Plano Safra 15/16 não deve atingir R$187 bi anunciados, diz ministro interino

Publicado em 14/01/2016 11:50

Por Marcela Ayres

BRASÍLIA (Reuters) - Os financiamentos agrícolas do Plano Safra 2015/2016 não devem atingir os 187,7 bilhões de reais previstos quando o programa foi anunciado, no ano passado, com frustração nos recursos emprestados a juros livres e direcionados para investimentos, disse a jornalistas nesta quinta-feira o ministro interino da Agricultura, André Nassar.

Em 2015, o governo anunciou um aumento de 20 por cento no programa oficial de financiamentos para a safra que começa a ser colhida, ou alta de cerca de 30 bilhões de reais sobre o programa anterior, mas a elevação ocorreu sobretudo nos recursos a juros livres, sem subsídios dos cofres públicos.

Para dar impulso nessa linha, o governo determinou o direcionamento obrigatório para operações de crédito rural dos recursos captados pelas instituições financeiras por meio de LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio).

Segundo Nassar, contudo, esse direcionamento ainda não decolou.

"Nós estimamos no lançamento da safra 30 bilhões de reais de LCA e foram até agora 1,1 bilhão. Certamente nós não vamos executar os 30 bilhões nos seis meses que faltam aí", disse.

"Tem questões regulatórias que a gente tem que pensar como é que a gente faz, como é que a gente alavanca essas LCAs", afirmou ele, completando que, principalmente por essa razão, "no final da safra nós não vamos executar os 187 bilhões".

INVESTIMENTO MENOR

No período de julho a dezembro de 2015, os financiamentos agrícolas no Brasil somaram 76,5 bilhões de reais, praticamente estáveis sobre igual etapa do ano anterior, mas representando 41 por cento do total disponibilizado pelo governo federal no âmbito da safra. Em 2014, o percentual para o mesmo período havia sido de 49 por cento.

O número de operações de crédito, por sua vez, caiu 18 por cento na mesma comparação, para 388.579, em um ambiente de maior risco para os bancos, informou o Ministério da Agricultura.

Parte da queda nas operações de crédito na safra 2015/16 se deve a uma maior seletividade dos bancos em cenário de maior risco, disse Nassar, em um momento em que produtores "claramente" estão reduzindo seu apetite por investimentos.

Durante coletiva de imprensa, o ministro interino ressaltou que, mesmo não chegando aos 187 bilhões de reais, a safra terá "desempenho muito positivo" no custeio e comercialização com juros controlados.

De julho a dezembro do ano passado, foram aplicados 55,7 bilhões de reais em custeio e comercialização a juros controlados, correspondentes a 58 por cento do total previsto para a safra. A juros livres, foram 7,7 bilhões, apenas 15 por cento do estimado para o plano 2015/2016.

Em outra frente, os investimentos somaram 13 bilhões de reais de julho a dezembro de 2015, 34 por cento do previsto para a safra como um todo e bem abaixo dos 21,4 bilhões de reais em igual etapa de 2014.

"A agricultura veio numa tendência de vários anos anteriores de fortes investimentos, é momento de produtor priorizar o custeio", avaliou Nassar ao comentar essa queda, citando o ambiente de juros maiores, menos favorável aos investimentos.

"É ano de maior risco, produtor enxerga queda de preços internacionais, ele prefere se endividar no curto prazo, que é o custeio, e não mais no longo prazo (que é o investimento)", completou.

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Fonte:
Reuters

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