Bolsas caem no Brasil e Europa, com nova baixa nas cotações do petróleo

Publicado em 10/12/2014 14:57 e atualizado em 13/12/2014 06:33
Reuters + valor + Folha

O principal índice de ações europeias fechou em queda pela terceira sessão consecutiva nesta quarta-feira, com nova queda dos preços do petróleo derrubando ações de grandes petrolíferas e grupos de serviços de petróleo, como Royal Dutch Shell e Fugro.

O índice FTSEurofirst 300 das principais ações europeias fechou com queda de 0,43 por cento, aos 1.357 pontos.

As ações da Shell caíram 2,38 por cento e da Fugro recuaram mais de 11 por cento seguindo a queda do petróleo Brent para menos de 65 dólares o barril, menor patamar em cinco anos por preocupações sobre a demanda.

Em relatório mensal, a projeção de demanda por petróleo da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) caiu para 28,92 milhões de barris por dia (bpd) em 2015, queda de 280 mil bpd sobre sua expectativa anterior.

"O petróleo está sendo punido hoje, mais uma vez, por causa das notícias da Opep. O grupo cortou sua projeção de demanda para o próximo ano e isto desequilibrou ainda mais a equação de oferta de demanda e os operadores não estão gostando disso", disse o analista-chefe de mercado da AvaTrade, Naeem Aslam.

O petróleo Brent caiu 44 por cento desde junho, forçando uma quantidade de empresas de serviços petrolíferos a cancelar dividendos, uma vez que estas empresas precisaram aumentar os esforços para cortar custos.

No entanto, muitos gestores de fundos e analistas consideram que os preços mais baixos de petróleo serão positivos, de uma maneira geral, para o mercado acionário no médio prazo.

As ações da Airbus despencaram 10 por cento depois que a nova projeção de lucro da fabricante de aviões decepcionou os investidores, enquanto o mercado acionário da Grécia ampliou as perdas devido às preocupações sobre a situação política.

No Brasil Ibovespa amarga mais um dia de queda

Com agenda fraca no Brasil e no exterior, os ativos brasileiros têm mais um dia negativo e de volume reduzido de negócios. Tanto em São Paulo, quanto em Nova York, as cotações deprimidas do petróleo pressionam os mercados de ações. Essa queda do preço da commodity também colabora para fortalecer o dólar no mercado mundial. 

As cotações do petróleo ampliaram as perdas de forma significativa após a divulgação dos dados referentes aos estoques dos Estados Unidos na semana passada. No período, os estoques do país cresceram o equivalente a 1,5 milhão de barris. O tipo WTI era negociado em queda na casa de 4%, a US$ 61,22 por barril, na Bolsa de Mercadorias de Nova York, perdendo a faixa de US$ 62 em que se mantinha até o anúncio dos dados. O contrato para entrega em janeiro era negociado há pouco abaixo de US$ 61 por barril pela primeira vez desde janeiro de 2009.

Com queda de mais de 30% ano ano, as ações da Petrobras têm nova baixa nesta quarta-feira (10), na esteira da desvalorização dos preços do petróleo no exterior e diante das ações judiciais movidas contra a empresa nos Estados Unidos.

Às 12h (de Brasília), o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, tinha baixa de 0,51%, para 49.936 pontos. O volume financeiro girava em torno de R$ 670 milhões. A maior pressão sobre o índice vinha das ações preferenciais (sem direito a voto) da Petrobras, que perdiam 2,46%, para R$ 11,08 cada uma. Esses papéis já tinham atingido na véspera seu menor valor em dez anos.

No Brasil, o dólar virou e passou a subir, acompanhando o movimento da moeda no exterior. Às 14h45, o dólar comercial subia 0,61%, para R$ 2,6139. 

No exterior, as divisas correlacionadas aos preços das matérias-primas são as mais afetadas, diante da leitura de que o enfraquecimento das economias europeia, chinesa e japonesa deve manter os preços das commodities deprimidos. O rublo russo caía 1,23% ante o dólar americano, a coroa norueguesa cedia 0,78%, o rand sul-africano tinha forte baixa de 1,29%, o peso mexicano desvalorizava-se 0,60%, e o dólar canadense depreciava-se 0,27%.

O Ibovespa opera em queda, em linha com as baixas dos Estados Unidos. O índice caía 1,14%, para 49.623 pontos. Segundo operadores, as quedas das commodities pressionam os ativos locais, sobretudo a do petróleo. “Petrobras também pesa. As ações contra a empresa não devem envolver muito dinheiro, mas criam um mal-estar”, diz o operador sênior da Guide Investimentos Fabio Galdino de Carvalho.

Petrobras PN cai 4,05%, Petrobras ON recua 3,51%. Vale PNA cai 2,32% e Vale ON recua 2,27%. Já são cinco os escritórios de advocacia que entraram com ação coletiva judicial contra a Petrobras nos Estados Unidos. Além de Wolf Popper, Rosen Law Firm e Pomerantz Law Firm, os escritórios Brower Piven e Khan Swick & Foti (KSF) querem angariar investidores para processar a estatal brasileira de petróleo.

Em comunicados paralelos divulgados ontem à noite, as firmas lembraram que os acionistas minoritários da companhia detentores de ADRs — recibos de ações negociados em Nova York — têm até 6 de fevereiro para fazer parte da ação coletiva, caso se sintam lesados pelas denúncias da Operação Lava-Jato.

 

Na Folha: Investidores abrem mais ações contra a Petrobras nos Estados Unidos

Mais ações coletivas foram abertas nesta quarta-feira (10) contra a Petrobras na Justiça dos Estados Unidos, pedindo ressarcimento aos investidores pelas perdas provocadas pelos casos de corrupção.

Em três dias, são cinco processos. Segundo advogados envolvidos, várias ações devem ser protocoladas nas próximas semanas e serão reunidas pela Justiça americana em um grande caso.

Nos EUA, as ações coletivas demoram, em média, três a quatro anos para chegar a um desfecho, mas podem ter um resultado desastroso para as companhias.

O prejuízo é tão grande que as empresas optam por um acordo. Entre as maiores penalidades já pagas em casos semelhantes, estão a Enron (US$ 7,2 bilhões), a WorldCom (US$ 6,2 bilhões) e a Tyco (US$ 3,2 bilhões).

A ação coletiva é um instrumento que não existe na legislação brasileira e que permite que qualquer investidor se beneficie da decisão, mesmo que não tenham participado do processo.

No Brasil, os investidores que se sentirem lesados têm que processar a Petrobras individualmente, o que aumenta o custo para o acionista minoritário e reduz o prejuízo para a empresa.

Até a manhã desta quarta-feira, cinco escritórios americanos haviam entrado com processos contra a estatal: o Wolf Popper, o Rosen Law Firm, o Pomerantz Law Firm, o Kahn Swick & Foti e o Brower Piven.

"Queremos que os investidores sejam ressarcidos pela queda no preço dos papéis", diz Phillip Kim, do Rosen Law. Desde que o caso veio à tona, com a prisão de ex-executivos da empresa, os ADRs (recibos de ações) caíram 46% na Bolsa de Nova York.

De acordo com André Almeida, do escritório Almeida Advogados, que é parceiro do Wolf Popper no Brasil, a Justiça americana também costuma conceder "danos punitivos" -uma espécie de indenização para os investidores.

"Ao esconder os casos de corrupção, a Petrobras enganou os investidores. A estatal pagou mais por um ativo do que ele valia, comprometendo seu lucro", diz Almeida.

Segundo o advogado, cerca de dez fundos de investimento já entraram em contato com o escritório para fazer parte do caso.

De acordo com a Bloomberg, 523 fundos e instituições financeiras possuem ADRs da Petrobras. Entre eles, BlackRock, Bank of America, Credit Suisse, Wellington Management, Dimensional Fund e Delaware Management Business.


 

 

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Fonte:
Reuters + Valor + Folha de SP

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