Milho: Previsão de clima frio nos EUA impulsiona cotações em Chicago
As principais posições do milho negociadas na Bolsa de Chicago (CBOT) trabalham em baixa nesta terça-feira (15). Ao longo das negociações, os preços voltaram a subir e, por volta 13h29 (horário de Brasília), registravam ganhos entre 2,75 e 3 pontos. O vencimento maio/14 era cotado a US$ 5,06 por bushel.
De acordo com informações divulgadas pela agência internacional Bloomberg, as especulações de que o tempo frio não deve afetar o plantio da safra 2014/15 exerceram pressão negativa sobre os preços futuros, durante boa parte do pregão. Nesta segunda-feira, o site internacional de meteorologia, AccuWeather, anunciou as previsões climáticas indicando a ocorrência de neve para algumas localidades do Meio-Oeste norte-americano.
Ainda ontem, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) reportou que até o dia 13 de abril, a área cultivada com o milho nos EUA alcançou o patamar de 3%. O número está acima do registrado no mesmo período do ano passado, de 2%. Já a média dos últimos 5 anos é de 6%.
O consultor de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze, afirma que os produtores norte-americanos estão bem capacitados e conseguem cultivar a safra em ritmo acelerado. Grande parte dos estados tem até o dia 20 de maio para finalizar o plantio.
"No ano passado, tínhamos neve até o final de abril e, mesmo assim, os agricultores conseguiram plantar a safra dentro do esperado. E produziram uma grande produção", explica Brandalizze.
Paralelo a esse cenário, os fundamentos ainda são firmes ao mercado de milho. Nesta safra, a área cultivada com o cereal nos EUA deve ser menor, conforme estimativas do departamento. E, diante desse quadro, a demanda pelo produto norte-americano permanece aquecida. Ontem, o órgão divulgou que até a semana encerrada no dia 11 de abril, as vendas semanais totalizaram 1.448,812 toneladas.
Até o momento, os EUA já venderam cerca de 41.965,4 toneladas de milho, no acumulado no ano safra. O número está próximo do projetado pelo departamento norte-americano, de 44.450,0 toneladas do cereal.
Em contrapartida, as preocupações com um possível conflito entre Ucrânia e Rússia retornaram ao mercado e exercem influência nos preços, principalmente no trigo. Frente a esse cenário, os participantes do mercado acreditam que as exportações do país de trigo e milho possam ser prejudicadas.
Mercado interno
No mercado interno brasileiro, os preços seguem estáveis, mas as vendas ainda estão em ritmo lento. Em importantes estados produtores a colheita está quase no fim e a perspectiva inicial é que a safra de verão seja menor do que a projetada pela Conab (Companhia Nacional do Abastecimento), de 31.515,3 toneladas.
Além da diminuição da área cultivada, o milho perdeu espaço para a soja em importantes regiões produtoras, as lavouras foram severamente castigadas pelas adversidades climáticas. De acordo com informações do Cepea, as situações mais preocupantes são esperadas em São Paulo e Minas Gerais, que registraram temperaturas elevadas e ausência de chuvas, especialmente entre os meses de dezembro e fevereiro.
"Parte dos produtores já venderam o que precisavam e agora espera a virada do mês para ver se há uma reação nos preços. Já a negociação da safrinha está quase parada", diz o consultor.
A segunda safra também foi prejudicada pelas intempéries climáticas. Assim como ocorreu na safra de verão, o milho safrinha perdeu área para outras culturas mais rentáveis, como a safrinha de soja em algumas localidades. Desde o ano passado, os produtores rurais, principalmente do Centro-Oeste já sinalizavam uma redução na área semeada devido aos baixos mais preços obtidos, e que não cobriam os custos de produção.
A situação mais grave observada nesta safra, é a redução nos investimentos em tecnologia e o plantio fora da janela ideal. Uma situação recorrente em várias regiões produtoras pelo país. "Frente a essa situação, o produtor rural está mais cauteloso na negociação da safrinha, pois pode não ter o produto para cumprir os contratos mais adiante", acredita Brandalizze.
Ainda assim, o consultor ressalta que a tendência é positiva para os preços no mercado interno e devem se manter acima dos patamares registrados no ano passado. Os estoques da Conab são de aproximadamente 1,8 toneladas e temos um aumento considerável no setor de ração, entre 5% a 10%.
"Esse é o ano da carne, os pecuaristas iniciaram o confinamento em março e temos as atividades de suinocultura e avicultura", ressalta.
Já na BMF&Bovespa, os futuros do milho registram leves quedas nesta terça-feira. Ainda na visão do consultor, a BMF&Bovespa acompanha o mercado financeiro e a movimentação em Chicago.
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