Doença e preço reduzem safra de laranja

Publicado em 24/11/2010 06:53
O que era um temor do setor citrícola se confirmou: a produção de laranja na região de Ribeirão Preto recuou 17,5% na atual safra em comparação à anterior. A região é o maior parque citrícola do Estado de São Paulo, com cerca de 30% da produção.

Houve queda também no Estado, mas em proporção menor: 11,7%.

Isso ocorreu, principalmente, por causa da erradicação de pés em produção devido ao surgimento de doenças como o "greening".

Também influenciou a desistência de produtores, desestimulados com os baixos preços da fruta.

Nos seis EDRs (Escritórios de Desenvolvimento Rural) da região, o total de pés em produção foi de 66,83 milhões na safra 2009/10, ante 68,99 milhões da safra anterior. Os dados são do IEA (Instituto de Economia Agrícola), órgão da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento.

Essa diferença, de 2,15 milhões de pés, significa que, por dia, 5.902 pés de laranja deixaram de produzir na região. A queda foi de 17,5%, passando de 109,24 milhões de caixas de 40,8 quilos da safra anterior para 90,12 milhões na atual.

No Estado, a produção caiu de 360,78 milhões de caixas para 318,63 milhões (11,7% a menos). São Paulo responde por cerca de 80% da produção nacional.

No EDR de Barretos, maior produtor do Estado por incluir Bebedouro, a queda foi de 3,48%. Só para ter uma ideia, na área quase 1 milhão de pés de laranja foi arrancado entre uma safra e outra.

Para a pesquisadora do IEA Priscila Fagundes, a redução ocorreu por causa da contaminação dos laranjais pelo "greening" e por outras doenças cítricas, como a tinta preta e a estrelinha. "Os problemas sanitários, associados aos problemas climáticos ocorridos na safra, geraram a redução na região."

Priscila afirmou que o aumento nos custos de produção também levou citricultores a desistir da atividade.

ESPAÇO PARA A CANA

Foi o que aconteceu com Otto Henrique Mahle Neto, 36, de Bebedouro. Seu avô, Otto Henrique Mahle, já foi considerado o maior produtor de laranjas do mundo, ao colher 1,5 milhão de caixas nas décadas de 1950 e 1960. Atualmente, a produção da família não ultrapassa 300 mil caixas.

"Reduzimos a produção por causa da instabilidade da laranja. O surgimento das doenças e a falta de controle, além do preço ruim, desestimularam nossa produção e resolvemos migrar para a cana-de-açúcar. Hoje, temos 60% de cana e o restante de laranja", disse.

Para o presidente da Associtrus (Associação Brasileira de Citricultura), Flávio Viegas, a desvalorização da laranja pela indústria é a principal causa da redução do plantio na região. "A indústria impõe um preço muito baixo, que, diante dos custos de produção, acaba inviabilizando a produção", disse.

Como agravante, ele cita a presença das doenças nos pomares. "O governo tem de atuar contra tudo isso, para que a citricultura não sofra ainda mais prejuízos como os registrados atualmente", afirmou Viegas.

O presidente do Sindicato Rural de Bebedouro, José Osvaldo Junqueira Franco, faz coro aos colegas: a ocorrência de doenças nos citrus e os baixos preços de mercado desestimulam os produtores.

Na cidade, segundo ele, a laranja deixou de ser a principal cultura para dar espaço à cana-de-açúcar. "Tínhamos 45 mil hectares de laranja em produção. Agora, esse número não passa de 17 mil hectares", disse.

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Tags:
Fonte:
Folha de São Paulo

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário