Nova classificação social: 68% dos brasileiros são pobres (integram as classes C, D e E)

Publicado em 09/12/2014 14:00 e atualizado em 02/03/2020 09:02
(enquanto isso): Triplex de Lula construído pela OAS fica pronto no Guarujá

Classes mais pobres reúnem 68% dos brasileiros

Dado faz parte de novo critério de classificação social, que será adotado em 2015. Pela métrica anterior, 63% dos brasileiros integravam as classes C, D e E

Itens como posse de televisor, rádio e aspirador de pó foram eliminados do novo Critério Brasil

Itens como posse de televisor, rádio e aspirador de pó foram eliminados do novo Critério Brasil (Felipe Dana / AP/VEJA)

As camadas de menor renda dos brasileiros (classes C, D e E) representam 68% da população, contra 32% da fatia de mais ricos (A e B). Essa é a estratificação do Brasil que se configura pelo novo critério de classificação social da população, o Critério Brasil, que será adotato a partir de janeiro de 2015 pela Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (Abep). A nova métrica, mais minuciosa do que a anterior, que vigora desde 2008, será usada para todas as pesquisas de mercado feitas no país. 

Conforme a métrica antiga, 63% dos brasileiros pertencem às classes mais baixas, contra 37% do total de mais ricos. "Isso não significa que o brasileiro tenha empobrecido, mas pelo novo critério ficou mais difícil estar nas camadas de maior renda. Mudamos a régua", explica o coordenado do Comitê do Critério Brasil, Luís Pilli.

O Critério Brasil de estratificação social foi formulado pelos professores brasileiros Wagner Kamakura, da Rice University, dos Estados Unidos, e José Afonso Mazzon, da FEA/USP. A nova métrica leva em conta não apenas a renda das famílias, mas principalmente a posse de bens, o tipo de moradia, o nível educacional e o acesso a serviços públicos, como saneamento e ruas pavimentadas. Ao todo são 35 variáveis avaliadas.

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Dois 'Brasis' - Por causa do universo maior de dados do novo critério, que tem âmbito nacional, só é possível fazer comparações entre a estratificação social nova e a velha para as nove regiões metropolitanas. Segundo Pilli, o que chama atenção pela estratificação social no novo critério é que, na prática, existem dois "Brasis" em termos de perfil de classes sociais.

Um deles é formado pelas Regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste. Nessas três regiões, a metade da população pertence à classe C, cerca de 30% são das classes A e B e uma pequena parcela é de classe D.  Já as Regiões Norte e Nordeste mostram a outra face do Brasil. De acordo com o novo critério, quase a metade da população dessas duas regiões são da classe D. 

(Com Estadão Conteúdo)

 

País rico é país sem pobreza?

Nos últimos quatro anos, os brasileiros tiveram que conviver com a frase “país rico é país sem pobreza”. Ela esteve em toda logomarca, em toda propaganda do governo federal. Por isso é o caso de perguntar: é válida a afirmação do slogan de Dilma?

A princípio, é difícil discordar da frase. Mesmo se parte da população tiver picanha na mesa e iPhone no bolso, ainda estaremos mal se a outra parte seguir faminta. Em 2011, quando o governo lançou o slogan, houve quem reclamasse da obviedade da afirmação – é claro que país rico é país sem pobreza, disseram.

Mas a frase não é óbvia. Na verdade, ela esconde um problema fundamental: é muito difícil não haver pobres num país rico. Essa condição não é estável, pois países ricos atraem pobres. Um país rico e sem pobreza até é possível, mas somente se o mundo todo enriquecer ao mesmo tempo ou se impedirmos migrações erguendo muros e cercas nas fronteiras.

O problema fica claro se o leitor imaginar exatamente o que o slogan propõe, um país rico e sem pobreza. Digamos que, ao acordar amanhã de manhã, você percebe que tudo deu certo no Brasil. O menor salário pago no mercado chega a 3 000 reais. Mesmo a turma do último tijolo da pirâmide social vive com alguma dignidade. Não há favelas ou indigentes; não sobrou sequer um único sujeito que reutilize o copo de requeijão ou seque roupa atrás da geladeira. Incrível.

A alta de salários causa mudanças no estilo de vida dos brasileiros. Vagas em trabalhos menos produtivos que 3 000 reais por mês se extinguem. Uma família de classe média, que dispõe de apenas 900 reais para pagar alguém que limpe a casa, passe a roupa e passeie com o cachorro, terá de se virar com o serviço doméstico.

Mas 900 reais por mês é luxo em alguns países latino-americanos. Haitianos logo perceberão a demanda não atendida por empregos domésticos no Brasil e virão contentes trabalhar aqui. Como demonstram os haitianos que já se mudaram ao Brasil, 900 reais para eles significa um ganho e tanto. Podem economizar todo mês o equivalente ao salário integral que ganhariam no Haiti – onde o salário mínimo, para quem não está entre os 40% de desempregados, é de 13 reais por dia.

Acontece assim o jogo preferido dos economistas: o jogo de soma diferente de zero. No futebol ou no pôquer, a soma dos resultados é nula. Um time precisa perder para o outro ganhar. Quem tem duas damas no pôquer perde as fichas para o sortudo que tirou uma trinca de setes. Não é assim nos acordos voluntários da economia. As fichas se multiplicam; todos voltam para casa com um pote maior. Você e o haitiano jogam. E os dois ganham.

A chegada em massa de haitianos, ainda maior que a atual, faria bem a eles e às famílias brasileiras que os contratariam, mas há uma consequência. Eles trariam pobreza para dentro das linhas imaginárias brasileiras. Alguns dos recém-chegados morariam em cortiços com cinco pessoas no mesmo quarto. Outros, para economizar no transporte, montariam casebres em terrenos próximos à casa de brasileiros enriquecidos, criando cenas tocantes de contraste. Em pouco tempo, não seríamos mais um país rico e sem pobreza.

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Sim, há uma boa notícia na famosa foto da desigualdade social

Os jornais mostrariam fotos de gente pobre no Brasil, e essas imagens circulariam pelo mundo. Os políticos da oposição alardeariam dados sobre a péssima qualidade de vida dos novos moradores que, segundo eles, seriam explorados pelas famílias de classe média. Ainda que todos os pobres envolvidos na história tivessem melhorado de situação.

Quanto esse exercício de imaginação explica a realidade brasileira? Um bocado. Muita gente entristece diante da desigualdade sem notar que aquelas pessoas estão numa situação melhor que no passado. É o caso da famosa foto acima, da favela de Paraisópolis ao lado de apartamentos de luxo do Morumbi. Quando livros didáticos ou provas de vestibular escolhem essa imagem para retratar a desigualdade social – e fazem isso com frequência –, comparam a riqueza dos apartamentos com a miséria da favela. Mas a comparação mais adequada é dos moradores da favela hoje e no passado, antes de mudarem para a metrópole. “A pobreza urbana não deveria ser comparada à riqueza urbana”, diz o economista Edward Glaeser, professor de Harvard e o mais celebrado especialista em economia urbana dos Estados Unidos. “As favelas do Rio de Janeiro parecem terríveis se comparadas a bairros prósperos de Chicago, mas os índices de pobreza no Rio são bem menores que no interior do Nordeste brasileiro.”

Por essa nova comparação, a famosa foto da desigualdade social mostra uma excelente notícia. Quem mora em Paraisópolis vive muito melhor do que se tivesse permanecido no sertão nordestino, nas lavouras de boias-frias do Paraná ou entre os escombros de Porto Príncipe. Não importa se a miséria está mais aparente ou mais próxima; o principal é que para os miseráveis ela tenha diminuído. Glaeser arremata:

A pobreza urbana não deveria envergonhar as cidades. As cidades não criam pobres. Elas atraem pobres. Elas atraem pobres justamente porque fornecem o que eles mais precisam – oportunidade econômica.

Esse raciocínio vale não só para cidades, mas para países. Mesmo se enriquecer, o Brasil jamais será um país sem pobreza. E é bom para os pobres que seja assim.

(por Leandro Narloch, na coluna O Caçador de Mitos).

Triplex de Lula construído pela OAS fica pronto no Guarujá

Imóvel comprado por meio da Bancoop tem até mesmo elevador privativo; cooperativa é acusada de irregularidades e deixou mais de 3 mil sem receber imóveis


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em breve vai poder desfrutar do triplex que comprou na praia das Astúrias, no Guarujá, em São Paulo. Segundo reportagem do jornal O Globo, o apartamento foi entregue em dezembro de 2013, mas as obras de acabamento terminaram apenas na semana passada. O imóvel foi comprado por meio da Bancoop (a Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo), acusada de irregularidades e de deixar mais de 3 mil associados sem receber seus apartamentos. O condomínio foi construído pela OAS, uma das empreiteiras envolvidas na Operação Lava Jato, que investiga pagamento de propina a partidos políticos por meio de contratos com a Petrobras.

Segundo O Globo, a reforma do apartamento é comandada por Lulinha, filho de Lula, e constantemente vistoriada por sua mãe, Marisa Letícia. Ela providenciou a decoração do local, que recebeu a visita de Lula apenas três vezes.

A construção do edifício de Lula só terminou porque a empreiteira OAS foi contratada por João Vaccari Neto, presidente da Bancoop até 2010 e atual tesoureiro do partido, para concluir o projeto, que estava parado assim como a maior parte das obras financiadas pela cooperativa. Para que o empreendimento fosse concluído, cada morador teve que pagar um adicional de 120 mil de reais.

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Segundo uma imobiliária local ouvida pelo Globo, o apartamento de 297 metros quadrados, à beira-mar, é avaliado entre 1,5 e 1,8 milhão de reais. Ele conta com um elevador privativo que serve os três andares do apartamento. Na declaração de bens do ex-presidente em 2006, quando disputou a reeleição, ele confirmou ter pago naquele ano 47.695,38 reais à Bancoop pelo imóvel. 

Enquanto o imóvel de Lula está pronto para ser habitado, mais de três mil famílias associadas à Bancoop não tiveram a mesma sorte. A cooperativa dos bancários levantou 57 empreendimentos, mas 14 estão inacabados. A Bancoop foi fundada em 1996 e tinha o ministro das Relações Institucionais do governo Dilma Rousseff, Ricardo Berzoini, como diretor técnico, e João Vaccari Neto como diretor do conselho fiscal.

Em 2010, reportagem de VEJA revelou que o Ministério Público quebrou o sigilo da Bancoop e descobriu que seus dirigentes lesaram milhares de associados, ao que tudo indica para montar um esquema de desvio de dinheiro que abasteceu a campanha de Lula em 2002. Pessoal ligadas ao PT sacaram ao menos 31 milhões de reais na boca do caixa. Houve, ainda, quebra de sigilo das contas de Vaccari.

Os promotores descobriram que, na gestão do ex-tesoureiro do PT, empresas fantasmas foram criadas para interceptar parte dos 460 milhões de reais captados pela cooperativa ao longo dos anos. Segundo o promotor José Roberto Blat, a cooperativa deu um prejuízo aos oito mil associados de pelo menos 100 milhões de reais. Quebrada, a cooperativa deixou uma dívida total avaliada em 86 milhões de reais.

A reportagem de O Globo ouviu ex-associados que, mesmo depois de terem quitado o imóvel, não receberam as chaves e ainda são alvo de cobranças da Bancoop. A cooperativa pede pagamentos vultosos para que os proprietários possam ter, enfim, as escrituras dos imóveis. Ainda segundo O Globo, a cunhada de Vaccari, Marice Correia de Lima, também é feliz proprietária de imóvel financiado (e entregue) pela Bancoop. No último dia 18, ela foi levada coercitivamente por agentes da Operação Lava-Jaro a depor na Polícia Federal de São Paulo, para explicar por que recebeu 244 mil reais da OAS.

 
 
 

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Imagens de um apartamento no prédio em que Lula adquiriu um triplex

Imagens de um apartamento no prédio em que Lula adquiriu um triplex - Divulgação

Governança corporativa

Não aprenderam nada

Deu na Folha: o Planalto ofereceu ao deputado Anthony Garotinho (PR-RJ) uma vice-presidência do Banco do Brasil.

Políticos em bancos públicos na era pós-petrolão?

Caramba.  Que ideia original…  E moderna!

Por Geraldo Samor

ESTA É UMA CADEIA DE VERDADE PARA BANDIDOS PERIGOSOS:

Conheçam a temida, inexpugnável e polêmica penitenciária de Florence, Colorado (EUA), antítese das chamadas cadeias “de segurança máxima” brasileiras

The Federal Correctional Complex in Florence, Colorado

A cadeia de segurança máxima ocupa o conjunto no alto à direita, dentro de um complexo de detenção maior em Florence, Colorado (Fotos: AP)

Campeões-de-audiênciaAmigas e amigos do blog, aproveitando que bandidos perigosos de São Paulo e de Santa Catarina, promotores de ondas criminosas e de matanças, estão sendo transferidos para penitenciárias federais (nas quais, infelizmente, especialistas constatam defeitos de segurança), queria apresentar a vocês o que é uma cadeia pra valer para chefões criminosos — nos Estados Unidos.

No Brasil, a única penitenciária de segurança máxima que pode ser assim considerada  – se levarmos em conta seu índice de fuga, que é de 0% em 11 anos de existência  - é o Centro de Readaptação Penitenciária em Presidente Bernardes, a  580 quilômetros de São Paulo.

Fora o CRP, as demais prisões brasileiras consideradas “de segurança máxima” são alvos de frequentes motins e servem de centro de operações para criminosos, inclusive as federais. (Recentemente, mostrei uma delas, a 50 quilômetros de Porto Velho, em Rondônia, aparentemente isolada do mundo pela floresta amazônica. Mas ela fica à margem de uma rodovia federal, localização inteiramente inadequada para configurar “segurança máxima”.)

Uma realidade absurda e desmoralizante, como mencionei em post do dia 21 de fevereiro, citando rebelião ocorrida na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem (MG).

Segurança máxima para valer – e polêmica

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As torres de observação: vigilância implacável

Não se trata, definitivamente, do caso da cadeia dura, duríssima, que é a Administrative Maximum Facility (ADX) de Florence, no Estado americano do Colorado.

Inaugurada em 1994, é a única penitenciária de segurança máxima pertencente ao Federal Bureau of Prisons, subdivisão do Departamento de Justiça Americano responsável pelo sistema carcerário, e figura entre os destinos mais temidos pela bandidagem.

Seu apelido, “A Alcatraz das Rockies”, faz referência a Alcatraz, a lendária prisão situada em ilha de mesmo nome próxima a San Francisco, operante entre1934 e 1963, e as Montanhas Rochosas, que cruzam o Colorado.

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As portas e os outros dispositivos automáticos são controladas por uma central

Ao contrário do que ocorre na maioria dos centros de “segurança máxima” brasileiros, a vida dos quase 500 detentos de Florence, que se distribuem em seis andares de um edifício de 36 mil metros quadrados, é… como se imagina seja uma cadeia de segurança máxima, sem aspas.

É dura a ponto de gerar protestos de entidades como a Corte Europeia dos Direitos Humanos, e também uma ação judicial conjunta de 11 internos aberta no ano passado, na qual responsabilizavam o presídio por agressões e negligência a presos portadores de doença mental.

Só cinco horas por semana fora da cela

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Celas com portas intransponíveis e janelas posicionadas para o céu: os bandidos não sabem nem em que ala da prisão estão presos

Em Florence, os presidiários passam dois dias completos por semana sem sair de suas diminutas celas, nas quais há uma cama e uma escrivaninha, ambas de concreto. Não há peças soltas nos banheiros. Nas outras cinco jornadas, têm apenas uma hora para exercitar-se em uma espécie de cela maior, semelhante a uma piscina vazia.

Nada de pátio, nada de contato com outros “moradores”. O contato, rarefeito, com parentes — como também com advogados — é feito tendo uma parede de vidro blindado entre os interlocutores, que falam por telefone. Não é permitido aos detentos nem sequer saber em que ala do presídio estão, já que as celas com portas de aço possuem apenas uma janela estreita posicionada para o céu. Vigiando a tudo e a todos estão centenas de câmeras e sensores de movimentos. Detectores de metais e um complexo sistema de acesso aos visitantes — em conta-gotas — tornam impensável o contrabando de celulares.

Ali, em 19 anos, nunca houve uma fuga, nem qualquer tentativa de rebelião.

Cela de prisão de segurança máxima: um fio de janela, com vidro ultra-blindado

Cela de prisão de segurança máxima: um fio de janela, com vidro ultra-blindado

Terroristas famosos e outros criminosos de peso

Tanta precaução para manter zeradas as estatísticas de rebeliões e fugas na ADX de Florence pode ser explicada na lista de chamada de seus habitantes.

Para lá só vai a mais alta classe de bandidos, de capos de cartéis de drogas a comandantes de nefastas seitas neonazistas assassinas, além de presos com histórico de comportamento extremamente violento em outras cadeias.

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Grades de quase quatro metros de altura e potente cerca elétrica

Mas esta supermax – expressão americana para designar os presídios de segurança máxima – se especializou em manter trancafiados terroristas conhecidos mundialmente. Há em seu interior, inclusive, o que é informalmente chamado de ala dos bombers, em alusão a multiassassinos cujo método de chacina era a explosão de bombas.

 

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Um dos hóspedes famosos de Florence: Theodore Kaczynski, o “Unabomber”, que cumpre prisão perpétua

Entre os mais notórios, ambos cumprindo sentenças perpétuas, encontra-se o americano , culpado de nada menos que 16 ataques com carta-bomba e responsável pela morte de três pessoas e ferido outras 23; e o francês Zacarias Moussaoui, participante da conspiração dos ataques de 11 de Setembro.

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Zacarias Moussaoui, envolvido com os atentados de 11 de Setembro, também deve terminar os seus dias lá

Moussaoui é apenas um dos membros da Al-Qaeda detidos em Florence. Há cerca de outros 20 com ligação à organização terroristajihadista.

Outro assassino em massa de grande fama, o americano Timothy McVeigh, autor do terrível atentado de Oklahoma City, que matou 168 pessoas e feriu mais de 800 em 19 de abril de 1995, viveu ali antes de ser transferido e executado (fora condenado à pena de morte em 1997 e, depois de uma batalha de recursos e apelos, recebeu a injeção letal em 2011, numa prisão em Indiana).

(por Ricardo Setti), de veja.com)

A rotina do Clube do Bilhão nas celas da Polícia Federal

Familiares de executivos presos na Operação Lava Jato retiram senhas para visitá-los na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba (PR) (Foto: Reprodução/VEJA.com)

Familiares de executivos presos na Operação Lava Jato retiram senhas para visitá-los na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba (PR) (Foto: Reprodução/VEJA.com)

Site de VEJA acompanhou o entra e sai da sede da Polícia Federal em Curitiba e conversou com advogados, policiais e familiares dos onze empresários encarcerados há quase um mês pela Operação Lava Jato

De VEJA.com

Enquanto tentam recuperar a liberdade com pedidos de habeas corpus, onze executivos de empreiteiras presos na Operação Lava Jato se esforçam para manter, na carceragem da Polícia Federal em Curitiba (PR), um fiapo dos luxos de que desfrutavam quando soltos.

Para amenizar as agruras do cárcere de sócios e diretores de algumas das maiores empreiteiras do país, advogados entram e saem do prédio da Polícia Federal para levar produtos como a água Evian e guloseimas: barras de chocolate, biscoitos e salgadinhos.

Café da manhã, almoço e jantar são servidos pela Polícia Federal aos detentos, mas o regulamento permite que recebam frutas, biscoitos e achocolatados, entregues em horário comercial. Os visitantes, no entanto, às vezes exageram no “delivery”. Por volta das 16 horas da última segunda-feira, ocorreu uma cena inusitada.

Três advogados tentaram entrar na carceragem com sacolas repletas de biscoitos e garrafas de água. O funcionário plantonista abriu a porta e reagiu: “Eles estão devolvendo biscoito porque não aguentam mais comer”.

Os advogados insistiram na entrega do material e alegaram que eram produtos perecíveis. Mas o carcereiro respondeu que não poderia armazenar todas as guloseimas. “Levem de volta e tragam aos poucos porque não vou ficar guardando isso tudo sem espaço”, afirmou.

Pelas regras da carceragem, só são permitidas duas barras de chocolate de 200 gramas por semana para cada detento. Mas como a OAS, por exemplo, possui quatro executivos encarcerados, não é raro ver os advogados da empresa com sacolas repletas de chocolates com a justificativa de que serão repartidos entre os clientes.

Nas quartas-feiras, dia de visita de familiares, as dependências da polícia voltam a ficar repletas de entregas para os executivos presos. Uma familiar, que não quis se identificar, declarou ao site de VEJA que estava satisfeita com o tratamento conferido aos detentos. “Não há do que reclamar do ponto de vista humanitário”, afirmou.

Das empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato, estão presos na carceragem da PF em Curitiba: José Aldemário Pinheiro Filho, Agenor Franklin Magalhães Medeiros, Mateus Coutinho de Sá Oliveira e José Ricardo Nogueira Breghirolli, da OAS; Ricardo Ribeiro Pessoa, da UTC; Gerson de Mello Almada, da Engevix; Dalton dos Santos Avancini, Eduardo Leite e João Ricardo Auler, da Camargo Corrêa; Erton Medeiros Fonseca, da Galvão Engenharia; e Sérgio Cunha Mendes, da Mendes Júnior.

Os executivos e o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, dividem a Ala 2 da carceragem. Cada ala é formada por três celas, com uma beliche de alvenaria e um assento sanitário. Sem camas para todos, alguns detentos precisam dormir no chão. Na Ala 1, o doleiro Alberto Youssef está isolado em uma cela. Não há televisão ou rádio no local. Não é permitido fumar. O encarceramento motivou quatro executivos a recorrerem a adesivos de nicotina para aliviar os sintomas de abstinência.

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Fonte:
veja.com + O Globo

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1 comentário

  • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

    O sistema bolivariano de governar é perseguir a máxima: “Está Tudo Dominado”! Algo assim como partidarizar o Supremo Tribunal Federal (STF), onde os “líderes” serão julgados, pois não são gente comum; extrai-se daí que há outro tipo de justiça, medida pelo poder do réu, como ele é chamado pelo meritíssimo, “VOSSA SENHORIA”?

    Ontem na abertura da Conferência Internacional de Combate à Corrupção, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, foi enfático em marcar posição de que “será firme e que a Justiça não dará descanso enquanto não houver punição de todos”.

    Espero que neste “todos”, os ex-presidentes e presidentes (Da Petrobrás, do Conselho de Administração da Petrobrás, do Senado, da Câmara dos Deputados, e o “CAPO DI TUTTI I CAPI”!!!), estejam incluídos!

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