Pesquisa indica queda de 26% nas cargas de caminhões no país por coronavírus

Publicado em 26/03/2020 14:26 e atualizado em 26/03/2020 21:32

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O Brasil registrou uma queda de 26% no volume de cargas transportadas por caminhões nos dias 23 e 24 em relação ao movimento normal antes das medidas contra o coronavírus, que determinaram o fechamento de várias empresas e serviços não essenciais, de acordo com pesquisa realizada pela associação de empresas de transporte NTC&Logística.

O levantamento, com quase 600 transportadoras, mostrou ainda queda de 29,8% no transporte de cargas fracionadas, que atendem distribuidores, lojas e supermercados; e redução de 22,9% em cargas lotação, que ocupam toda a capacidade dos veículos, demonstrando desaceleração de setores do agronegócio, do comércio geral e de grande parte da indústria.

Considerando apenas o agronegócio, segmento classificado pelo governo como essencial e isento de restrições, a queda na demanda por transporte é de 11,5%, pressionada mais por produtos perecíveis, como flores e hortaliças, uma vez que o escoamento da safra de soja tem garantido firmeza na procura por caminhões que transportam grãos, disse à Reuters o responsável pela pesquisa, Lauro Valdivia.

"Esse número inclui todos os produtos do agronegócio, não é só grãos. Inclui flores, que parou. Mas a gente sabe que o agronegócio, o transporte de grãos não parou", afirmou.

O Brasil, maior exportador global de soja, está transportando uma safra recorde para os portos, com o mercado internacional, especialmente a China, na expectativa de fluxos constantes neste período de colheita, até porque o país asiático precisa repor estoques enquanto sua atividade industrial é retomada após a crise do coronavírus.

OUTROS SETORES

Em carga de lotação, a pesquisa apontou que maior recuo no transporte de produtos da indústria de embalagens, de 55,3%, seguida por redução na movimentação de produtos da indústria automobilística, que caiu 37,6%, em meio a férias coletivas de várias empresas.

O levantamento indicou ainda redução de 16,2% no transporte de produtos não refrigerados da indústria alimentícia, queda de 20,7% para refrigerados; e de 18,60% para comércio e supermercados.

Valdivia explicou que falta demanda para transporte da maioria dos setores, mas destacou que também há problemas de falta de pagamento, o que faz com a transportadora deixe de realizar novos serviços.

"Tem situações que a gente nem imagina, um grande cliente disse que 'não ia pagar'; aí ou transportador falou, 'se não vai me pagar, não vou retirar cargas", comentou o especialista, explicando que muitos clientes de transportadoras, devido ao fechamento de comércios e empresas, estão sem recursos para honrar pagamentos, mesmo de fretes fechados antes da crise.

Segundo ele, mais de 50% dos clientes estão dizendo para transportadores que não têm recursos para pagar faturas anteriores. "Dizem que não têm condições, não têm caixa, se a quarentena perdurar, isso vai trazer mais problemas."

Ele comentou que os dois principais custos do transportador (combustível e mão de obra) são pagos praticamente à vista, o que deixa as empresas que transportam em situação difícil, se não recebem faturas anteriores.

As limitações para formar cargas fracionadas, de caminhões que transportam produtos essenciais e outros não essenciais, como roupas, também é uma dificuldade do setor.

Entre as soluções seria a postergação de pagamentos de impostos, comentou Valdivia.

"O pessoal está pedindo para prorrogar prazo de pagamentos de impostos, mas, com relação ao volume de cargas, só quando voltar mesmo."

O transporte de produtos do setores químico e agroquímico viu recuo menos acentuado, de 7,9%, enquanto o único segmento que registrou aumento foi a indústria farmacêutica, ainda assim uma alta modesta de 0,84%.

O presidente da NTC&Logística, Francisco Pelucio, ainda ressaltou em nota que há setores que continuam sendo abastecidos. "Não houve recuo na entrega de medicamentos. As farmácias estão sendo atendidas", destacou.

A ideia é de que o índice de transporte seja semanal até o final da crise.

 

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Fonte:
Reuters

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