Por que o socialismo sempre irá fracassar?
A queda do Muro: a perspectiva de Alan Greenspan
Amanhã a queda do Muro de Berlim completa seu vigésimo-quinto aniversário. Foi um marco da história, selando definitivamente o fracasso da experiência socialista, que precisou erguer um muro para impedir a saída do próprio povo.
No capítulo 6 do seu livro de memórias A Era da Turbulência (Elsevier Editora, 2007), Alan Greenspan comenta sobre os empolgantes anos da queda do Muro de Berlim em 1989 e o fim da União Soviética mais tarde. A seguir, coloco alguns trechos que considero mais interessantes:
“Como os Chevrolets 1957 nas ruas de Havana, aquela relíquia (um trator a vapor da década de 1920) representava a diferença fundamental entre sociedades sob planejamento central e sociedades capitalistas: lá não havia destruição criativa, não existia o ímpeto para construir melhores ferramentas.”
“Sem mercados eficientes para determinar a oferta e a demanda, as conseqüências quase sempre são enormes excedentes de produtos que ninguém quer e enormes faltas de produtos que muita gente quer, mas que não são produzidos em volumes adequados.”
“Sem a ajuda de mecanismos de formação de preços, o planejamento econômico soviético não contava com a orientação constante do feedback eficaz. Igualmente importante, os planejadores não contavam com os sinais das finanças para ajustar a alocação das poupanças para investimentos reais produtivos, que acomodassem as mudanças nas necessidades e nos gostos da população.”
“Depois da Segunda Guerra Mundial, as democracias européias se deslocaram para o socialismo e o equilíbrio se inclinou na direção do controle governamental central, mesmo nos Estados Unidos – afinal, todo o esforço de guerra da indústria americana fora obra, na verdade, do planejamento central.”
“Em economia, experimentos controlados raramente são possíveis, mas, com esse propósito, não se poderia desenvolver nada melhor que a comparação entre a Alemanha Oriental e a Alemanha Ocidental, nem mesmo em laboratório. Ambos os países começaram com a mesma cultura, com a mesma língua, com a mesma história e com o mesmo sistema de valores. Então, durante quarenta anos, competiram em lados opostos de uma linha, com muito pouco comércio entre si. A grande diferença sujeita a teste eram os sistemas político e econômico: capitalismo de mercado versus planejamento central.”
“A queda do muro expôs um grau de decadência econômica tão devastador que surpreendeu até os mais céticos. A força de trabalho da Alemanha Oriental, constatou-se, apresentava apenas um terço da produtividade da força de trabalho da Alemanha Ocidental, bem aquém dos 75% a 85% supostos até então.”
“’Fim da União Soviética – Gorbachev, último líder soviético, renuncia; EUA reconhecem independência das repúblicas’, foi a manchete do New York Times de 26 de dezembro – ao deparar com ela, lamentei que Ayn Rand não estivesse viva para vê-la. Ela e Ronald Reagan foram duas das poucas pessoas a prever, algumas décadas antes, que a URSS acabaria implodindo.”
“O colapso do planejamento central não estabeleceu imediatamente o capitalismo, ao contrário das previsões róseas de muitos políticos conservadores. Os mercados ocidentais se erguem sobre vasta base de cultura e de infra-estrutura, que evoluiu ao longo de gerações: leis, convenções e comportamentos, além de profissões e práticas de negócios, que não eram necessárias nas economias sob planejamento central. Forçados a fazer a mudança da noite para o dia, os soviéticos alcançaram não o sistema de livre mercado, mas o do mercado negro. (…) Falta a certeza do direito de propriedade, pino mestre da economia de mercado. (…) Poucas pessoas arriscarão o próprio capital se as recompensas estiverem sujeitas à apreensão arbitrária pelo governo ou pelas massas.”
“Marx de modo algum foi o primeiro a condenar a propriedade privada; a noção de que a propriedade privada é pecaminosa, assim como a obtenção de lucro e o empréstimo a juros, tem raízes profundas no cristianismo, no islamismo e em outras religiões. Apenas com o Iluminismo surgiram princípios opostos, que forneceram a base moral da propriedade, do lucro e do juro. John Locke, grande filósofo britânico do século XVIII, escreveu sobre o ‘direito natural’ de todos os indivíduos ‘à vida, à liberdade e à propriedade’. Essa reflexão exerceu profunda influência sobre os Pais da Pátria americana, e contribuiu para fomentar o capitalismo de livre mercado nos Estados Unidos.”
“A confiança na palavra alheia, principalmente de estranhos, era outro elemento que notoriamente faltava na nova Rússia. Quase não pensamos nessa faceta do capitalismo de mercado, mas ela é crucial. (…) Nas sociedades livres, quase todas as transações são, portanto, inclusive por necessidade, espontâneas. Esses intercâmbios voluntários, por sua vez, exigem confiança. (…) Mas a confiança precisa ser conquistada; a reputação é, em geral, o ativo mais valioso de uma empresa.”
“Por fim, ainda persiste certo protecionismo latente, nos Estados Unidos e alhures, que pode emergir como força poderosa contra o comércio e as finanças internacionais, debilitando o próprio capitalismo de livre mercado, mormente se a economia mundial de alta tecnologia, hoje predominante, perder o viço. Entretanto, o veredicto contra o planejamento central já havia sido proferido, e fora inequivocamente adverso.”
Infelizmente, grande parte do povo brasileiro ainda não acordou para este fato!
Rodrigo Constantino
Você quer um mundo em que as pessoas andem descalças?
Por Carolina de Vasconcellos*, publicado noInstituto Liberal
De acordo com Nathaniel Branden, psicólogo americano autor do livro “The Psychology of Self-Esteem” (“A Psicologia da Autoestima”), autoestima é “a disposição de experienciar-se como competente para lidar com os desafios básicos da vida e ser merecedor da felicidade. É a confiança na eficácia da nossa mente, nossa capacidade de pensar. Portanto, é a confiança na nossa habilidade de aprender, fazer escolhas apropriadas e responder efetivamente à mudança. É também a experiência de que sucesso, realização, preenchimento – felicidade – são certos e naturais para nós.”
Não é de se admirar que, diante disso, Branden se classifique como um libertário.
Em sua palestra na Libertarian Party of California, em 2000, o americano discorreu a respeito de temas libertários e sua relação com a psicologia. Neste artigo, me propus a analisar algumas de suas colocações mais marcantes (em aspas, as frases dele; no resto do artigo, minhas ponderações).
“A mentalidade libertária pressupõe a disposição em aceitar responsabilidade por sua própria existência”.
A questão da autorresponsabilidade é um dos pilares do conceito de autoestima de Nathaniel Branden. Trata-se da compreensão de que nós temos a capacidade de causar efeitos desejados em nossas vidas e sermos responsáveis por nosso futuro, através de uma vida orientada ativamente e não passivamente (ou “victim-like”).
De acordo com Branden, apesar dos programas de bem-estar social terem surgido com o objetivo de diminuir a dependência, eles somente pioraram este problema, através da corrosão da autoestima e autorrespeito das pessoas.
Imagine que você esteja doente ou passando por momentos de dificuldade. É comum que sua autoestima fique fragilizada, por vezes desacreditando em sua capacidade de enfrentamento ou no sucesso futuro. Entretanto, diversos estudos mostram que pessoas que lidam com essas dificuldades de forma positiva tem melhor qualidade de vida e saem das dificuldades com maior facilidade. Bem, isso é o que a psicologia nos ensina.
E o que nos ensina a política? O exato oposto. O poder político sobrevive justamente das demandas de auxílio e proteção. O governo certamente faz um bom trabalho em convencer as pessoas de que, sem ele, não seriam capazes de conquistar quase nada e ficariam indefesas. E quanto mais vitimizado e frágil você se sentir, mais delegará sua própria existência ao auxílio e proteção externos. Com isso, cresce o poder do Estado, o estatismo e as demandas, num círculo vicioso.
“Nós criamos uma nação com números crescentes de pessoas que realmente pensam que tem direito a tudo aquilo que acham que precisam”.
Uma das consequências esperadas da mentalidade estatista é a transferência da responsabilidade pelo próprio futuro para o outro. O “outro” seria o Estado, não fosse o próprio Estado dependente de “outros”. Como se caíssem do céu e precisassem somente de “vontade política” para recolhê-los e distribuí-los, bens e serviços recebem uma nova nomenclatura: direitos. Basicamente são uma “garantia”, em forma de lei, de que você receberá aquilo de que necessita ou deseja. No mundo real, aquele que existe fora das fantasias megalomaníacas de legisladores (que acreditam em canetas com poderes sobrenaturais), temos restrições executivas e morais a este plano. Bens e serviços não nascem pela “vontade política”, mas pelo trabalho das pessoas. Se alguém tem que te dar algo de graça, significa que está trabalhando de graça. Portanto, bens e serviços não são direitos, como Branden explica primorosamente:
“Você não pode ter um direito natural a algo que outra pessoa tem que produzir. Você não pode ter um direito somente pelo fato de ter nascido, porque veja a posição em que isso coloca as pessoas de quem você coletará este direito, elas viram seus servos”.
Outro aspecto interessante em relação aos estudos de Branden refere-se à capacidade de responder às mudanças. Em seu discurso, ele compara a transição de duas eras – a de economia industrial, nos anos 1980, para a economia de informação, nos anos 2000.
“Estamos vivendo em um mundo em que o principal ativo de capital é o que carregamos entre as orelhas”.
Para o psicólogo, este novo mundo em que vivemos requer um nível mais alto de desenvolvimento psicológico do que em épocas anteriores. Há poucas décadas, a maioria dos trabalhos necessitava de um curto treinamento prévio, com posterior aplicação deste treinamento de forma quase monótona; com a era da informação, devido à rapidez com que o conhecimento tem se aprimorado, o mundo tornou-se um lugar cheio de oportunidades, porém também mais assustador – depende de como está sua autoestima e, portanto, sua resposta a essas mudanças.
“Uma das razões para o ressurgimento do fundamentalismo religioso, do tribalismo, do racismo, é que as pessoas estão assustadas”.
Na própria conceituação de autoestima, a palavra “confiança” é continuamente repetida, ela é peça-chave do próprio conceito. Em uma mente dominada pelo medo, há pouco espaço para a confiança. Os movimentos acima citados são movimentos coletivistas, que anulam o indivíduo. Com a perda da confiança no indivíduo e a atribuição externa das responsabilidades, a ideia de “grupos” se fortalece – inclusive de “grupos inimigos”. O medo aumenta a demanda por segurança – para isso, muitos estão dispostos a abrir mão da própria liberdade.
“Uma sociedade libertária requer um nível de maturidade psicológica mais alto que a requerida num estado de bem-estar social, ou numa sociedade socialista”.
A ideia de autorresponsabilidade e adaptação a mudanças são essenciais para uma sociedade libertária, que não se baseia em coerção, proteção ou privilégios estatais, e sim em voluntarismo. Infelizmente, como bem ressalta Braden, não nos preparamos para ela, pelo contrário: as crianças hoje tendem a ser criadas com um senso de merecimento inato, sem os instrumentos para lidar com a realidade econômica atual ou as oportunidades de uma sociedade livre.
“Uma das maneiras que considero úteis para fazer as pessoas ao menos entenderem o que é o Libertarianismo é construir pontes entre a arena em que elas entendem o que é autorresponsabilidade e mostrar como se aplica à área em que não pensaram em aplicar ainda”.
Finalmente chegamos à parte dos sapatos, que deu o título a este artigo. Branden pede que imaginemos que estamos no início da formação dos EUA e que chegou-se à conclusão de que o governo deveria ser responsável por prover sapatos para as pessoas. Isso pareceria óbvio, já que ninguém quer que os cidadãos andem descalços. Imagine então que um “radical maluco” dissesse: “Eu não acho que o governo deve prover sapatos, acho que deveríamos privatizar a questão dos sapatos”. As pessoas diriam: “Você está maluco? Não tem compaixão? Você quer um mundo de pessoas pobres e criancinhas andando descalças?”. Então Nathaniel Branden interrompe a imagem mental e diz: “Este é um erro que não cometemos”. Pelo acesso aos sapatos pelas diferentes classes sociais em todo o mundo, sabemos que ele está certo.
E você, quer um mundo em que as pessoas andem descalças?
* Psiquiatra
Chega de doutrinação marxista nas escolas!
Minha mulher levava nossa filha e duas amigas para um shopping quando meu nome veio à tona. É que um professor da escola delas – uma escola particular muito respeitada e rigorosa – fica usando seu canal nas redes sociais para me atacar e defender o governo Dilma. Minha esposa explicava que em sua página ele era livre para tanto, e só não podia fazer campanha partidária – para o PT ou para a oposição – dentro da sala de aula. Isso é crime.
Foi quando o assunto migrou para comunismo versus capitalismo. Uma delas, cuja mãe é empresária, disse que o capitalismo também falhou, afinal, o mundo é imperfeito e com muita desigualdade (só faltou culpar o capitalismo pela miséria africana). E acrescentou que o lado bom do comunismo é desejar que todos tenham as mesmas oportunidades, acesso aos mesmos bens materiais. Ela tem um iPhone, por que os alunos da escola pública em frente não podem ter também?
Estamos falando de meninas com 12 anos. A elite de esquerda tem repetido a mesma ladainha por aí. Para essas pessoas, ser socialista, comunista ou de esquerda é desejar que os mais pobres tenham os mesmos bens que os ricos. Nada mais falso! Mas é o que vem sendo repetido pela esquerda caviar, justificando a contradição entre acumular cada vez mais bens e ao mesmo tempo pregar o socialismo igualitário.
Os socialistas não querem melhorar a vida dos mais pobres, ou ao menos não são os únicos que querem isso. O que fazem é monopolizar as virtudes. Quem efetivamente melhora a vida dos mais pobres é o capitalismo, uma economia liberal com foco na busca do lucro em ambiente de livre concorrência. Todas as experiências comprovam o que a teoria explica.
O que os socialistas efetivamente querem é tirar dos ricos, pois partem da premissa de economia como jogo de soma zero, em que João, para ficar rico, teve de tirar de Pedro. Ou seja, o lucro seria uma exploração, uma “mais-valia”. Rejeitam a ideia de mérito, de vocações e dons distintos, o que sempre levará a desigualdades em ambiente de liberdade. O que os socialistas fazem é explorar a culpa das elites abastadas, e começam a fazer isso bem cedo, como podemos ver.
Gustavo Ioschpe, em sua coluna na Veja desta semana, conta justamente como tem ficado estarrecido com a doutrinação marxista nas escolas particulares do Brasil. Como especialista no tema educação, faz várias palestras, e tem se deparado com alunos que elogiam o modelo cubano, onde só há proselitismo ideológico e as pessoas são proibidas de ler o que desejam.
Alguns chegam ao extremo de acusá-lo de preconceito por cobrar conhecimento objetivo e capacidade de leitura dos alunos. Estamos nivelando por baixo, enaltecendo a mediocridade, e espalhando marxismo por aí, sem que os pais saibam ou façam algo a respeito. Ioschpe faz a seguinte pergunta:
Pois é. Muitos não sabem, outros não ligam, e alguns acham que faz parte, mas que em casa conseguem inocular seus filhos com o antivírus ao marxismo. Mas o fato é que estão substituindo um ensino mais objetivo por uma máquina de doutrinação ideológica, o que é um absurdo e prejudica bastante o país.
Para começo de conversa, a meritocracia e a responsabilidade individual, dois valores liberais que os socialistas condenam, precisam fazer parte de qualquer ensino de qualidade. Ou será que os professores vão, agora, em nome da igualdade, somar a nota dos melhores com a dos piores e dividir igualmente entre eles? Será que vamos endossar o fim da cobrança individual no desempenho escolar, em nome do coletivismo de esquerda? Ioschpe conclui:
Escola sem partido já! Chega de doutrinação marxista nas escolas de nossos filhos!
Rodrigo Constantino