Bovespa fecha na mínima após Fed, em queda de 2,45%, pressionada por blue chips

Publicado em 29/10/2014 17:49 e atualizado em 29/10/2014 18:38
BC dos EUA confirma fim de programa de estímulo à economia

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Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - A Bovespa fechou no vermelho nesta quarta-feira, na mínima do dia, em sessão marcada pelo corte de recomendação das blue chips Petrobras e Vale por bancos estrangeiros e resultados corporativos negativos, enquanto permanece a expectativa sobre a nova equipe econômica do governo.

O anúncio do fim do programa de compra de títulos pelo banco central dos Estados Unidos ao término da sua reunião de dois dias de política monetária ampliou as perdas no pregão local na parte da tarde.

O Ibovespa fechou em queda de 2,45 por cento, a 51.049 pontos. O volume financeiro da sessão somou 8,3 bilhões de reais.

De acordo com o gestor Julio Erse, sócio da NP Investimentos, a bolsa ainda passa por uma acomodação após a eleição presidencial no domingo, no aguardo de indicações sobre a política econômica a ser adotada no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff.

"É preciso ainda saber quem é a nova equipe, avaliar o que será dito e então traçar um cenário (para investimentos). Ainda há muita desconfiança, é justificado não pagar na frente sem um sinal claro de correção do curso das atuais políticas econômicas dado o histórico do governo reeleito", avaliou Erse.

Nos EUA, o Federal Reserve encerrou o programa de títulos conforme esperado amplamente pelo mercado e sinalizou confiança de que a recuperação econômica seguirá nos trilhos nos EUA, apesar de sinais de desaceleração em muitas partes da economia global.

Jack Ablin, vice-presidente de Investimentos do BMO Private Bank, avaliou que o Fed "manteve a porta aberta para uma alta de juros iminente, ao menos retoricamente falando", embora não acredite que isso vá acontecer.

 

AÇÕES

Petrobras encerrou entre as maiores quedas do Ibovespa, conforme seguem especulações sobre reajuste de combustíveis. A empresa disse nesta manhã que não há, no momento, decisão sobre o assunto. O Goldman Sachs cortou a recomendação dos papéis de "compra" para "neutra", bem como reduziu o preço-alvo e os excluiu da sua lista LatAm Spotlight.

Vale também sofreu neste pregão, véspera de divulgação do balanço, após nova queda nos preços do minério no mercado à vista na China, para perto do menor nível desde 2009. O Credit Suisse cortou a recomendação para o ADR da mineradora de "neutra" para "underperform" e o preço-alvo.

A unit da Santander Brasil despencou quase 7 por cento, véspera da oferta pública voluntária de permuta de suas ações e units por recibos de ações (BDRs) do Santander Espanha.

Em nota a clientes, o Itaú BBA explicou que usando a relação de troca da oferta, a ação está sendo negociada com desconto. Mas lembrou que quem comprou ações nesta quarta-feira não poderá participar da oferta de ações na quinta-feira, uma vez que a liquidação acontece só depois da oferta.

O Itaú citou que no caso de a oferta alcançar pelo menos 66,6 por cento de aceitação, os acionistas de Santander Brasil terão uma put (opção de venda) contra o Santander Espanha por três meses. Assim, eles poderão trocar a unit do Santander Brasil por ações do Santander Espanha na mesma relação da oferta.

Mas se a operação não alcançar 66,6 por cento, os acionistas permanecerão com as units, mas provavelmente com uma liquidez muito menor e governança corporativa mais fraca, uma vez que o banco está deixando o Nivel 2 de governança corporativa da Bovespa.

BALANÇOS

Usiminas teve a maior queda do índice, de 8 por cento, após divulgar mais cedo prejuízo de 24 milhões de reais e Ebitda abaixo do esperado por analistas. Ata de reunião do conselho fiscal da siderúrgica obtida pela Reuters também mostrou que há desconfiança sobre a legitimidade na demissão de executivos. O Itaú BBA cortou o papel para "underperform", abaixo da média do mercado.

Cielo caiu 0,87 por cento. A empresa anunciou na véspera que a combinação de receitas fortes e maiores volumes de pré-pagamentos garantiu um aumento anual do lucro no terceiro trimestre, mas prevê um 2015 desafiador.

CCR perdeu 1,8 por cento, um dia após divulgar lucro líquido de 346,1 milhões de reais no terceiro trimestre, queda de 14,2 por cento ante mesmo período de 2013, praticamente em linha com o esperado.

A agenda da safra de balanços reserva para a quinta-feira o desempenho trimestral de Bradesco antes da abertura, além de Vale, enquanto BRF, Pão de Açúcar, EDP Energias do Brasil, Suzano e PDG Realty divulgam seus resultados após o fechamento.

Na Folha: BC dos EUA confirma fim de programa de estímulo à economia

O Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) confirmou nesta quarta-feira (29) o esperado fim de seu programa de compra de títulos, uma das ferramentas utilizadas para estimular a economia.

Após reunião do comitê de política monetária, o Fomc, o Fed anunciou também a manutenção da taxa básica de juros da economia norte-americana entre zero e 0,25% –patamar mantido desde 2008.

Em comunicado, a autoridade monetária usa novamente a expressão "tempo considerável" ao se referir ao prazo para que um novo ciclo de aumento de juros tenha início.

O tom do texto, no entanto, é mais otimista que o do último comunicado, divulgado em setembro.

"A atividade econômica está se expandindo em ritmo moderado. As condições do mercado de trabalho melhoraram ainda mais, com ganhos sólidos e um índice de desemprego mais baixo", diz o comunicado.

"Uma série de indicadores sugere que a subutilização dos recursos de trabalho está diminuindo gradualmente."

Para avaliar a política de juros, o Fed analisa principalmente a perspectiva para a inflação e as condições do mercado de trabalho.

O comunicado afirma que a inflação deve permanecer baixa no curto prazo, especialmente devido a preços mais baixos de energia e outros fatores. "O comitê julga, no entanto, que a probabilidade de a inflação continuar persistentemente abaixo de 2% diminuiu."

COMPRA DE TÍTULOS

Com a decisão anunciada nesta quarta, o Fed encerra no fim deste mês a rodada mais recente de seu programa de compra de títulos do Tesouro, cujas três fases somaram US$ 4,5 trilhões em gastos desde 2008.

A última rodada, com compras de US$ 85 bilhões por mês, teve início em setembro de 2012 e vinha sendo reduzida desde janeiro.

"O comitê julga que houve melhora substancial na perspectiva para o mercado de trabalho desde a inserção de seu programa atual de compra de ativos", afirma o texto.

"Além disso, continuamos vendo força suficiente na economia para apoiar o progresso em direção ao emprego máximo em um contexto de estabilidade de preços. Por isso, o comitê decidiu encerrar seu programa de compra de ativos neste mês."

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Fonte:
Reuters + Folha

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