Na FOLHA: Ministro da Justiça teve 3 encontros com advogados de réus da Lava Jato

Publicado em 14/02/2015 15:03
Folha de S. Paulo + Veja

Ministro da Justiça teve 3 encontros com advogados de réus da Lava Jato

Defensores de empreiteiras buscavam ajuda do governo para soltar executivos que estão presos

Segundo a Folha apurou, os advogados teriam ouvido promessas vagas de José Eduardo Cardozo

DE SÃO PAULODE BRASÍLIA

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, teve ao menos três encontros só neste mês com advogados que defendem empresas acusadas por investigadores da Operação Lava Jato de pagar propina para conquistar obras da Petrobras, como a UTC e a Camargo Corrêa.

Os defensores das empreiteiras buscavam algum tipo de ajuda do governo para soltar os 11 executivos que estão presos há meses.

Tiveram, no entanto, como resposta palavras vagas, do tipo "fiquem tranquilos, o Supremo vai acabar soltando eles", segundo a Folha ouviu de um dos advogados que esteve com o ministro.

Um advogado que participou de outro encontro disse que Cardozo foi mais assertivo. Ele relata que o ministro disse que governo usaria seu poder para ajudar as empresas no STF (Supremo Tribunal Federal), STJ (no Superior Tribunal de Justiça) e na Procuradoria Geral da República.

O ministro é o principal interlocutor de Rodrigo Janot, o procurador-geral, que dirige o órgão responsável por acusações na Justiça.

O Supremo e o STJ vão julgar o mérito de pedido de habeas corpus desses executivos nos próximos meses. Pedidos de liminar para que eles fossem libertados já foram negados pelos dois tribunais.

Os advogados, no entanto, passaram a enxergar uma espécie de janela de oportunidades com a decisão, tomada na última terça (10), de uma turma do Supremo de manter livre o ex-diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque.

Um dos encontros do ministro, com o advogado Sergio Renault, que defende a UTC na esfera civil, ocorreu no dia seguinte à decisão do STF, conforme a revista "Veja".

A revista relata que Cardoso prometeu a Renault que a situação dos presos pela Lava Jato "mudaria de rumo radicalmente" porque oposicionistas também seriam envolvidos na apuração. A Folha não obteve confirmação da versão divulgada pela "Veja".

A situação dos 11 presos, ainda de acordo com advogados, teria mudado com a decisão recente do STF e pela primeira vez há a perspectiva de que sejam soltos. Parte dos advogados não acredita, porém, que o ministro tenha influência no tribunal, apesar de o PT ter indicado sete ministros.

Dizem acreditar que o Supremo tomará a decisão de libertar os executivos porque a jurisprudência da corte prevê que os réus defendam-se em liberdade. Um ministro, Marco Aurélio Mello, já criticou as prisões.

 

OUTRO LADO

Operação não foi tema de encontro, afirma Cardozo

DE BRASÍLIA

O ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) confirmou que teve o encontro com o advogado Sergio Renault, mas nega ter tratado da Lava Jato. Disse que eles estiveram na antessala de seu gabinete e a conversa durou dois minutos.

Em nota, Cardozo também disse que é sua obrigação legal receber advogados. A assessoria do ministro confirmou que outros advogados de investigados na Operação Lava Jato estiveram com ele, mas afirmou que não dispunha dos nomes.

Renault disse que foi ao ministério para encontrar o também advogado Sigmaringa Seixas, ex-deputado pelo PT, com quem almoçaria.

Eles negam que tenham tratado da Lava Jato com o ministro da Justiça. "Não conversei nem conversaria sobre isso. De jeito nenhum", afirmou Renault àFolha.

 

Envolvidos em esquema tinham US$ 111 mi na Suíça

Dinheiro era mantido em contas do HSBC

DE SÃO PAULO

Pelo menos 11 pessoas ligadas com o escândalo de corrupção na Petrobras mantiveram contas na Suíça entre 2006 e 2007, com saldo total de US$ 110,5 milhões.

A informação foi revelada nesta sexta (13) no blog do jornalista Fernando Rodrigues.

A informação faz parte do Swissleaks, vazamento sobre contas secretas no país europeu mantidas pelo banco HSBC. Segundo o blog, do Brasil há ao todo 6.606 contas listadas, com o equivalente a R$ 20 bilhões movimentados entre 2006 e 2007.

Entre os envolvidos na Operação Lava Jato, Julio Faerman, apontado como intermediador de propina, manteve o maior montante no HSBC suíço: US$ 20,8 milhões.

O ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco guardou US$ 1,9 milhão na instituição. Em depoimento, ele já havia revelado que mantinha contas no exterior e que 90% de sua propina --algo entre R$ 40 mi e R$ 50 mi--havia sido enviada para fora do Brasil.

Oito executivos do grupo Queiroz Galvão também mantiveram contas no HSBC suíço, incluindo Dario e Eduardo de Queiroz Galvão, ambos réus na Lava Jato.

Também o doleiro Raul Henrique Srour, que é suspeito de integrar o grupo do doleiro Alberto Youssef, tem o nome na lista --porém, sua conta está zerada.

Ao blog de Fernando Rodrigues, todos os citados negaram os fatos ou preferiram não se pronunciar. Do advogado de Julio Faerman, o blog não obteve resposta.

 

PT levava propina em 3 diretorias, diz delator

Paulo Roberto Costa afirma que partidos não davam apoio político 'só pelos belos olhos' dos dirigentes da estatal

PT e PMDB negaram receber recursos do esquema; a Petrobras não se pronunciou sobre as denúncias

Diretor de Abastecimento da Petrobras de 2004 a 2012, Paulo Roberto Costa, um dos principais delatores da Operação Lava Jato, afirmou nesta sexta-feira (13), em depoimento prestado ao juiz federal de Curitiba (PR) Sergio Moro, que propina relativa a contratos em três diretorias da Petrobras ia para "para o PT".

Segundo Costa, as diretorias de Serviços, Exploração e Produção e Gás e Energia da companhia eram dirigidas por nomes indicados pelo PT e a sigla recebia propina calculada sobre o valor dos ocntratos.

"Na área de Exploração e Produção, que era o diretor do PT, e a área de Serviços que era do PT, os valores iam todos para o PT. Na área de Gás e Energia, idem. Então isso era feito dessa maneira", disse ele.

Costa foi ouvido como testemunha do Ministério Público em ação penal movida contra o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró e o lobista Fernando Soares, entre outros.

"Essas empresas do cartel formaram, vamos dizer, esses consórcios aí, e pagavam valores para serem distribuídos aos partidos políticos, para serem distribuídos para os operadores e para serem distribuídos para os diretores da Petrobras, alguns diretores da Petrobras", afirmou o ex-diretor.

Costa revelou que o PMDB também passou a receber a propina obtida por sua diretoria, a de Abastecimento, "por volta de 2006, 2007", em conjunto com o PP.

"Eu tive um problema muito sério de saúde no final de 2006, praticamente quase parei de trabalhar e muitas pessoas ficaram de olho no meu lugar. Quando eu voltei, o PMDB também começou a me apoiar", disse.

Costa afirmou ainda que o apoio dos partidos aos diretores era "sempre" revertido na obtenção de recursos pelos partidos.

"Não se chega, ou não se chegava, a diretor da Petrobras sem apoio político e nenhum partido dá apoio político só pelos belos olhos daquela pessoa ou pela capacidade técnica. Sempre tem que ter alguma coisa em troca", afirmou.

Indagado pelo juiz Sergio Moro se os diretores da petroleira recebiam propina, Costa mencionou ele próprio e o ex-diretor de Serviços Renato Duque, indicado pelo PT. Quanto a Cerveró, disse não saber e nem ter provas de que o ex-diretor internacional tenha sido subornado.

OUTRO LADO

O PMDB negou "veementemente" as acusações. A assessoria do PT afirmou que a secretaria de finanças da sigla "reitera que todas as doações que o partido recebe são feitas na forma da lei e declaradas à Justiça". A Petrobras não se manifestou até a conclusão desta edição.

Em um dos depoimentos à força-tarefa da Operação Lava Jato divulgados pela Justiça Federal na quinta (12), Costa disse ter recebido US$ 31,5 milhões da construtora Odebrecht até setembro de 2012.

No acordo de delação firmado em setembro de 2014, Costa disse que à época tinha US$ 23 milhões depositados em contas dele e de familiares em bancos na Suíça. A Odebrecht nega ter feito os pagamentos.

 

Dilma e Mercadante têm deixado Lula inquieto. Saiba por quê

lula

Lula: ele está tenso com o avanço das investigações da Lava-Jato

Lula está uma fera com Dilma Rousseff e com Aloizio Mercadante. Tem dito a interlocutores que Dilma e Mercadante não estão se empenhando como deviam para brecar as investigações da Lava-Jato. Estão lavando as mãos.

Lula, é bom lembrar, já chegou a ir até Gilmar Mendes para pedir – em vão – que o ministro do STF amaciasse o seu voto no julgamento do mensalão.

Lula, aliás, tem Mercadante como um dos seus alvos preferidos. Acha que o ministro mais importante deste governo quer fazer terra arrasada dos seus adversários internos no PT para viabilizar-se como o candidato do partido em 2018 – se o ex não encarar a sucessão de Dilma, claro.

Por Lauro Jardim, de veja.com

 

 

PT sem resposta

Partido quer esfriar os ânimos antes de escolher o líder na Câmara

Militância petista quer responder à oposição

Deputados do PT têm sido cobrados pela militância do partido sobre a necessidade de fazer um protesto público em contraponto ao organizado pela oposição para o dia 15 de março.A direção nacional do PT ainda não tomou nenhuma decisão.

Por Lauro Jardim

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Fonte:
Folha de S. Paulo + VEJA

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3 comentários

  • João Alves da Fonseca Paracatu - MG

    O curioso destas ações orquestradas entre diversos podres poderes da república,envolvendo ex presidente,presidenta,ministro da justiça,controladoria e promotoria apenas indica a que ponto chegamos,o lixo da corrupção,mais uma vez, vai apenas ser varrido pra debaixo do tapete... enquanto isto brinquemos o carnaval e preparemos para pagar mais este pato e engolir este sapo, que por sinal é bem barbudo.Saudações mineiras,uai!

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  • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

    É preciso urgentemente falar sobre a imprescindível demissão de Cardozo. Enquanto ele estiver em seu cargo, a instituição do ministério da justiça está sob suspeita.

    Simplesmente, enquanto a Polícia Federal trabalha, um ministro vai dando dicas e distribuindo informações privilegiadas, o que constitui influência em órgão autônomo, uso dessas informações privilegiadas para benefício do partido, e abuso do poder estatal, de modo tirânico, para evitar que delatores digam o que saibam.

    Hoje é um dia para todos os brasileiros não ficarem apenas indignados, mas apavorados, pois um ministro da justiça desceu a um ponto onde nenhum outro jamais havia feito.

    Ele precisa ser punido judicialmente. "Luciano Ayan", do blog, "Ceticismo Politico".

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  • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

    "Nós brasileiros honestos, temos o direito e o dever de exigir que a presidente Dilma demita imediatamente o ministro da justiça". Quem disse isso foi o ex ministro do STF, Joaquim Barbosa.

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