Chuva isola motoristas em rodovia do Maranhão; caminhoneiros bloqueiam BR-316

Os temporais que atingem o Maranhão há cerca de um mês causaram transtornos também aos motoristas e caminhoneiros que trafegam pelas rodovias que cortam o Estado. Há cerca de duas semanas, a enchente levou uma ponte na altura do km 415 da BR-316 --principal ligação entre o Norte e o Nordeste do país-- deixando mais de mil caminhoneiros ilhados no local, segundo estimativa da Unicam (União Nacional dos Caminhoneiros).

De acordo com a PRF (Polícia Rodoviária Federal), a enxurrada causou inúmeros buracos na rodovia, principalmente no trecho entre os municípios de Alto Alegre do Maranhão e Peritoró. Revoltados com as condições da estrada, os caminhoneiros realizaram um novo protesto nesta quarta-feira. Desde ontem, eles impedem o tráfego de pedestres, informou a polícia.

Antes do bloqueio, um ônibus levava as pessoas até a beira da cratera --de aproximadamente 30 metros--, e a passagem era feita por meio de uma lancha. Do outro lado da cratera, os passageiros seguiam a viagem em outros veículos menores.

Segundo a polícia, o clima é tenso entre caminhoneiros e moradores das cidades da região, que tentam cruzar os bloqueios --feitos com carretas, pneus queimados e pedaços de tronco. O bloqueio causa mais de 45 km de congestionamento na via, estima a polícia.

Na tarde desta quarta, a superintendência da PRF tenta negociar a liberação da área com o grupo.

De acordo com a Unicam, os caminhoneiros reivindicam a instalação de uma ponte metálica no local para liberar a passagem. "Os caminhoneiros estão parados, sem ter condições sanitárias ou de mínimo conforto e sem acesso a alimentação. As cidades da região já estão ficando desabastecidas, pois os caminhões com as mercadorias não passam", afirmou José Araújo "China" da Silva, presidente da entidade.

De acordo a PRF, a previsão é que a ponte metálica --que será instalada pelo Exército-- chegue em três dias ao local. Ainda segundo a Polícia Rodoviária, as obras vinham sendo feitas até o último sábado (2), porém, os novos temporais que atingiram a região impediram o conserto da rodovia.

De acordo com a Defesa Civil, mais de 1.700 km das estradas que cortam o Estado estão danificadas. Alguns dos trechos com problemas estão na MA-034, na MA-402, na BR-222, na BR-316, entre outras.

Enchentes

No Maranhão, oito pessoas morreram e mais de 50 mil tiveram que deixar suas casas devido à chuva. última morte registrada pela Defesa Civil foi a de José Quaresma, 78, pai do vice-prefeito do município de Cantanhede (MA), Valdir Quaresma. De acordo com o órgão, a vítima morreu afogada após ser levada por uma enxurrada, na tarde de terça-feira (5).

Além dos mortos, a Defesa Civil também aponta 29.879 pessoas desalojadas --hospedadas em casas de amigos e parentes-- e 23.099 desabrigadas, ou seja, dependem de abrigos públicos.

O número de municípios afetados chega a 59, sendo que 57 já decretaram emergência.

Fonte: Folha Online