EDITORIAL DO ESTADÃO: Crime de responsabilidade

Publicado em 16/11/2014 15:57 e atualizado em 17/11/2014 13:57
edição de domingo em O Estado de S. Paulo (+ blogueiros de veja.com)

Quando começou a vir à luz o conteúdo das investigações da Operação Lava Jato, lançada pela Polícia Federal (PF) em março deste ano para apurar a corrupção dentro da Petrobrás, houve quem previsse que a dimensão dessa encrenca poderia comprometer a realização das eleições presidenciais. Esse vaticínio catastrófico era obviamente exagerado. Mas os acontecimentos dos últimos dias revelam que esse escândalo sem precedentes não apenas compromete indelevelmente a imagem da maior empresa brasileira e da cúpula do partido que controla o governo federal há 12 anos - inclusive o ex-presidente Lula e a presidente reeleita Dilma Rousseff, como mostramos em editorial de sexta-feira -, mas pode ser só a ponta de um gigantesco iceberg.

Para ficar apenas nos acontecimentos mais importantes dessa semana: a empresa holandesa SBM Offshore, fornecedora da Petrobrás, fez um acordo com o Ministério Público de seu país pelo qual pagará US$ 240 milhões em multas e ressarcimentos para evitar processo judicial por ter feito "pagamentos indevidos" para obter contratos no Brasil e em outros dois países. No Brasil, a CGU iniciou investigações sobre as suspeitas de que cerca de 20 funcionários da Petrobrás teriam aceitado suborno da empresa holandesa.

Na quinta-feira, a auditoria PricewaterhouseCoopers anunciou que não vai assinar o balanço contábil do terceiro trimestre da Petrobrás - cuja divulgação foi por essa razão adiada - enquanto não conhecer as conclusões das investigações internas da empresa sobre o escândalo, por temer o impacto do desvio de recursos sobre os ativos da petroleira. Trata-se de uma precaução raramente adotada por firmas de auditoria - o que demonstra a gravidade da situação da Petrobrás.

Na sexta-feira, a Operação Lava Jato iniciou nova fase, colocando 300 policiais em ação em cinco Estados - São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Pernambuco e Minas Gerais - mais o Distrito Federal, para cumprir 85 mandados de prisão ou de busca contra executivos de empreiteiras e outros investigados por crimes de organização criminosa, formação de cartel, corrupção, fraude à Lei de Licitações e lavagem de dinheiro. Para começar, prenderam no Rio de Janeiro o ex-diretor de Serviços da Petrobrás Renato Duque, indicado para o cargo por José Dirceu.

Enquanto isso, chega a cerca de uma dezena o número de investigados da Lava Jato que reivindicam o benefício da delação premiada, numa demonstração de que quem tem o rabo preso no escândalo já percebeu que a casa caiu e a melhor opção é entregar os anéis para salvar os dedos, como já fizeram o ex-diretor Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef.

Diante das surpreendentes proporções do esquema de corrupção armado dentro da maior estatal brasileira com o objetivo de carrear recursos para o PT e seus aliados, não surpreende que os dois presidentes da República no poder durante o período em que toda essa lambança foi praticada soubessem perfeitamente o que estava ocorrendo. Em 2010 - Lula presidente e Dilma chefe da Casa Civil -, o Palácio do Planalto, por meio de veto aos dispositivos da lei orçamentária que bloqueavam os recursos, liberou mais de R$ 13 bilhões para o pagamento de quatro contratos de obras da Petrobrás, inclusive R$ 6,1 bilhões para a Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. O TCU havia chegado à conclusão de que esses custos estavam superfaturados, mas Lula e Dilma entenderam que era preferível tocar as obras. Só essa decisão comprova a responsabilidade desses políticos por um escândalo que deixa o Caso Collor no chinelo.

De fato, está registrada no Diário Oficial da União a prova documental da conivência de dois presidentes da República com a corrupção na Petrobrás. É um escândalo de dimensões mastodônticas que envolve todas as diretorias operacionais da estatal, dezenas de executivos de empreiteiras e outro tanto de políticos de praticamente todos os partidos mais importantes da base governista no desvio de recursos estimados em pelo menos uma dezena de bilhões de reais.

Somente alguém extremamente ingênuo, coisa que Lula definitivamente não é, poderia ignorar de boa-fé o que se passava sob suas barbas. Já Dilma Rousseff de tudo participou, como ministra de Minas e Energia e da Casa Civil e, depois, como presidente da República.

Devem, todos os envolvidos no escândalo, pagar pelo que fizeram - ou não fizeram.

‘Uma política em decomposição’, de Rolf Kuntz

Publicado no Estadão
 
Flores, muitas flores bonitas e perfumadas por toda parte, para disfarçar e tornar o ambiente mais tolerável? Nesta altura, seria inútil. A sexta-feira começou com novas prisões da Operação Lava Jato, a investigação policial sobre as bandalheiras na Petrobrás. Bem cedo a imprensa havia noticiado: a maior estatal e maior empresa brasileira, com ações no País e no exterior, precisou adiar a publicação do balanço. Falta o aval da firma de auditoria, a PricewaterhouseCoopers (PwC). Os auditores poderão encrencar-se nos Estados Unidos se assinarem as demonstrações de um cliente envolvido em histórias de corrupção. Para eles, o mais seguro é esperar.

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Jornais que sofrem de miopia seletiva não conseguem enxergar a manifestação nas ruas de São Paulo que aparece no vídeo

A manifestação de protesto promovida em São Paulo será comentada num post de bom tamanho. Antecipo a divulgação do vídeo de 7min37 para que todos os leitores vejam o que vi — e que não será visto neste domingo nos jornais que sofrem de miopia seletiva. A julgar pelo que apareceu nas versões digitais, fotos e textos vão reduzir o volume da multidão de indignados. E, claro, ampliar as dimensões da minoria de cretinos fundamentais que reivindicam uma “intervenção militar”.

O vídeo desmoraliza as duas espertezas. Só não enxergaram bem mais que 10 mil manifestantes — o que já seria de muito bom tamanho — repórteres que contam gente com a mesma seriedade exibida por Guido Mantega quando calcula o pibinho do trimestre ou a inflação mensal. E tanto as inscrições nas faixas ou cartazes quanto o conteúdo das palavras de ordem escancaram a ampla hegemonia dos democratas.

A segunda mobilização antipetista em 15 dias confirma que São Paulo compreendeu que é preciso deter o avanço da seita fora-da-lei. Surrada nas urnas, a companheirada começou a acumular derrotas também nas ruas. Sanduíches de mortadela e tubaína ajudam, mas não fazem milagre. Mesmo reforçado com duplas sertanejas, o kit-comício será incapaz de evitar a agonia eleitoral do bando.

O PT e seus comparsas foram longe demais ao tentarem revogar a fronteira que separa coisas da política e casos de polícia. Lula e Dilma, que sempre souberam de tudo, talvez ainda não saibam disso. Logo saberão.

(por Augusto Nunes)

 

Te cuida, Moro

sergio moro

Moro: o juiz durão da Lava-Jato na mira dos advogados das empreiteiras

Apesar da operação de sexta-feira passada, com prisões a rodo, os advogados ligados às empresas estão otimistas. Acham que já recolheram todo o material necessário para melar a operação. O alvo é o juiz Sergio Moro e alguns procuradores.

Por Lauro Jardim

 

 

Ecos do mensalão

ricardo pessoa preso

Ricardo Pessoa, presidente da UTC, foi preso

O grande desespero das empreiteiras em tempos de Operação Lava-Jato é a lembrança do que aconteceu no julgamento do mensalão.

Em suas conversas, reiteram o fato de que as maiores penas do mensalão sobraram para os empresários. E que eles, ao contrário de boa parte dos políticos condenados, ainda estão presos.

Por Lauro Jardim

 

70 nomes

prc

Paulo Roberto Costa: o primeiro dos delatores

De acordo com um ministro do STF, a lista de políticos implicados na Lava-Jato já chegou a 70 nomes.

Por Lauro Jardim

 

 

Lula no Sírio

Lula:discursando: um dos seus esportes prediletos

Exames de rotina

Está prevista para este sábado a internação de Lula no Sírio-Libanês, em São Paulo, para um check upde rotina.

Por Lauro Jardim

 

 

 

 

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Fonte:
O Estado de S. Paulo + VEJA

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