Renda do produtor brasileiro é comprometida pela ineficiência logística

Publicado em 21/03/2013 12:18
Os gargalos logísticos no Brasil têm afetado o escoamento da safra 2012/13 de soja, e comprometido a rentabilidade dos produtores rurais. Na quarta-feira (20), em entrevista à rádio CBN, o diretor geral da ANEC (Associação Nacional dos Exportadores de Cereais), Sérgio Mendes, afirmou que essa crise nos portos do país que prejudica as exportações da produção já era uma “tragédia anunciada”.

O diretor sinaliza que a situação logística brasileira é uma velha conhecida dos agricultores, no entanto, o quadro se agravou com a produção de mais de 80 milhões de toneladas nesta temporada. “Estamos falando de volumes expressivos, o milho, por exemplo, passou de 11 milhões para 22 milhões de toneladas. Já os embarques da soja devem somar mais de 39 milhões de toneladas, enquanto, que em anos anteriores o número era de 30 milhões de t. Então, temos um crescimento de cerca de 30%”, explica Mendes.

Paralelo a esse quadro, os custos da safra também aumentaram, principalmente, os fretes uma vez que cerca de 50% da produção brasileira é transportada por caminhões. O valor médio ponderado do frete brasileiro era de US$ 81 por tonelada em 2011, atualmente, o número é de US$ 98. O aumento é decorrente da nova Lei do Caminhoneiro (12.619/12), que regulamenta o tempo de direção e descanso dos motoristas.

“Nossos custos são cerca de US$ 70 por tonelada superior aos valores praticados em outros países como EUA e Argentina. O nosso produtor recebe menos, a renda escorrega pelos vãos dos dedos em função da falta de infraestrutura adequada”, afirma Mendes.

A situação dos portos brasileiros não é diferente, o line-up de navios é grande, na manhã de ontem (20), cerca de 73 navios aguardavam para carregar, porém apenas 4 deles possuíam carga completa e estariam aptos a embarcar. Além disso, o ritmo de chuvas tem prejudicado as operações, especialmente, os embarques pelo Porto de Paranaguá.

De acordo com informações da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) de janeiro até a última terça-feira (19), foram registrados 27 dias de paralisações devido às chuvas. Entre os meses de janeiro e fevereiro foram exportadas pelo Corredor de Exportação em torno de 2 milhões de toneladas de grãos, dos quais, 942 mil toneladas de milho, 512 mil toneladas de soja, 543 mil toneladas de farelo de soja e 31 mil toneladas de trigo, conforme divulgou a administração.

“Devido a essa situação, Chicago corta um prêmio de US$ 18 para o Brasil por tonelada. Então além dos custos do frete, também é descontado mais esse valor da renda dos produtores rurais devido a essa deficiência logística”, destaca o diretor.

Por outro lado, ainda há o demurrage, multa paga pelo contratante quando os navios contratados demoram nos portos mais do que o prazo acordado. No Porto de Santos, os navios esperam em torno de 30 dias para conseguir carregar a soja, e em média cada dia gera multa de US$ 20 mil à empresa contratante.

“Multiplicando esses valores teríamos US$ 600 mil por esses 30 dias de espera. Se dividirmos pela capacidade do navio que é de 60 mil toneladas teremos US$ 10/tonelada que também são descontados do valor pago ao produtor”, relata Mendes.

Frente a esse cenário, as tradings têm diminuído seu ritmo de compras em Mato Grosso, conforme levantamento feito pelo Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária). Cerca de 75,9% as safra 2012/13 já havia sido comercializada até a última sexta-feira (15). Em relação ao mesmo período do ano passado, o volume representa uma queda 4,3%.

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Tags:
Por:
Fernanda Custódio
Fonte:
Notícias Agrícolas

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