Milho: Com realização de lucros, preços fecham pregão em queda em Chicago

Publicado em 30/04/2014 17:22

Os futuros do milho negociados na Bolsa de Chicago (CBOT) terminaram o dia do lado negativo da tabela. Ao longo das negociações, os preços reduziram as perdas e encerraram o pregão com quedas entre 1,75 e 3 pontos. O contrato maio/14 era cotado a US$ 5,14 por bushel. 

Na sessão desta quarta-feira, o mercado realizou lucros após alcançar o maior patamar dos últimos 8 meses. De acordo com o analista de mercado da Safras & Mercado, Paulo Molinari, o movimento de realização de lucros é normal, após as altas expressivas registradas nos últimos pregões impulsionadas pela situação climática no Meio-Oeste dos EUA. 

“A cada semana teremos esses movimentos mais agressivos de alta ou de baixa, de acordo com o ânimo do clima e o andamento do plantio. Daqui até o final de maio será de volatilidade, se a semeadura do grão norte-americano for bem os preços podem cair, mas se o plantio ficar atrasado poderemos ter algum repique de alta ainda durante o mês”, explica Molinari. 

As informações de clima nos EUA tem ganhado força nas últimas semanas e alavancados os preços da commodity em Chicago. Para essa semana, as previsões climáticas apontam para chuvas em importantes regiões produtoras do Corn Belt, como Iowa e Wisconsin. As temperaturas também devem ficar mais baixas nos próximos dias, situação que dificulta o avanço do plantio do cereal no país. 

Até o último dia 27 de abril, a semeadura do milho estava completa em 19% da área projetada para a safra 2014/15. O número está bem abaixo da média dos últimos cinco anos, de 28%. Entretanto, analistas ressaltam a capacidade dos produtores norte-americanos em conseguir semear uma grande extensão de área em curto espaço de tempo.

Em contrapartida, a situação climática nos EUA tem gerado muitas especulações no mercado internacional, já que a expectativa é que haja uma transferência de área de milho para a soja, caso as condições climáticas sejam desfavoráveis. O analista de mercado da AgRural, Fernando Muraro, ressalta que a continuidade das chuvas pode significar uma área maior da oleaginosa no país, porém ainda são especulações do mercado. 

Por outro lado, a procura pelo milho norte-americano segue aquecida e a cada semana o USDA reporta números fortes de exportações dos EUA. Ainda na visão do analista, os fundos de investimentos continuam comprando produtos agrícolas fortemente, principalmente soja e o milho. 

Além disso, os fundos seguem com as posições compradas, no dia 7 de janeiro deste ano, os fundos estavam com 20 milhões de toneladas compradas, já na última sexta-feira, o número era de 66 milhões de toneladas, conforme informações do analista. Em torno de 4 meses, mais de 45 milhões de toneladas foram adquiridas pelos fundos. 

“E quando a participação dos fundos ultrapassa 50% dos contratos abertos, historicamente começam a se desfazer das posições. Atualmente, no milho o número é de 45%, então ainda tem espaço para subir, por conta dessa histórica posição”, explica Muraro. 

Em relação à demanda da China, Molinari sinaliza que é pontual e o país possui estoques de mais 71 milhões de toneladas, percentual próximo a da safra brasileira. “E com a redução nas compras dos EUA, a demanda chinesa deverá ir para a Argentina, única origem om disponibilidade do produto e preços mais competitivos”, acredita o analista.

Mercado interno

Sem grandes novidades, o mercado interno brasileiro segue com preços estáveis e poucos negócios. De um lado, os produtores rurais estão capitalizados e esperam por melhores preços para negociar a produção. A incerteza em relação à produtividade da safrinha também contribui para a formação desse cenário. Com isso, os compradores acabam adquirindo o produto da mão pra boca e não pagam valores mais altos pelo cereal.

Para o consultor de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze, o aumento na demanda por parte do setor de rações deve impactar positivamente os preços do grão. “E mesmo a safra de verão sendo menor do que o ano passado deverá atender a demanda nacional. Nos próximos 45 dias já teremos a entrada dos primeiros volumes da safrinha no mercado, que mesmo sendo menor também deverá suprir a demanda doméstica”, diz. 

Entretanto, o consultor destaca que as exportações brasileiras devem ganhar ritmo, especialmente nos meses de julho, agosto, setembro e outubro. Período em que os EUA, maior produtor de milho, não terá grandes volumes disponíveis para embarcar. E a expectativa é que o produto do Brasil tenha boa aceitação no mercado internacional.

“Essa situação tende a deixar o mercado interno mais enxuto e talvez no final do ano teremos um aperto no abastecimento, que obrigue o país a comprar milho do Paraguai. Consequentemente, teremos uma valorização do restante do produto que estará nas mãos dos produtores. Tudo indica que o mercado vai melhorar no correr de novembro e dezembro, até o final do ano, quando as indústrias do país terão que comprar o produto para atender a demanda de fechamento de ano e início de janeiro”, ressalta Brandalizze. 

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Tags:
Por:
Fernanda Custódio
Fonte:
Notícias Agrícolas

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