtor tem cerca de 40% a 50% de prejuízo em relação ao custo de produção nas vendas.
Com o objetivo de procurar soluções para o pagamento das dívidas dos produtores no próximo ano, um dos problemas que mais preocupam nesta safra, a Câmara Setorial da Citricultura se reúne nesta quinta-feira (01) para acertar os últimos pedidos a serem levados em uma reunião com o Ministro da Agricultura, Antonio Andrade, que será realizada no período da tarde. A Câmara deve reivindicar a aprovação das medidas que já foram adotadas em outras safras e agora precisam ser implementadas com urgência para tentar resolver a crise do setor. Entre os pedidos a serem feitos ao ministro, está a inclusão da laranja no Programa de Preço Mínimo do governo(PGPM). O presidente da Câmara e também presidente do sindicato rural de Taquaritinga (SP), Marco Antonio dos Santos, reforçou a dificuldade do setor apresentada pelo produtor.
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