BC acelera aperto e eleva taxa básica de juros para 11,75%

Publicado em 03/12/2014 20:04 e atualizado em 04/12/2014 05:59
Aumento de 0,5 atinge o maior valor dos ultimos 3 anos (reuters).
 

BRASÍLIA (Reuters) - O Banco Central intensificou a alta de juros nesta quarta-feira e elevou a Selic em 0,50 ponto percentual, a 11,75 por cento ao ano, em decisão unânime, em meio ao cenário de inflação ainda pressionada.

"Considerando os efeitos cumulativos e defasados da política monetária, entre outros fatores, o Comitê avalia que o esforço adicional de política monetária tende a ser implementado com parcimônia", disse o Comitê de Política Monetária (Copom) em comunicado.

Pesquisa Reuters realizada na semana passada mostrou que os analistas consultados estavam divididos sobre o tamanho da alta na taxa básica de juros agora, entre 0,50 e 0,25 ponto percentual, mas no mercado de juros futuros a aposta majoritária era de alta de meio ponto percentual.

No fim de outubro, o Copom deu início ao atual ciclo de aperto monetário ao elevar a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, em uma decisão surpreendente e que não contou com o apoio de todos os membros do comitê.

 

Na FOLHA: BC eleva taxa básica de juros para 11,75%, a maior em 3 anos

 

Diante de um cenário de inflação resistente, o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) decidiu, por unanimidade, elevar nesta quarta-feira (3) a taxa básica de juros (Selic) em 0,50 ponto percentual, de 11,25% para 11,75% ao ano. A taxa é a maior desde outubro de 2011, quando estava em 12% –no dia 20 daquele mês, o Copom reduziu a taxa para 11,5% ao ano.

No comunicado em que informa a decisão, o Copom diz que, "considerando os efeitos cumulativos e defasados da política monetária, entre outros fatores, o Comitê avalia que o esforço adicional de política monetária tende a ser implementado com parcimônia".

"A decisão de aumentar o ritmo de alta ocorre após o real ter se depreciado em 4% contra o dólar desde a última reunião do Copom, no fim de outubro", afirma Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho.

No fim de outubro, três dias após as eleições, o Copom promoveu uma alta de 0,25 ponto percentual na taxa básica, surpreendendo o mercado. Na pesquisa Focus do BC divulgada na segunda-feira, as projeções apontavam manutenção do ritmo de alta, considerando os cerca de 100 analistas consultados. Entre os cinco que mais acertam as projeções, no entanto, a estimativa já era de um aumento de 0,50 ponto percentual.

Desde o mês passado, o BC adotou um discurso mais duro, ao afirmar que não será "complacente" com a inflação e que pode "recalibrar" a política monetária quando e se achar necessário. Assessores da presidente avaliam que o momento é de dar um "choque de credibilidade" na economia, mostrando que o governo não vai tolerar inflação alta e irá reequilibrar as contas públicas.

"A nova equipe econômica vai tentar fazer os ajustes logo, em vez de ir fazendo gradualmente ao longo do próximo ano. Mas o aumento de juros desfavorece a atividade econômica, principalmente a de varejo", afirma Eduardo Velho, economista-chefe da gestora de recursos Invx Global. "A dinâmica de juros e do varejo está sinalizando uma tendência ruim da atividade econômica no terceiro e quarto trimestre do próximo ano", complementa.

No terceiro trimestre do ano, o PIB (Produto Interno Bruto) do país cresceu 0,1%, saindo, em tese, da recessão técnica em que se encontrava. O termo é usado por uma ala de economistas para designar dois períodos seguidos de declínio. O fraco desempenho do terceiro trimestre foi ditado pela queda do consumo das famílias.

As projeções atuais de inflação mostram que o IPCA em 12 meses pode fechar 2014 no teto da meta, de 6,5%. Dentro e fora do governo, já há quem avalie que o índice pode ficar na casa de 7% no início de 2015.

Neste fim de ano, devem pesar fatores como a alta do dólar e das passagens aéreas. Em janeiro, já se espera um aumento maior de tarifas e alimentos, que pode deixar o IPCA próximo de 1% (em janeiro de 2014, foi 0,55%).

PERSPECTIVAS

O ciclo de aperto monetário deve continuar nas próximas reuniões do Copom, de acordo com economistas. Em relatório, o Itaú Unibanco diz esperar nova alta de 0,50 ponto percentual em janeiro e uma de 0,25 ponto percentual em março, o que levaria a Selic a 12,5% ao ano. Após essas elevações, porém, o BC interromperia as altas de juros.

"O PIB (Produto Interno Bruto) vem fraco e deve demorar a se recuperar. Acredito que a ancoragem das expectativas, que depende das medidas que serão anunciadas pela nova equipe econômica do governo, possa fazer com que a Selic não tenha que subir muito mais do que já subiu", diz João Pedro Brügger, analista da Leme Investimentos.

Para Brügger, o BC pode encerrar o ciclo de aperto monetário no começo do ano que vem, provavelmente com a Selic entre 12% e 12,5% ao ano. "Dependendo do desempenho dos indicadores [fiscais e de inflação], pode até haver uma queda [dos juros] no final de 2015", acrescenta.

"O aumento nos juros é só uma medida. E as outras? A equipe econômica que irá assumir em breve vai ter que dizer como fará para o governo arrecadar mais e gastar menos. Aumentar imposto sem uma contrapartida é ruim. O governo também tem que reduzir custos. Será doloroso, mas é a maneira correta de fazer para que, daqui a dois anos, possamos voltar a crescer de forma consistente", diz Marcio Cardoso, sócio-diretor da Easynvest

Copom sobe juro para 11,75%: mais estelionato eleitoral

Alexandre Tombini, presidente do BC

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu aumentar a taxa básica de juros (Selic) de 11,25% ao ano para 11,75% ao ano. Foi a segunda alta seguida dos juros. A primeira elevação foi feita somente três dias após à reeleição da presidente Dilma.

A nova alta era esperada pelo mercado. O BC teve de apertar a política contra a inflação pela persistência da alta de preços. O índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) está em 6,59%, acima do teto da meta estabelecida pela própria equipe econômica.

O que o governo está fazendo agora é “correr atrás da curva”, pois deixou a inflação atingir patamares desconfortáveis e por lá permanecer por tempo demais. A medida comprova que o BC de Dilma é politizado, pois deixa claro que não havia independência para agir antes, por conta do processo eleitoral. Alexandre Tombini, presidente do BC, deveria explicar por que não subiu a taxa de juros antes, uma vez que a inflação já estava bem acima da meta.

Trata-se de mais uma evidência do estelionato eleitoral em curso. Após a vitória de Dilma nas urnas eletrônicas, seu governo começa a agir de forma diametralmente oposta àquela vendida na campanha eleitoral para os mais leigos. Alta de juros foi algo associado aos tucanos, que seriam ligados aos banqueiros e insensíveis para com os pobres.

A medida do Copom é acertada do ponto de vista técnico, e chega inclusive tarde demais, pois vários economistas apontavam tal necessidade antes. Mas fica exposta a falácia da campanha de Dilma, que deseduca a população mais ignorante.

O barato sai caro. O governo Dilma manteve a taxa de juros artificialmente reduzida por tempo demais, de olho apenas nas eleições e também por equívocos ideológicos dos desenvolvimentistas. Agora precisa jogar a taxa para cima, colocar o Brasil na liderança das maiores taxas de juros do mundo, enquanto em termos de crescimento estamos na rabeira do ranking.

Não resta mais a menor sombra de dúvida: a “nova matriz macroeconômica” foi um completo fracasso, os nacional-desenvolvimentistas produziram apenas estagflação (estagnação econômica com alta inflação), e isso nada tem a ver com o resto do mundo. A candidata Dilma mentiu, e muito. A presidente Dilma terá de arcar com os custos dessas mentiras. E o povo também, com crédito mais caro e atividade econômica menor.

Rodrigo Constantino

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Fonte:
Reuters + Folha + VEJA

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