Lula pressiona negociadores por acordo climático antecipado na cúpula da COP30

Publicado em 19/11/2025 17:04

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Por Kate Abnett e Lisandra Paraguassu

BELÉM (Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve se reunir com os principais negociadores na COP30 nesta quarta-feira, como parte de um esforço para chegar a um acordo antes do previsto sobre algumas das questões mais polêmicas nas negociações globais sobre o clima, incluindo combustíveis fósseis e financiamento climático.

A cúpula de duas semanas da ONU na cidade amazônica de Belém reúne cerca de 200 países para tentar aumentar a ação multilateral para limitar a mudança climática, apesar da ausência dos Estados Unidos, o maior emissor histórico de gases de efeito estufa.

Mas ainda há divergências em questões importantes, o que representa um novo teste sobre a vontade internacional de desacelerar o aquecimento global.

Na esperança de contrariar a tendência de cúpulas climáticas recentes que ultrapassaram o prazo, o Brasil, país anfitrião, busca endossar um pacote de acordos ainda nesta quarta-feira e resolver questões pendentes na sexta-feira. Mas já enfrenta atrasos na publicação de novos textos de negociação.

ESBOÇO

A expectativa era que a presidência da COP30 apresentasse um novo rascunho do acordo inicial no início desta quarta, mas nenhum anúncio havia sido feito até o começo desta tarde. Negociadores disseram à Reuters que assuntos mais difíceis estão em discussão.

A primeira versão do acordo publicada na terça-feira apresentou uma série de opções que dividiram opiniões.

O Brasil e cerca de 80 outras nações querem chegar a um acordo que ajude a estimular a ação em um acordo de 2023 feito na COP28 para a transição dos combustíveis fósseis.

No entanto, a ideia de criar um mapa do caminho para ajudar a orientar essa transição foi até agora rejeitada por outros, disse o presidente da COP30 do Brasil, André Corrêa do Lago, na terça-feira.

Lula chegou de volta à conferência nesta quarta-feira, de acordo com autoridades brasileiras, dando um novo impulso político às negociações. Espera-se que ele se reúna com os principais negociadores, bem como com o secretário-geral da ONU, António Guterres.

"TEMOS BLOQUEADORES", DIZ VANUATU

O ministro do Clima de Vanuatu, país insular do Pacífico, Ralph Regenvanu, disse à Reuters que a Arábia Saudita foi um dos países que se opuseram. A Arábia Saudita não respondeu imediatamente aos pedidos de comentários.

"Acho que será muito difícil... porque temos bloqueadores", disse Regenvanu.

Outras nações insulares avaliam a questão como vital.

"Teremos que lutar com unhas e dentes. Há muitas partes que já disseram que não querem isso no texto de forma alguma", disse à Reuters a enviada climática das Ilhas Marshall, Tina Stege.

Uma coalizão de 100 organizações, incluindo empresas como a Volvo e a Unilever, enviou uma carta à presidência da COP30 expressando apoio a um mapa do caminho para a transição do uso de combustíveis fósseis, dizendo que isso ajudaria países e empresas a planejar a migração para uma energia mais limpa.

FINANCIAMENTO

Outras questões polêmicas do pacote incluem a definição de como os países ricos fornecerão financiamento para que os países mais pobres mudem para energia limpa e o que deve ser feito em relação à lacuna entre os cortes de emissões prometidos e os necessários para impedir o aumento da temperatura.

Os países mais pobres que já estão sofrendo os impactos do aquecimento global estão se mobilizando por um resultado sólido.

"Queremos ambição no financiamento. Queremos ambição na adaptação. Queremos ver ambição na transição", disse Jiwoh Abdulai, ministro do Clima de Serra Leoa, à Reuters. "E queremos garantir que vivamos aqui em um caminho que seja sustentável, não apenas para esta geração, mas para as gerações futuras."

Enquanto isso, os planos para o lançamento de um mercado global apoiado pela ONU para a comercialização de créditos de compensação de carbono encontraram um obstáculo devido a disputas entre governos sobre o financiamento necessário para colocar o mercado em funcionamento, disseram cinco fontes à Reuters.

(Reportagem adicional de William James, Simon Jessop, Sudarshan Varadahn)

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Fonte:
Reuters

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