Manifestações e bloqueios de caminhoneiros pelo país começam a afetar logística do agronegócio

Publicado em 09/09/2021 11:25 e atualizado em 09/09/2021 13:45
No café, cargas no ES não chegam aos portos; granjeiros podem não conseguir sair das granjas e também há atenção para impactos nos combustíveis

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As paralisações de caminhoneiros em pelo menos 15 estados do Brasil nesta manhã de quinta-feira (09), segundo levantamento do Ministério da Infraestrutura, começavam a afetar a logística relacionada ao agronegócio, segundo representantes do setor ouvidos pelo Notícias Agrícolas.

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) trabalha desde o dia 7 de setembro para desmobilizar bloqueios pelo país.

"Não há coordenação de qualquer entidade setorial do transporte rodoviário de cargas e a composição das mobilizações é heterogênea, não se limitando a demandas ligadas à categoria", disse a PRF em uma nota no Twitter.

No café, cargas no Espírito Santo têm tido a chegada aos portos impactada. No caso dos granjeiros, principalmente, no Paraná, animais podem não conseguir sair das granjas, e também há atenção para impactos nos combustíveis (veja a situação detalhada de cada setor abaixo).

Nos portos do Brasil, no geral, o fluxo de chegada dos caminhões seguia normalmente, apesar de bloqueios em rodoviais que dão acesso a esses pontos de escoamento.

O presidente Jair Bolsonaro deve se reunir ainda nesta manhã com representantes dos caminhoneiros.

Na noite de quarta, o presidente já havia enviado áudio pedindo que seus apoiadores desmobilizassem os protestos.

MOVIMENTAÇÃO NOS PORTOS

Por Carla Mendes

Nos principais portos do país as movimentações ainda não foram profundamente afetadas, uma vez que as manifestações já estão se desfazendo em alguns pontos do Brasil. 

De acordo com a Administração dos Portos do Paraná, a movimentação de caminhões tem sido mais baixa nos últimos dias, porém, o ritmo mais lento tem sido atribuído mais ao atual momento do mercado do que às paralisações nacionais. 

"A situação de momento é de pátio com movimento baixo, porém sem bloqueio. 599 caminhões em viagem ao porto. Ontem, passaram pelo pátio e descarregaram 337 caminhões", informou a assessoria de imprensa dos portos paranaenses. 

Até o fechamento desta nota, a equipe do Notícias Agrícolas ainda não tinha resposta do Porto de Rio Grande, de Santos e do Itaqui, mas segue monitorando as atividades. 

O consultor de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze, afirma que há muitas cargas paradas, mas acredita que logo a situação deverá se normalizar sem trazer grandes problemas ao escoamento do restante da safra 2020/21 e, principalmente, sem trazer grandes prejuízos ao início da safra 2021/22. 

"As coisas já estão se resolvendo, os bloqueios estão se levantando e não teremos grandes problemas. Além disso, a maior parte dos insumos para o início do plantio já estão nas propriedades. Hoje e ontem muitos não carregaram já esperando por esse movimento de hoje", relata. 

No Rio Grande do Sul, o quadro é semelhante, segundo a direto da De Baco Corretora, Rita De Baco.

"Muitos motoristas de caminhões estão em casa com receio de viajar, pois o final de semana está próximo. Acredito que estejam evitando o "risco" de ficarem parados em alguns trechos com bloqueios. Talvez comece a retomada do fluxo na segunda, dia 13, mas ainda lento. Claro que são possibilidades dentro da realidade que se escuta, mas nada de certezas", afirma Rita.

Informações levantadas pela corretora dão conta de que o estado gaúcho ainda conta com alguns pontos de paralisação, sendo eles:

- Caxias do Sul (3 pontos de parada);
- Garibaldi (453);
- Panambi (158 e 285);
- Capão do Leão (BR 293);
- Flores da Cunha (122);
- Pantano Grande (290);
- Rio Pardo;
- São Sebastião do Caí (446);
- Cachoeira do Sul (153) - Liberado a cerca de 57 minutos pela PRF
- Camaquã (116)
- 287 Venâncio Aires sentido Sta Cruz bloqueio para caminhões.

CAFÉ

Por Virgínia Alves

No Espírito Santo, a paralisação começa a comprometer as entregas de café tipo conilon. De acordo com Marcio Cândido Ferreira, presidente do Centro do Comércio de Café de Vitória, desde a quarta-feira (09), há relatos de cafés não chegando ao porto, e compras que não estão chegando aos armazéns.

"Caminhões parados e o fluxo bastante afetado, tanto do produtor para os comerciantes e exportadores, como dos armazéns para o porto e também a entrega de conilon para indústria local e também para outros estados já que não estão circulando", comenta.

A condição logística no estado já vem impactando os embarques do conilon há alguns meses, de acordo com Márcio. Apesar de uma safra positiva e de um avanço de 20% nos embarques no em julho, os embarques pelo Espírito Santo são limitados pela infraestrutura do estado e também pelos impasses logísticos que atinge toda a cadeia produtiva do país.

COMBUSTÍVEIS

Por Jhonatas Simião e Andressa Simão

O mercado de combustíveis acompanha de perto as manifestações e bloqueios de caminhoneiros em estradas pelo país. A Refinaria de Paulínia (Replan), maior da Petrobras no país, no interior paulista, chegou a ter pela manhã de quinta-feira (09) seu acesso bloqueado.

Segundo a concessionário Rota das Bandeiras, nos arredores da Replan houve pela manhã uma manifestação de caminhoneiros, mas ela havia sido encerrada ainda pela manhã. A paralisação não afetou tráfego na rodovia Prof. Zeferino Vaz (SP-332).

A assessoria de imprensa da Petrobras foi procurada, mas ainda não retornou aos contatos.

Em informações enviadas na véspera à agência de notícias Reuters, o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) pontuou que estava acompanhando com o Ministério da Infraestrutura e a PRF "bloqueios pontuais" pelo país.

E que não havia, até ontem (08), um problema maior capaz de que impactar o abastecimento de combustíveis.

Em entrevista ao Notícias Agrícolas, Miguel Tranin, presidente da Associação de Produtores de Bioenergia do Estado do Paraná (Alcopar) disse que o estado tinha bloqueios em estradas e que o setor estava atento às movimentações nas cidades paranaenses e pelo Brasil.

"Normalmente, o estoque de combustíveis não é muito grande e tivéssemos esse feriado aí para coincidir com isso [com aumento da demanda], então a continuar essa situação atual poderá haver falta de algumas coisas", disse Tranin.

Nos bloqueios do Paraná, apenas caminhões com produtos perecíveis tinham o trajeto liberado.

GRANJEIROS

Por Letícia Guimarães

A paralisação de caminhoneiros que está afetando, principalmente a região Sul do país - polo de produção de carne de aves e suína -, tem impactado o trânsito de cargas principalmente no Paraná, segundo lideranças do setor produtivo.

Jacir José Dariva, presidente da Associação Paranaense de Suinocultores, relata que há pontos em que os caminhoneiros que estão em protesto proíbem a passagem de qualquer caminhão vazio.

"Dessa forma, os caminhões que entregaram em São Paulo, por exemplo, e estão voltando para cá não vão chegar até as granjas, e há o risco desses animais que precisavam sair acabarem ficando na granja na próxima semana", disse.

Dariva conta ainda que no caso das cargas vivas ou de ração para os animais, há um sistema de "libera e passa" que muda a cada meia hora, permitindo o trânsito de forma controlada.

"Já estamos ligando para todo mundo, alguns caminhoneiros estão irredutíveis, e outros ainda são mais maleáveis e aceitam desmobilizar caso o presidente Bolsonaro consiga alguma coisa. Mais uma vez vai sobrar para quem está produzindo", lamentou.

No Rio Grande do Sul, conforme comentou Valdecir Folador, presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs), as paralisações estão ocorrendo de forma pontual.

"Que eu saiba não tem nada mais complicado. Aqui no Rio Grande do Sul onde eu sei que está ocorrendo paralisação, não fica no fluxo total da produção de suínos e rações, por exemplo, e há conversações de que estariam liberando a passagem de carga viva, rações, etc. A princípio não há relato de complicações maiores, e na minha opinião, isso deve se resolver ainda no dia de hoje (9)", pontuou.

Diferente do Paraná, Santa Catarina não está registrando casos mais complicados como, por exemplo, o impedimento da chegada de caminhões vazios às granjas para carregar.

Segundo o presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), Losivanio de Lorenzi, o setor de proteína animal ainda vai aguardar o desenrolar da situação nos próximos dias.

FEIJÃO

Por Guilherme Dorigatti

Segundo o presidente do Ibrafe (Instituto Brasileiro do Feijão e Pulses), Marcelo Eduardo Lüders, já prevendo possíveis bloqueios nas rodovias, as empacotadoras anteciparam a busca por volumes para antes do dia 6 de setembro e agora têm estoques suficientes para manter o abastecimento por cerca de sete dias, caso a linha de consumo permaneça dentro da normalidade.

O líder no setor destaca que, caso haja uma corrida dos consumidores às gondolas este prazo será encurtado e que os grandes centros devem ser os primeiros a sentirem problemas de desabastecimento, enquanto as regiões menores tendem a enfrentar dificuldades com combustíveis para as entregas antes do término dos estoques.

Veja a ação da Polícia Rodoviária Federal para desmobilização de caminhoneiros em diversos pontos do Brasil:

 

E veja também as últimas informações do Ministério da Infraestrutura

 

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Fonte:
Notícias Agrícolas

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