Milho: Semana termina com baixas de até 11% no BR e 2,2% da área de safrinha plantada em MT

Publicado em 20/01/2017 17:56

A semana foi de intensas baixas registradas no mercado brasileiro de milho. Os preços do cereal seguem recuando frente às perspectivas de uma boa safra de verão, diante das projeções a safrinha e uma demanda que caminha mais lentamente nesse momento. 

Nesse ambiente, as perdas acumuladas nos últimos dias entre as principais praças de comercialização do país pesquisadas pelo Notícias Agrícolas começaram em 1,92%, como aconteceu em São Gabriel do Oeste/MS - com a saca valendo R$ 25,50 - e chegaram a até 11,76%, em Ponta Grossa/PR, com o último preço marcando R$ 30,00. 

Com preços cada vez menos atrativos, os produtores se afastam cada vez mais de novos negócios e a comercialização do cereal no Brasil caminha a passos bem lentos. Os preços recuam, afinal, não só no interior do país, como também nos portos, inviabilizando também as exportações, que acabam não sendo favorecidas também pelo dólar. No porto de Paranaguá, a referência fechou a semana com R$ 30,50 por saca. Nem mesmo o alcance das cotações em níveis próximos de R$ 31,00 a R$ 32,00 por saca nos terminais foram suficientes para estimular alguma movimentação. 

"Os produtores sabem que nas próximas três a cinco semanas teremos grandes volumes de milho da safra de verão chegando ao mercado e, assim, abastecendo os grandes consumidores via balcão, porque junto disso teremos ainda uma grande safra de soja também chegando para abarrotar os armazéns", explica Vlamir Brandalizze, consultor da Brandalizze Consulting. 

De acordo com os últimos números do Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agrícola), já há cerca de 2% da área projetada para a safrinha de milho - de 4,4 milhões de hectares - semeada, e o avanço mais expressivo dos trabalhos de campo está sendo registrado no Oeste do estado. A média de produtividade esperada para o cereal é de 94,4 sacas por hectare. 

Dólar e preços na BM&F

A semana se encerra ainda com Donald Trump tomando posse como o novo presidente dos Estados Unidos nesta sexta-feira, 20 de janeiro, e fazendo um discurso, segundo especialistas, sem surpresas. E justamente em razão deste discurso "morno", o dólar seguiu sua trajetória de baixa, encerrou o dia em queda e acumulando uma baixa de 1,21%, cotado a R$ 3,1825 na venda. Somente na sessão desta sexta, a divisa perdeu 0,55% e perdeu, portanto, o patamar dos R$ 3,20 mais uma vez. 

"O discurso do Trump não trouxe nada que justificasse o dólar mudar a trajetória em que já estava. E lá fora a moeda também passou a cair ante outras divisas, reforçando essa tendência", comentou um profissional da mesa de câmbio de uma corretora doméstica à agência de notícias Reuters. 

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Mais uma vez, na BM&F, os futuros do milho acompanharam a movimentação do câmbio e fecharam o pregão desta sexta-feira com perdas de mais de 1%. O vencimento março/17 foi a R$ 34,55, com queda de 1,9%; o maio/17 a R$ 33,59, recuando 1,64%, enquanto o setembro/17 encerrou os negócios cotado a R$ 30,84 por saca, e perda de 1,31%. 

Bolsa de Chicago

Na Bolsa de Chicago, a semana foi marcada por oscilações tímidas e pouca movimentação entre as posições mais negociadas do cereal. Por outro lado, boas notícias do lado da demanda, com anúncios de novas vendas e dados positivos das vendas semanais para exportação trazidos pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) nesta sexta motivaram alguma reação das cotações. 

As vendas somaram 1.379,9 milhão de toneladas, número que ficou dentro do esperado pelo mercado - de 1 milhão a 1,5 milhão de toneladas. Do total, foram 1.367,6 milhão são da safra 2016/17 e 12,3 mil da 2017/18. O principal destino do cereal nesta última semana foram compradores não revelados. 

Foram vendidas, em todo o ano comercial, 37.703,6 milhões de toneladas do grão, volume bem maior do que o total dessa mesma época em 2015/16, de 22.279,3 milhões de toneladas. Já há, portanto, 66,7% comprometido de todo o volume a ser exportado pelos EUA nesta temporada, de 56,52 milhões de toneladas.

As posições mais negociadas do cereal subiram de 2,57% a 3,14%, com o março/17 encerrando a semana em US$ 3,69 e o maio/17 com US$ 3,76 por bushel. 

A situação da Argentina também entra na conta dos fundamentos e chama a atenção dos traders após as perdas causadas pelo excesso de chuvas no país. Ainda segundo Vlamir Brandalizze, os produtores seguem com seu plantio em ritmo ainda bastante lento e sofrendo para dar continuidade aos trabalhos de campo em função das inundações de muitos hectares. 

"A Bolsa de Buenos Aires, em seus comentários, mostra o plantio atual em 95,3% das áreas frente aos 90,7% plantados da semana passada, e segue projetando uma área de 4,9 milhões de hectares, mas falta muito para chegar e já esta atrasado para um ano que pode ter geada precoce. Além disso, aponta ainda para uma seca na parte Sul da Província de Buenos Aires, que irá intensificar e com temperaturas ainda mais altas, podendo passar dos 40ºC. Desta forma, afetando o potencial da safra", diz. 

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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