Milho: Em dia de correção técnica, mercado encerra pregão em campo positivo em Chicago

Publicado em 15/09/2014 17:15

Nesta segunda-feira (15), os futuros do milho negociados na Bolsa de Chicago (CBOT) encerraram o pregão com em campo positivo. Ao longo das negociações, as principais posições da commodity reverteram as perdas e fecharam o dia com ganhos entre 4,00 e 4,50 pontos. Em comparação com a última sessão, as valorizações ficaram entre 1,48% e 1,11%. O vencimento dezembro/14 era cotado a US$ 3,43 por bushel.

Na visão do analista de mercado da Cerrado Corretora, Mársio Antônio Ribeiro, o mercado de milho passou por um movimento de correção técnica, após as quedas recentes. "Ainda assim, é uma recuperação momentânea, já que o mercado não dispõe de informações que permitam uma reação sustentada. E os números do último relatório do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) ainda são baixistas", afirma. 

Somente na última semana, os futuros do cereal encerraram a sexta-feira (12) com perdas acumuladas entre 2,71% e 2,87%. Ainda na última semana, o dezembro/14 recuou ao patamar de US$ 3,35 por bushel, o nível mais baixos desde junho de 2010. O mercado ainda permanece pressionado pela perspectiva de grande safra nos Estados Unidos na temporada 2014/15. De acordo com o USDA, os produtores norte-americanos deverão colher mais de 365 milhões de toneladas de milho na próxima safra. 

"A expectativa de uma safra de trigo recorde mundial e expectativas de recorde de milho nos EUA e na produção de soja ao longo da temporada 2014-2015 estão pesando fortemente sobre os preços dos grãos mundiais," disseram analistas do Rabobank, em entrevista à Bloomberg.

O consultor em agronegócio, Ênio Fernandes, em algumas localidades do país, os produtores já iniciaram a colheita do cereal e os números dos campos vão de encontro com as projeções do mercado. "Mas, os preços ainda têm espaço para recuar um pouco mais devido à entrada de produto físico no mercado. Entretanto, acredito que estamos perto do fundo do poço", explica.

Paralelo a esse cenário, há especulações de que o clima mais frio no Corn Belt poderia comprometer de alguma forma a cultura. Porém, segundo informações do site Farm Futures, as previsões se confirmaram, especialmente para as regiões nas Dakotas do Sul e do Norte, mas não houve danos significativos para o milho.

E no final da tarde desta segunda-feira, o USDA irá reportar novo boletim de acompanhamento de safras. Até a última semana, em torno de 74% das lavouras de milho registravam boas ou excelentes condições, um dos melhores índices dos últimos anos.

Demanda

Ainda na visão do analista da Cerrado Corretora, a demanda pelo milho permanece em ritmo normal. "Contudo, devido ao grande volume disponível, a demanda não é suficiente para sustentar os preços. Seria necessária uma demanda adicional para equilibrar o mercado, o que não deve ocorrer em curto e médio prazo", diz Ribeiro.

Ainda hoje, o USDA anunciou a venda de 120 mil toneladas de milho para o México. O volume deverá ser entregue na temporada 2014/15. Já os números dos embarques semanais do cereal foram reportados em 741.230 mil toneladas até a semana encerrada no dia 11 de setembro, contra a expectativa do mercado entre 990 mil e 1,19 milhão de toneladas.

Em relação à semana passada, o número representa uma queda, já que, o volume divulgado anteriormente, foi de 1.197,385 milhão de toneladas. No mesmo período de 2013, a quantidade embarcada foi de 512.734 mil toneladas. E no acumulado do ano safra, com início em 1º de setembro, os embarques são de 1.466,782 milhão de toneladas, contra 720.119 mil toneladas no acumulado no ano safra anterior.

Diante desse cenário, a tendência é de preços pressionados para o milho no mercado internacional. “Somente se tivermos alguma novidade que alterasse essa relação entre oferta x demanda poderia provocar uma mudança no quadro atual. E essa tendência de cotações deprimidas tem sido sinalizada pelos valores praticados na CBOT para o próximo semestre”, relata Ribeiro. 

Mercado interno

No Brasil, os preços praticados no mercado interno tiveram, em sua maioria, um início de semana estável. Conforme levantamento realizado pelo Notícias Agrícolas, na região de Cascavel (PR), o preço do milho recuou para R$ 17,80, queda de 1,11%. Já em Luís Eduardo Magalhães (BA), a desvalorização foi de 3,74%, para R$ 18,00 a saca. Em contrapartida, em Jataí (GO), o dia foi de valorização de 0,98%, com a saca do cereal cotada a R$ 16,46. No Porto de Paranaguá, a segunda-feira foi de estabilidade, com cotação a R$ 22,50. 

Mársio ainda ressalta que o impacto da queda registrada no mercado internacional tem sido absorvido, em parte, pelos leilões de Pepro (Prêmio Equalizador Pago ao Produtor) e pelo volume de exportação. Até o momento, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) realizou três operações, com o escoamento de pouco mais de 4 milhões de toneladas. O próximo leilão será realizado na quinta-feira (19), com oferta total de 1,750 milhão de toneladas. 

Já as exportações brasileiras do cereal foram estimadas em 865,4 mil toneladas, nos 10 primeiros dias úteis de setembro. Em comparação com o mês anterior, o volume é 23,4% menor e, em relação ao mesmo período do ano passado, o recuo é de 9%. 

A receita gerada com as exportações é de US$ 159 milhões, uma redução de 29,7% do que a registrada no mesmo período de agosto e 56,8% menor do que no mesmo período de 2013. As informações são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e forma divulgadas pela Secretaria de Comércio Exterior.

"Contudo, os preços em patamares mais baixos registrados nos Portos brasileiros tem reduzido o preço ao produtor em todas as regiões produtoras. Em Goiás, a cotação do milho é de R$ 16,00, no Sudoeste do estado", finaliza o analista de mercado.

Veja como fecharam os preços do milho nesta segunda-feira:

>> MILHO

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Tags:
Por:
Fernanda Custódio
Fonte:
Notícias Agrícolas

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