Milho: Venda de semente à safra verão deve cair até 15%
Por conta da liquidez e da maior resistência às adversidades climáticas, a soja ganha a preferência do produtor na maioria das regiões. No caso do Paraná, que cultiva duas safras de milho, Camargo diz que a queda das vendas de sementes de milho para a safra verão é de 27,2%. Entre maio e agosto, o estado que é o maior produtor de milho verão negociou 306 mil sacas ante as 420 mil sacas em igual período do ano passado. O Rio Grande do Sul tem a segunda maior retração, 17,4%, passando de 712 mil sacas para 588 mil sacas no período.
Ao contrário dos estados do Sul, Minas Gerais sinaliza manutenção da área de plantio. Entre maio e agosto, as compras de sementes no estado aumentaram 22%, para 120 mil sacas. Como os produtores mineiros iniciam a semeadura a partir de outubro, a reação dos preços do milho nos últimos meses foi levada em conta no momento de decidir o cultivo. A Federação de Agricultura do Estado de Minas Gerais (Faemg) estima que a área plantada com o cereal na safra verão deve ficar estável ou apresentar uma leve queda. "Como temos apenas uma safra de milho e o preço melhorou, os produtores pretendem aproveitar o bom momento para plantar", afirma Pierre Vilela, assessor técnico da Faemg.
OGM - Segundo Vilela, mesmo que haja uma pequena redução na área plantada, essa queda deve ser compensada pela substituição de sementes convencionais pelas geneticamente modificadas (OGM), que têm maior produtividade. A Faemg ainda não tem um levantamento oficial, mas Vilela prevê aumento no uso de OGMs de 25% em 09/10 para 40% do total da área plantada de verão em 2010/11. "Quem já utiliza o transgênico vai aumentar a área, e muitos produtores estão fazendo a migração", afirma.
Camargo, da APPS, confirma que o uso de sementes de milho OGM deve crescer na safra verão em todo o País, para 51% ante 35,5% do ciclo anterior. Os estados que mais demandam a tecnologia são do Centro-Sul: Goiás (89%), São Paulo (85%) e Paraná (72%). O Rio Grande do Sul, grande consumidor de milho, no entanto, tem feito o menor uso de transgênicos entre os principais produtores do cereal, de 41%. O resultado, diz Camargo, é que os gaúchos têm apresentado baixos índices de produtividade na comparação com outros produtores. "Embora o custo da semente possa ser o dobro da convencional, a produtividade e resistência à doenças acaba compensando o preço", afirmou Camargo, lembrando que os valores são fixados de acordo com as propriedades de cada cultivar.