Consumo de suco de laranja recua ‘uma safra e meia’ em dez anos

Publicado em 22/07/2015 12:00
Dados divulgados pela CitrusBR e Departamento de Citrus da Flórida mostram acentuação na queda de consumo

O mercado de suco de laranja recuou 15,2% entre 2004 e 2014, segundo estudo recém divulgado pela Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos e é o menor nível observado no período. Dez anos atrás o mundo consumiu 2.412.000 toneladas de suco concentrado (FCOJ equivalente 66º Brix), enquanto em 2014 o número caiu para 2.042.000 a diferença representa 370 mil toneladas do produto ou 92,5 milhões de caixas que deixaram de ser consumidas na forma de suco apenas em 2014. No total acumulado, levando em consideração o consumo do ano de 2004 como referência, o mundo deixou de consumir 1,8 milhão de toneladas ou 450 milhões de caixas de laranja. O número corresponde à totalidade da safra corrente, estimada em 279 milhões de caixas mais 60%. “O mundo deixou de consumir nesse período mais de uma safra e meia”, explica o diretor-executivo da CitrusBR, Ibiapaba Netto.

O estudo, que foi elaborado pela consultoria Markestrat tendo como base dados dos sistemas Tetra Pak Compass, Euromonitor, Planet Retail e USDA, este último apenas para o mercado americano, observa os 40 principais mercados que representam 99% do consumo mundial. O caso mais grave é o dos Estados Unidos que no período caiu 1,080 milhão de toneladas para 688 mil toneladas, uma perda 392 mil toneladas. “O problema só não foi maior porque nesse período a oferta de fruta na Flórida diminuiu drasticamente e os americanos têm importado mais suco do Brasil”, explica. No ano safra que se encerrou em junho passado, os embarques para os EUA aumentaram 14%, subindo de 213.294 toneladas para 243.734 toneladas. “Infelizmente temos vivido dos problemas da Flórida”.

Ao se observar o consumo por regiões, é possível perceber que a América do Norte (incluindo Canadá) recou 25%; Europa 15% e Oceania 5%. Por outro lado, a Ásia avançou 23%; América Latina cresceu 85% e Oriente Médio 88%. Na soma Brics mais México o incremento no consumo foi de 66% enquanto o resto do mundo perdeu 66%. “O problema é que mesmos que esses avanços sejam significativos do ponto de vista percentual, a quantidade de suco é muito pequena nos países emergentes”, explica Netto. Apenas a título de comparação, no período de 2004 para 2014, o consumo anual dos Brics mais México saltou de 175.000 toneladas para 293.000 toneladas. Enquanto isso, no mesmo espaço de tempo, o resto do mundo caiu de 2.297.000 toneladas para 1.749.000 toneladas. “Ainda hoje o consumo dos Brics mais México é apenas 16% do que o resto do mundo consome e precisamos lembrar que a Europa leva 70% de nossa produção e os Estados Unidos, 21%”, explica.

SOLUÇÕES

A queda no consumo nos principais mercados mundiais tem implicações diretas para indústrias e produtores brasileiros. Hoje o Brasil responde por cerca de 57% da produção mundial de laranja e, aproximadamente, 81% do comércio internacional. “Isso funciona como um grande ‘sucoduto’”, avalia Netto. “Toda vez que o consumo diminui nos principais mercados, sobra produto aqui no Brasil”. Essa é razão, pondera o executivo, pela qual os estoques de suco de laranja se acumularam por mais de três anos e apenas agora começam a ceder. “A crise pela qual passou a citricultura nos últimos anos, é uma crise de demanda”.

Para lidar com a questão, duas saídas estão sendo estudadas. A primeira é um vigoroso projeto de marketing em parceria com a Associação Europeia de Sucos de Frutas (AIJN, sigla em francês) para impulsionar as vendas no mercado externo. Como o projeto depende da aderência das empresas que compram o suco brasileiro, ainda não há prazo para que o projeto saia às ruas. O segundo e mais viável é a desoneração no preço final do suco de laranja, isentando o varejo de recolhimento de PIS/Cofins e ICMS. Com o preço correto na prateleira a CitrusBR estima uma demanda adicional de cerca de 50 milhões de caixas por ano apenas para atender o Brasil. “Sabemos que o momento é complicado por causa do ajuste fiscal, mas temos conversado com o governo e acreditamos que no momento adequado, podemos conseguir esse benefício que tanto ajudará a indústria e o citricultor”, afirma. 

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Fonte:
CitrusBR

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