Dólar despenca e vai abaixo R$ 3,40 pela 1ª vez em quase um ano nesta quarta-feira
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar recuava cerca de 1,5 por cento e ia abaixo de 3,40 reais pela primeira vez em quase um ano nesta quarta-feira, com operadores apostando que o Banco Central deve ser menos propenso a intervir no câmbio sob Ilan Goldfajn e acompanhando o ambiente externo favorável.
Às 10:09, o dólar recuava 1,55 por cento, a 3,3951 reais na venda. A moeda norte-americana atingiu 3,3816 reais na mínima da sessão, o menor nível intradia desde 31 de julho de 2015 (3,3346 reais). O dólar futuro perdia cerca de 1,5 por cento.
"Muita gente no mercado via um piso nos 3,50 reais e as declarações do Ilan contrariaram essa tese", disse o operador da corretora Ativa Arlindo Sá. "Aí o real veio com tudo, embalado também pelo cenário externo positivo".
Ilan defendeu na véspera o "respeito ao regime de câmbio flutuante" em audiência no Senado e a declaração serviu de gatilho para o ajuste no mercado de câmbio. Sua indicação à presidência do BC foi na véspera pelo Senado.
Sá disse que há espaço para o dólar recuar ainda mais, mas preferiu não precisar patamares. Esse movimento depende, porém, de trégua no cenário político, em meio a escândalos que vêm alimentando preocupações com a capacidade do governo de bancar medidas de austeridade no Congresso Nacional.
"Tem muita água para rolar ainda. O jogo só acaba quando termina", afirmou.
Mesmo com o recuo recente da moeda dos EUA, o BC não voltou a atuar no mercado. É a sexta sessão consecutiva em que a autoridade monetária não intervém, sendo que não realiza leilão de swap reverso --equivalente a compra futura de dólares-- desde 18 de maio.
Quando o dólar ia abaixo de 3,50 reais, o BC costumava entrar no mercado e, assim, reduzir o estoque de swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares. Muitos interpretavam o movimento como uma tentativa de não prejudicar as exportações.
O cenário externo favorável também vem contribuindo para a queda do dólar. Nesta sessão, dados fortes sobre as importações da China favoreciam o desempenho de ativos ligados a commodities, como moedas emergentes, somando-se ao avanço dos preços do petróleo.
Além disso, vêm enfraquecendo as apostas em alta de juros nos Estados Unidos no curto prazo, após dados fracos sobre o mercado de trabalho norte-americano e declarações da chair do banco central norte-americano, Janet Yellen. Juros mais baixos nos EUA tendem a favorecer ativos emergentes, que oferecem retornos elevados.
(Por Bruno Federowski)
0 comentário
Dólar abre estável enquanto mercado analisa dados do IPCA-15 e aguarda números dos EUA
Minério de ferro cai na China com dados mistos sobre produção
Atividade empresarial da zona do euro segue em retração em outubro, mostra PMI
Índices da China recuam após 4 sessões em alta com cautela por eleição dos EUA
Brasil pede que Peru viabilize acordo para impulsionar comércio e aproveitar rota direta para Ásia
Expectativas de inflação desancoradas e prêmios de risco preocupam BC, diz Campos Neto