Caramba! Dois executivos de uma única empresa confessam ter pagado R$ 154 milhões em propina aos operadores do PT e do PMDB na P

Publicado em 17/11/2014 06:51 e atualizado em 17/11/2014 10:38
por Reinaldo Azevedo, de veja.com

Caramba! Dois executivos de uma única empresa confessam ter pagado R$ 154 milhões em propina aos operadores do PT e do PMDB na Petrobras; só um estafeta de ex-diretor petista aceita devolver R$ 252 milhões!!!

Quando aquela capa de VEJA veio a público, no dia 24 de outubro, não era só a confissão da roubalheira na Petrobras que chamava a atenção. Havia outra bomba: no âmbito da delação premiada, o doleiro Alberto Youssef se prontificara a ajudar a Polícia Federal a chegar a contas secretas que o PT manteria no exterior. Se a informação for confirmada, o partido pode ter seu registro cassado.

Youssef estaria mentindo? Então vamos ver. Dois executivos da Toyo Setal, que também fizeram delações premiadas — Augusto Mendonça Neto e Júlio Camargo —, confessaram ter pagado entre R$ 50 milhões e R$ 60 milhões de propina a Renato Duque, diretor de serviços da Petrobras e um dos homens do PT na empresa, e US$ 40 milhões a Fernando Soares — o correspondente a R$ 104 milhões — , que é apontado como o intermediário do PMDB. Vocês leram direito: dois executivos de uma empresa confirmam ter pagado só a dois diretores propinas que chegam, no mínimo, a R$ 154 milhões. Imaginem agora o tamanho do esquema, quantos eram os envolvidos e a que volume pode chegar a roubalheira.

Segundo Mendonça Neto e Camargo, o petista Renato Duque, em parceria com Pedro Barusco, gerente de serviços e seu braço direito, receberam R$ 6 milhões por obras na Revap (Refinaria Henrique Lage); R$ 3 milhões pelo gasoduto Cabriúna 2; R$ 2 milhões pelo Gasoduto Urucu, em Manaus, e R$ 32 milhões pela refinaria Presidente Getúlio Vargas, no Paraná. Atenção! Segundo a dupla, parte desse dinheiro foi paga no Brasil, em reais; parte foi depositada no exterior. A Polícia Federal conseguiu bloquear, vejam que mimo!, US$ 20 milhões numa conta que Barusco tem na Suíça. A engenharia, de fato, se tornou uma profissão muito lucrativa, né?

Mas isso é muito pouco. Esse tal Barusco, que não foi preso porque fez antes o acordo de delação, já aceitou devolver US$ 97 milhões — R$ 252 milhões. Entenderam o tamanho da coisa? O subordinado de Duque, seu estafeta, aceita devolver R$ 252 milhões!!! Um quarto de bilhão!

A Fernando Soares, que está foragido e apontado como homem do PMDB, os executivos da Toyo Setal dizem ter pagado o correspondente a US$ 40 milhões pela compra de duas sondas de perfuração. O método foi o mesmo: parte saiu em reais, parte foi depositada no exterior, em contas secretas. À Polícia Federal, forneceram números de contas bancárias e data dos depósitos. Os R$ 154 milhões, segundo contaram, foi a propina necessária para que a Toyo Setal fechasse nove contratos com a Petrobras.

Ao Fantástico, o advogado Mário de Oliveira Filho acusou a ilegalidade da decretação da prisão de Soares e disse que ele não vai se entregar. Segundo Oliveira, a defesa encaminhará um pedido de habeas corpus à Justiça para suspender a prisão. Afinal, diz ele, seu cliente nunca se negou a colaborar com a investigação.

Pois é… Por que, num processo de delação premiada, em que a inverdade não só impede qualquer benefício como agrava a pena, os dois mentiriam? Convenham: só a verdade poderá beneficiá-los. Eis aí o que se fez na Petrobras ao longo dos anos do mandarinato petista.

Por Reinaldo Azevedo

Dilma e o discurso ornitorrinco: bota ovo e tem bico, mas é mamífero. E ainda esconde uma glândula venenosa. Ou: PF nunca investigou algo de tal dimensão

Lá da Austrália, uma terra de fauna muito peculiar, como sabemos, Dilma tentou, acreditem, faturar com o escândalo da Petrobras — aquele mesmo que, segundo Alberto Youssef, era do seu conhecimento. Aquele mesmo para o qual, segundo Augusto Nardes, ministro do TCU, seu governo fora advertido. Fez um discurso mais exótico do que um ornitorrinco. O bicho semiaquático é mamífero, mas bota ovo e tem bico. E ainda esconde uma glândula de veneno.

No discurso ornitorrinco de Dilma, a gente entende que há ao menos uma coisa boa: o país nunca mais será o mesmo, segundo ela. Haverá, garante, uma “mudança no Brasil para sempre”. Ao destrinchar, ainda que à sua moda, o que quis dizer, lá veio a conversa mole de que toda a sem-vergonhice decorre do financiamento privado de campanha. Já tratei do assunto em outro post.

É mesmo, é? Que conversinha perigosa, não? Bancos também doam, não é? E, nesse caso, eles são regulados diretamente pelo governo federal — pelo Banco Central. E aí, presidente? Também há relações de troca, ou só os empreiteiros é que são malvadões? Isso é conversa para enganar trouxas. Mas o objetivo do meu post aqui é outro.

Vou aqui contestar uma tolice veiculada pela presidente e seus porta-vozes informais na imprensa. Querem fazer com que a investigação pareça uma virtude do governo: “Ah, esse, sim, combate a corrupção!” Opa! Calma lá! Em primeiro lugar, como sempre, há o nó lógico: quer dizer que o governo Dilma chegará ao auge da moralidade no dia em que se descobrir um escândalo por dia? Ora, presidente, se país rico é país sem pobreza; país decente é país sem ladrões em postos de comando. Ou a senhora pretende nos convencer de que é o excesso de larápios flagrados pela PF que evidencia o triunfo da moral?

Em segundo lugar, o PT está no poder desde 2003, e os ladrões pintaram e bordaram durante quase 12 anos. No período, a senhora foi a czarina da área energética — inclusive presidente do Conselho da Petrobras. Se a senhora insiste que o financiamento de campanha é a origem de todos os males, devo entender que o dinheiro sujo financiou, inclusive, a sua campanha? Nesse caso, devo considerar o seu mandato legítimo?

Dilma voltou à ladainha de escândalos do passado que não foram investigados. Ah, presidente… Quando um tal Pedro Barusco, um simples gerente e estafeta do petista Renato Duque, ex-diretor de serviços, admite devolver US$ 97 milhões ? R$ 252 milhões —, a gente começa a ter uma noção do tamanho do assalto. Nunca houve nada dessa dimensão no país e é difícil acreditar que tenha havido no mundo.

E a própria Dilma, tentando se livrar da confusão, confessa: é tramoia envolvendo partidos — muito especialmente, o seu partido. De fato, nunca se investigou algo desse tamanho antes porque, afinal, o PT ainda não havia chegado ao poder para produzir… algo desse tamanho!

Por Reinaldo Azevedo

 

O Supremo, a política prestes a cair de vez na clandestinidade mafiosa e a conversa mole dos ruminantes intelectuais

Falta apenas um voto — o ministro Gilmar Mendes pediu vista — para que o Supremo bata o martelo e jogue de vez o financiamento de campanha na clandestinidade. Aí, sim, a política brasileira cairá de vez nas malhas de uma verdadeira máfia. E isso será feito com o concurso de elegantes senhores togados e com a colaboração dos estúpidos e dos vigaristas. A que me refiro? A OAB entrou com uma ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade) contra a doação de empresas privadas a campanhas eleitorais. O verdadeiro patrocinador da causa, já demonstrei aqui em meu blog, é Luiz Roberto Barroso, que deveria ter tido o bom senso de não votar. Mas votou mesmo assim. Não me espanta. Adiante! A tese mentirosa, ridícula mesmo, é que a roubalheira que está em curso na Petrobras, por exemplo, só existe porque as empresas fazem doações a partidos e, depois, cobram a compensação. Assim, caso se as impeça, na lei ao menos, de doar, então acaba a safadeza. Não sei qual será o voto de Mendes, mas suponho que ele dirá “não” a essa besteira perigosa.

Quem acredita nisso ou é um asno intelectual ou é um asno moral. Não há uma terceira alternativa. Vocês sabem quanto custou, em valores declarados, só a campanha dos 513 deputados que foram eleitos ou reeleitos? R$ 733 milhões. A dos 27 senadores, outros R$ 124 milhões. Essa conta não inclui os gastos dos que foram malsucedidos. Estimativas de setembro do TSE apontavam que as campanhas majoritárias — Presidência, governos de Estado e Senado — chegariam a R$ 4,4 bilhões. Acrescentando-se a esse total o gasto dos deputados eleitos, já chegamos a R$ 5,133 bilhões. Atenção! Eu afirmo e dou fé: os candidatos costumam, não todos, claro!, gastar muito mais do que declaram. Querem saber? Uma campanha eleitoral, no conjunto, roça os R$ 10 bilhões.

De onde vai sair esse dinheiro? De doações de pessoas físicas? É piada! Dos cofres públicos? A cada quatro anos, vai-se abrir um rombo no Tesouro de R$ 10 bilhões? Daí a dois anos, vêm as eleições municipais: mais quantos bilhões? Aí cabe a pergunta evidente: as campanhas eleitorais ficarão mais baratas? Até poderia: seria preciso, entre outras coisas, acabar com essa excrescência que é o horário eleitoral gratuito — e, assim, se aposentariam os cineastas do gênero “campanha” — e instituir o voto distrital puro. Como nada disso vai acontecer, os custos continuarão na estratosfera, e não haverá doações privadas ou financiamento público que consigam dar conta dos gastos.

Sabem a quem os políticos vão apelar? Às empresas, sim, senhores! Só que, a prevalecer decisão do Supremo, toda doação que fizerem será clandestina. No dia em que empreiteiras não puderem mais fazer doações legais a partidos, não haverá mais gente como Paulo Roberto Costa, Renato Duque ou Nestor Cerveró na Petrobras e em outras estatais? No dia em que as empresas não puderem mais fazer doações, os partidos políticos deixarão de indicar diretores de estatais e de autarquias? No dia em que as empresas não puderem mais fazer doações, não mais existirá, a transitar nas sombras, figuras como João Vaccari Neto, o tesoureiro do PT?

Ao contrário: aí, sim, é que a roubalheira vai correr solta como nunca antes na história “destepaiz”. Se, hoje, jornalistas podem se divertir tentando saber quanto esta ou aquela empreiteiras doaram e quanto pagaram ao esquema, essa conta não mais existirá. Para todos os efeitos, a coluna da doação será “zero”. Ah, estou doido para ver o custo das campanhas cair a um terço, com todo mundo fingindo que acredita. Para que isso fosse verdade, seria preciso que João Santana, por exemplo, também aceitasse ganhar… um terço!

Que o jornalismo e o colunismo a soldo sustentem essa estupidez, vá lá. Afinal, ganham para isso. Que a presidente Dilma tenha repetido a tolice de que a mãe da safadeza é o financiamento privado de campanha, vá lá, ela está, afinal de contas, tentando tirar o seu mandato da reta. Que gente com um mínimo de discernimento embarque nessa falácia, bem, nesse caso, dizer o quê? Sugerir que estude um pouco de lógica elementar. E que mude a dieta alimentar… Humanos não produzem a enzima celulase e não ficam mais inteligentes comendo capim.

Por Reinaldo Azevedo

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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo (VEJA)

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