Suiá Missú: Produtores do Posto da Mata resistem, vizinhos chegam para ajudar
Publicado em 11/12/2012 17:07
e atualizado em 12/12/2012 09:24
Nesta terça-feira (11) não houve relato de novas violências contra os moradores do Posto da Mata (Nordeste do Mato Grosso, região do Alto Araguaia). O Posto da Mata é o epicentro dos conflitos de desapropriação da área Suiá Missú, determinada pela Justiça Federal.
A tensão continua, pois a Polícia Federal e a Força Nacional ainda não se desmobilizaram, e não houve nenhuma ordem vinda de Brasília para que a cesse a desocupação da vila de produtores rurais. A paz momentânea foi conseguida depois da resistência dos moradores e dos episódios violentos por parte dos soldados da Força Nacional na segunda-feira.
Moradores da vizinhança (Ribeirão Cascalheira,Querencia e Canarana) estão se mobilizando para entrar no Posto da Mata, e ali se juntarem aos moradores da localidade na resistência contra as forças policiais. No Posto da Mata residem mais de 7 mil pessoas, que deverão ser desalojadas de suas casas para que a área seja entregue a um grupo de Xavantes.
A área em questão foi reconhecida pela Justiça Federal como propriedade dos índios da etnia Xavante, porém, a população local tenta provar que é proprietária legal do que possui na região há mais de 30 anos. Entretanto, mais de 900 mandados de desintrusão já foram determinados judicialmente por meio de uma execução provisória de sentença.
A situação ficou mais tensa no povoado quando, nesta segunda-feira (10), mais de 40 pessoas ficaram feridas durante o conflito com as forças policiais, entre elas mulheres e crianças. Há produtores que afirmam estar "dispostos a morrer por suas terras".
Ainda nesta segunda, uma garota de 12 anos tentou se suicidar ingerindo agrotóxicos. A menina escreveu um bilhete dizendo que “se precisasse alguém morrer para sensibilizar as autoridades, ela faria isso pela comunidade”, segundo relatou Carlos Fávaro, presidente da Aprosoja Mato Grosso. A garota foi rapidamente socorrida, não chegou a tomar o veneno e está internada.
A resistência continua pois, como relatam os produtores rurais, o governo não apresenta um plano de desocupação como vinha sendo prometido. "A irresponsabilidade de quem está operando isso é muito grande. Nós tentamos o diálogo várias vezes, pedimos a eles um plano de desocupação que desde o início disseram que teria, mas nunca nos apresentaram, então, estamos aqui à deriva", diz Sebastião Prado, produtor rural de São Félix do Araguaia.
Sebastiao Prado disse ainda que há mais de 90 dias o governador do estado do Mato Grosso, Silval Barbosa, tenta uma reunião com a presidente Dilma Rousseff, porém, sem resposta. "Nós tivemos uma reunião na Secretaria Geral da Presidência da República e o ministro Gilberto Carvalho garantiu que se houvesse fraude nessa demarcação, iríamos voltar à estaca zero, pediu 15 dias para resolver essa situação, os 15 dias venceram no último dia 20 e ele nunca nos deu uma resposta". Clique no link abaixo e veja a entrevista de Sebastião Prado ao Notícias Agrícolas:
Segundo Luiz Alfredo de Abreu, advogado da Associação dos Produtores Suiá Missu, essa ação de desocupação na gleba Suiá Missu é irregular, já que a Funai (Fundação Nacional do Índio) não prestou caução, que é a cautela contra um dano provável, e não foi feito o inventário dos bens das famílias que residem na área.
"A fraude da Funai foi denunciada pelos próprios Xavantes. Houve um deslocamento vergonhoso da verdadeira terra para a área de conflito, uma vez que a terra ocupada em tempos remotos pelos Xavantes foram desapropriadas pelo Incra", diz Abreu.
Segundo explica o advogado, essa situação de irregularidade é comprovada pela denúncia dos Xavantes e cerca de mais de 500 índios ingressaram nos autos após o julgamento da prática da Funai. Abreu afirma ainda que as decisões judiciais permitem recurso especial e extraordinário, uma vez que não foram ainda transitadas em julgado. Veja a entrevista de Luiz Alfredo de Abreu:
Índios e produtores do mesmo lado - Entretanto, apesar dessa situação ainda muito tensa e de informações desencontradas, índios e produtores rurais estão lutando do mesmo lado. Em São Félix do Araguaia há 180 caciques da etnia Xavante ao lado dos moradores locais mostrando que não têm interesse nas terras da gleba Suiá Missu.
Em entrevista ao Notícias Agrícolas, o Cacique Pajé dos Xavantes, Zé Luiz, declarou que o que seu povo pede é uma área no cerrado. "Eu estou ajudando o povo do Posto da Mata. A terra que nós estamos querendo é a terra da Aldeia Velha, no Cerrado, porque dentro da mata virgem nunca fizemos aldeia", disse Zé Luiz. Segundo Sebastião Prado, cerca de 85% da etnia dos Xavantes estão do lado dos produtores em São Félix do Araguaia.
População Local - E não são só índios e produtores rurais que sofrem com o confronto, mas toda a população local. Segundo relatou Roberto Soares da Silva, comerciante em São Felix, todos possuem documentos oficias que provam a legalidade de suas terras e, por conta disso, a resistência deverá continuar.
Silva é dono de um posto de gasolina e tem até o dia 17 de dezembro, próxima segunda-feira, para desocupar a área e deixar para trás um investimento de mais de R$ 2 milhões. "Não se fala em indenização, o que para tirar, se tira, o que não der, não tira. O que eu vou fazer com uma cobertura de lata, um tanque de gasolina, eu vou fazer o que dá vida? Infelizmente, é reagir. Nós vamos resistir até as últimas consequências", diz o comerciante. Veja o depoimento de Silva:
Mobilização - Uma mobilização foi marcada para a próxima sexta-feira, 14 de dezembro, no povoado de Posto da Mata, a partir das 14h, quando acontece um ato ecumênico. O movimento deverá reunir produtores de todo o estado do Mato Grosso para apoiar os moradores de Suiá Missu intimados a deixar suas terras. Confira mais informações na entrevista de Marcos da Rosa:
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Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas
4 comentários

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silene soares dos santos Ribeirão Cascalheira - MT
Isso é uma vergonha para as autoridades,vendo tudo isso acontecer e nao faz nada para resolver o problema, nao esses indios nem trabalham na terra , os posseiros sim morrem por essas terras se for preciso, pois foi ali que construiram suas vidas.que País é ese que vivemos onde o mais fraco nao tem direitos só deveres?
Tiago Oliveira da Rosa Caseiros - RS
Pessoal! O que está acontecendo lá no MT é o mesmo que enfrentaremos aqui no RS, não podemos mais sermos omissos, temos que ir a luta, a hopra é agora ou será tarde demais,vamos nos unir com nossos colegas lá no MT e mostrar para este nosso governo relapso que estas terras tem dono e foram pagas com suor do trabalho árduo e inclusive os impostos absurdos nestes longo dos anos foram pagos pelos proprietários não pela Funai.VAMOS LÁ PESSOAL
Dina rezende Vila rica - MT
A IMPRENSA EM GERAL, nao vislumbrou e nao tocou no assunto principal ao problema central do suiamissu: GILBERTO LUIS RESENDE; maior posseiro do brasil, ele e sua quadrilha, envolvida em venda de terras da uniao ( confeccionando papeis falsos) ;
Retirando produtores reais e verdadeiros donos de terras com pistoleiros contratados a preços de ouro; lavagem de dinheiro; envolvido em trafico internacional de drogas; respondendo judicialmente por homicidios; acusado de matar um cacique ; acusado de provocar os grileiros e incitar para conflitos; AGORA SE DEU MAL : governantes, poder judiciario, mpf, policia federal; estao no encalsso deste MAIOR ESTELIONATARIO DO MATO GROSSO.salvador reis neto Santa Tereza do Oeste - PR
se mobilizem nao se entrgue,terra para quem vive trabalha e produz gerando remda e dividendos para o paiz