Tragédia no Rio: 255 mortos pelas enchentes. Cidades devastadas estão sem água, luz e telefone

Publicado em 12/01/2011 19:48


Além do saldo assustador de mortes, a tragédia que atingiu três cidades da Região Serrana do Rio devastou a infraestrutura de Teresópolis, Nova Friburgo e Petrópolis. Nesses locais, milhares de moradores vão passar a primeira noite depois da catástrofe sem energia elétrica, telefone e água potável. Há ainda o risco de novos deslizamentos, pois, como alertam os serviços de meteorologia, a formação de uma nova frente fria pode trazer mais chuvas durante amadrugada.

A falta de comunicação aumenta a angústia dos moradores, sobretudo aqueles que possuem parentes ou amigos entre os desaparecidos. Esse é o cenário nos bairros Caleme e Campo Grande, os dois mais afetados em Teresópolis. Ambas as localidades ficam fora do centro de Teresópolis e foram densamente ocupados nos últimos anos, com muitos loteamentos – inclusive legalizados – em áreas de risco.

O Caleme é uma região originalmente ocupada por chácaras e grandes casas. Mais recentemente, recebeu condomínios de classe média alta. O bairro foi o epicentro da tragédia – mais precisamente no cruzamento da Estrada do Triunfo, a principal do Caleme, com a Rua Canário. Ali, a queda de uma única barreira arrastou 30 casas durante a madrugada. Por toda a cidade, vêem-se carros empilhados e destruídos depois de serem arrastados ladeira abaixo, muros derrubados, ruas transformadas em rios de lama – para atravessar algumas, é preciso passar por pinguelas improvisadas.

A estrada Teresópolis-Itaipava está interditada. A Rio-Teresópolis abriu e fechou ao longo do dia, e a CRT, concessionária que opera a rodovia, está fazendo barreira no pé da serra para impedir a subida de caminhões, porque uma barreira que caiu em Ponte Nova fechou a BR-116. O ginásio municipal foi transformado em base de apoio para desabrigados. No IML local já deram entrada mais de cem corpos.

Em Petrópolis, a região mais castigada foi o distrito de Itaipava, considerado um destino turístico nobre. Com o comércio fechado, as pessoas enfrentam dificuldades para comprar água mineral e comida. A prefeitura abriu três postos de captação de donativos. Os itens de maior necessidade são produtos de limpeza, higiene pessoal, água mineral, colchonetes, roupa de cama e toalhas.

Pelo menos 30 famílias passarão a noite em um abrigo montado na escola Antunes Rabello, na localidade de Lajinha, distrito de Itaipava. Estima-se que mais de 40 pessoas estejam desaparecidas no município. Em Nova Friburgo, um dos bairros mais castigados foi Conselheiro Paulino, onde já foram contabilizados 59 mortos e há inúmeros desaparecidos.

Já são 255 mortos na Região Serrana do Rio

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RIO - Já chega a 255 o número de mortos por causa das chuvas e deslizamentos de terra na Região Serrana do Rio. Em Friburgo, já foram contabilizadas 107 vítimas fatais. Em Teresópolis, houve até o momento  130 mortes. Petrópolis tem 18 mortos, mas a prefeitura informa que número pode chegar a 40. De acordo a meteorologia, até a noite de quinta-feira há a possibilidade de pancadas de chuva entre moderada e fortes principalmente em Minas Gerais e no Rio de Janeiro. Cidades na Região Serrana do Rio e toda a região litorânea, além da divisa com Minas Gerais e do Médio Paraíba devem manter o alerta de chuva.

O prefeito de Teresópolis, Jorge Mário, decretou estado de calamidade pública no município. Em Friburgo, quatro bombeiros que faziam uma operação de resgate morreram. O grupo estava em uma viatura que se deslocava para prestar socorro a vítimas da chuva quando foi soterrada por um barranco que desabou.

Segundo o Corpo de Bombeiros, não há comunicação com o batalhão de Nova Friburgo, já que todo o município está sem energia. 

Na tarde de terça-feira, um homem de 64 anos e a uma criança de 7 anos morreram após o desabamento de um imóvel na rua São Roque, no bairro de Olaria. Um bebê foi resgatado com vida dos escombros, além de um menino de 10 anos. Uma sétima vítima, segundo os bombeiros, teria morrido no bairro Vila Amélia. Mais de dez famílias ficaram desabrigadas ou desalojadas.

O vice-governador, Luiz Fernando Pezão, informou que a situação é muito grave na Região Serrana. Ele disse que mobilizou todos os helicópteros do governo, inclusive das polícias civil e militar, para levar bombeiros e equipamentos para as regiões mais castigadas pelas chuvas.

O coordenador da Defesa Civil de Friburgo, coronel Roberto Robadey, disse que o município registrou pelo menos 30 deslizamentos de terra nas últimas horas. Segundo ele, o volume de chuvas chegou a 260 mm em 24 horas, enquanto em todo o mês de janeiro o volume foi de 180 mm.

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O fornecimento de energia elétrica foi interrompido na cidade, as ruas estão inundadas, e não há comunicação. Cerca de 60 homens da Defesa Civil atuam no resgate das vítimas.  Situação também é caótica em Teresópolis

Uma árvore caiu e faz com que o trânsito siga em meia pista na BR 040, Rio-Juiz de Fora, no sentido Rio, no quilômetro 52. Trânsito também em meia pista nos quilômetros 12 e 41, por causa de barreiras que caíram. No quilômetro 9, uma pedra rolou e metade da pista teve que ser bloqueada, mas já foi liberada.        

Prefeitura divulga nota oficial

A prefeitura de Teresópolis divulgou nota oficial sobre a tragédia das chuvas. Confira na íntegra:

''As fortes chuvas que atingiram a Região Serrana do Rio de Janeiro na noite da última terça-feira e madrugada desta quarta-feira causaram muitos estragos e mortes na cidade de Teresópolis. Já são 17 bairros atingidos. Até o momento, de acordo com a Defesa Civil, foram contabilizadas 48 mortes. Os óbitos ocorreram nas localidades de Poço dos Peixes, Parque do Embuí, Barra do Embuí, Fazenda da Paz (bairro Posse), Vale Feliz, Jardim Serrano, Granja Florestal, Caleme e em Bonsucesso, na zona rural do município. A Defesa Civil de Teresópolis divulgou que já chega a 500 o número de desabrigados e desalojados no município.

O prefeito de Teresópolis, Jorge Mario, está sobrevoando a cidade para fundamentar um relatório para fazer o pedido de declaração de situação de emergência. O secretário de Meio Ambiente e Defesa Civil, Flávio Castro, está com as equipes da Defesa Civil trabalhando no resgate de vítimas, na identificação de áreas de risco e orientando os atingidos a se dirigirem para os abrigos preparados pela Prefeitura. São 800 homens entre integrantes da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros, trabalhando para encontrar desaparecidos e encaminhar os desabrigados. 

A orientação é para que os desabrigados se dirijam para o Ginásio Pedrão, localizado na Rua Tenente Luiz Meirelles, 211, Centro, com capacidade para 200 pessoas,  e para um galpão situado na Rua Tamoio, s/n, no bairro do Meudon, onde cabem 400 pessoas. As escolas dos bairros atingidos também estão acolhendo as vítimas.

O município ficou sem energia desde 2h da manhã e o serviço começou a ser restabelecido por volta de 8h30 da manhã desta quarta-feira, mas alguns bairros seguem sem o fornecimento de energia. A Prefeitura de Teresópolis está recebendo doações de alimentos não perecíveis, água, roupas e cobertores. As doações podem ser entregues no Ginásio Pedrão. Informações também podem obtidas pelo telefone da Defesa Civil: 199''.

Chuva dá trégua em Friburgo

A chuva deu uma trégua no município de Friburgo na manhã desta quarta-feira, mas a situação ainda é bastante crítica na cidade. O nível do Rio Bengalas, que subiu durante a madrugada, inundando várias vias da cidade, já baixou, mas há muita sujeira e lama espalhadas por diversas partes.

Falta luz na região e o funcionamento do transporte coletivo está bastante precário. Segundo moradores, os ônibus não circulam em diversos pontos. O serviço de telefonia também está prejudicado.

“A situação está caótica. É lama por toda parte. Estou ilhada no meu apartamento. A água tomou conta do primeiro andar da garagem do meu prédio e quase inundou o segundo. Não consigo sair de casa para trabalhar”, disse a gerente comercial Mirian Manhãs, moradora do centro de Friburgo.

Segundo ela, boa parte do comércio da cidade também está fechado. “A gente está tentando acompanhar a situação pelo telefone, mas até isso está difícil porque a ligação, quando consegue completar, cai toda hora. O comércio está de portas fechadas. Os poucos que conseguem chegar às lojas só podem trabalhar para tirar a lama que invadiu tudo”, acrescentou.

A prefeitura montou um hospital de campanha para prestar atendimento aos feridos nos desabamentos. O relações públicas do Corpo de Bombeiros, tenente coronel Alex Rocha, informou que cerca de 70 homens de quartéis da capital fluminense foram deslocados para a região para dar suporte no resgate de vítimas.

O governador Sérgio Cabral determinou, na manhã desta quarta-feira, que todas as secretarias e áreas operacionais do estado do Rio de Janeiro intensifiquem o trabalho que já estavam realizando, por conta das fortes chuvas dos últimos dias, junto aos municípios da Região Serrana.

Por orientação de Cabral, o vice-governador, Luiz Fernando Pezão, fez um sobrevoo na região. As equipes das secretarias de Saúde e Defesa Civil, Obras, Assistência Social e Ambiente estão atuando nos locais atingidos.

Nesta manhã, o governador solicitou ao comandante da Marinha, almirante Júlio Moura, aeronaves para o deslocamento de mais tropas e equipamentos do Corpo de Bombeiros, o que será providenciado pela Marinha. Na manhã desta quinta-feira, Cabral irá à Região Serrana.

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Fonte:
Veja.com.br/JornaldoBrasil.com.b

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