Mais baixo nível do Rio Paraná desde 1944 compromete e encarece transporte de grãos na Argentina e no Paraguai

Publicado em 13/01/2022 16:09

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O Rio Paraná registrou seu nível mais baixo desde 1944  neste início de janeiro de 2022, sendo este mais um reflexo das condições extremamente adversas de clima na Argentina. O calor intenso, com temperaturas superando os 40ºC e a falta de chuvas expressivas já há meses provocou este fenômeno e, além da quebra que provocou na safra argentina 2021/22 de grãos, ainda causa e intensifica problemas logísticos. 

Rio Paraná com baixo nível-Foto de Marcos Landim RPC
Foto de Marcos Landim/RPC

Onde ainda é possível navegar, as barcaças têm transportado muito menos do que sua capacidade, elevando expressivamente os custos de frete nas regiões onde o rio atende a logística fluvial.

"Os embraques e desembarques nos portos da Argentina rio acima (upriver) estão condicionados ao nível do rio Paraná e a tábua das marés da região. Praticamente este ano inteiro o rio sofreu com a seca e, muitas vezes, vários navios tiveram que esperar por dias pelos "momentos" em que o calado estivesse apto para navegar. Não tendo muito, os navios são carregados com menores quantidades e absorvendo um enorme prejuizo", explica Gustavo Daniel Witis, responsável pela execução de contratos Comex da Agrinvest Commodities.

Witis explica que já há pontos do rio, como é o caso de Recalda - entrada do rio onde os práticos assumem a pilotagem rio acima - em que cerca de quatro navios já esperavam há cinco dias por uma chance para subir o rio e então descarregar suas mercadorias. E lembra ainda que além do tempo de espera, há ainda o chamado "dead freight" ou frete morto, que é "quando se contrata o navio já sinalizando a quantidade aproximada a ser transportada, mas ao se carregar menos do que o mínimo, o vendedor tem de pagar uma compensação.

"A previsão é que melhore um pouco a partir de fevereiro, torcendo para que as chuvas venham e o calado do rio aumente", diz o executivo. Todavia, especialistas ouvidos pela imprensa argentina acreditam que tais baixos nívieis do rio Paraná poderiam ser vistos, pelo menos, até março. 

Até que a situação se normalize, ainda de acordo com o representante da Agrinvest, uma das alternativas serria embarcar pelos portos mais ao sul, como os de Bahia Blanca e Necochea, porém, os custos para levar as cargas até lá são inviáveis neste momento. 

PREVISÃO DO TEMPO PARA A ARGENTINA

Por Virgínia Alves

Segundo dados atualizados pela MetSul nesta quarta-feira (12), os modelos meteorológicos continuam indicando calor muito intenso na Argentina nos próximos dias. Os mapas mostram temperaturas de até 45ºC em várias províncias no país vizinho, aumentando ainda mais as preocupações climáticas para a produção agrícola. 

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O Serviço Meteorológico Nacional da Argentina (SMN) emitiu alerta vermelho para temperaturas muito acima da média para La Pampa, Mendonza, San Luis, serras de Córdoba, San Juan, Catamarca, La Rioja e Neuquén. Já no oeste da província de Buenos Aires, oeste de Entre Rios e Tucumán têm alerta laranjo válido para os próximos dias. 

"Há boas notícias. Volta a chover na região com previsão de alívio na semana que vem. O modelo canadense mostra que é possível volumes de precipitação ao redor de 100mm em alguns pontos", afirma a meteorologista Estael Sias. 

O modelo mostra ainda alívio chega e deve atingir grande parte das áreas, mas com distribuição irregular da precipitação. "Típica de verão, com alguns pontos com altos volumes e outros com pouca chuva", acrescenta a especialista.

IMPACTOS NO PARAGUAI

As preocupações com os impactos sobre a logística ligados ao Rio Paraná se estendem também ao Paraguai. Como explica a diretora da DasAgro Corretora & Consultora de Agronegócios, Esther Storch, algumas entregas de grãos até chegaram a acontecer em alguns pontos do rio nestes primeiros dias de janeiro, porém, em outras partes as condições já se mostram inviáveis. 

"Itaipu ainda nao prevê uma regularidade no nível do rio até fevereiro, e somente quando o reservatório alcança o nível máximo são liberadas as comportas para a vazão no leito do rio. Isso foi feito em 2020 e 2021, um modelo que permitiu a saída de parte dos grãos que estavam nos portos", relata Esther. 

Assim, a diretora da DasAgro acredita que se em anos em que o rio estava em níveis normais poderiam ser exportadar por lá cerca de dois milhões de toneladas de grãos do Paraguai, agora, nas últimas duas safras, foram pouco mais de 500 mil toneladas somente, em cada safra, e com esforço maior em 2021, quando a vazão já foi muito menor. 

"Já se reuniram representantes do agronegócio com as entidades das represas, do governo e aduanas portuárias e de logística para solicitar as represas uma previsibilidade de vazão coordenada para que possa haver um planejamento logístico dos grãos nesta temporada, já que a safra está sendo esperada com 40% de perda", afirma Esther.

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Por:
Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte:
Notícias Agrícolas

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