Vitória de Trump tem efeito reverso e mercado está revendo suas avaliações

Publicado em 10/11/2016 11:12

Os analistas e consultores alertaram: não se assustem com a reação do mercado no dia seguinte das eleições nos Estados Unidos! E o movimento dos principais ativos nesta quinta-feira, 10 de novembro, está aí para provar isso. As commodities avançam nas bolsas internacionais, os índices acionários traçam o mesmo caminho, ao lado de um dólar que também sobe hoje. No Brasil, a moeda americana disparava mais de 2% e chegava, por volta das 10h40, próximo de R$ 3,30. 

A agência de notícias Bloomberg, ao lado de mídias especializadas em mercado financeiro, mostra que os investidores estariam fazendo uma reavaliação do governo Trump nos EUA e os impactos nas demais economias mundiais, bem como no crescimento da economia global. A reavalição resulta, portanto, em volatilidade e rallies nos negócios de hoje. 

Nesta quinta, o mercado acionário chinês marcou suas máximas em 10 meses, o japonês subiu e as ações europeias acompanham. Entre as commodities, as metálicas parecem liderar as altas e os futuros do cobre subiram também em suas máximas dos últimos três anos, estimulados, segundo analistas, pelas propostas do novo presidente americano de expandir a infraestrutura do país. A retórica de Trump começa a se tornar coadjuvante e o foco do mercado começa a se voltar para algumas de suas promessas. 

"Trata-se de um rally de 'alívio' passado o primeiro impacto após a eleição, principalmente de depois do tom mais conciliador adotado por Trump", disse o gerente de fundos da internacional Jersey Channel em entrevista à Bloomberg. "Sabemos de algumas políticas que ele quer adotar, como a de redução de impostos e dar atenção aos gastos fiscais e, caso sejam efetivadas e aprovadas, isso poderá expandir a economia americana no curto prazo", completa. 

A expectativa de que os mercados enfrentam novos e ainda grandes desafios continua, porém, os desafios agora são encarados como positivos e têm mais características de oportunidades do que durante a acirrada corrida eleitoral, onde eram enxergadas como uma nova onda de incertezas.

Outra mudança de perspectiva observada nesta quinta-feira se dá sobre o futuro da taxa de juros nos Estados Unidos. Quando o republicano foi confirmado como presidente, as apostas para uma alta da taxa esperada para dezembro pelo Federal Reserve caíram bastante e, hoje, já são maiores. Atualmente, há cerca de 88% de chances de uma revisão dos juros americanos na reunião do próximo mês, segundo José Faria Junior, diretor de câmbio da Wagner Investimentos. 

"Segundo a Pimco, se a política econômica de Trump se provar inflacionária, o Fed deverá subir os juros de forma mais rápida do que o mercado projeta para o média prazo. Os juros dos títulos de 10 anos superam 2,05% com a aposta em aceleração da inflação em meio à nova política econômica de Trump. Alguns analistas esperam que o Fed suba os juros em dezembro e promova três altas nos juros em 2017", afirma o executivo em uma entrevista ao portal Infomoney. 

Há quem ainda pense diferente, é verdade. O mercado ainda vê muitos analistas apostando em uma pressão trazidas pelas medidas ultra protecionistas do executivo, ou de um rombo orçamentário promovido pelos cortes nos impostos americanos, entre outras medidas que poderiam até mesmo chegar a uma recessão. As especulações, portanto, não param.

O mercado vai ficar nesse movimento de especular a cada fala dele e só terá fundamento quando sairem as primeiras medidas efetivas. Assim como antes da eleição, tudo não passa de especulação do mercado, tudo que parece oportunidade agora pode se tornar decepção ou não. Só iremos saber ao certo se as expectativas que se tornarão realidade quanto ao Trump serão as de antes antes ou depois da eleição após suas primeiras medidas. O mesmo mercado que caiu antes porque ele poderia ganhar a eleição é o mesmo que sobe agora porque ele ganhou.

Commodities 

Entre as commodities agrícolas, os grãos negociados na Bolsa de Chicago seguem se recuperndo e soja e milho sobem mais de 1% no início da tarde de hoje, enquanto os de trigo têm ganhos de pouco mais de 0,8%. 

Em Nova York, o café arábica e o açúcar já realizam lucros e operam no vermelho. Mais cedo, porém, as altas eram bastante significativas e ambos têm registrado um importante momento para as cotações. O algodão, por outro lado, se mantinha em campo positivo e trabalhava com um avanço de mais de 1%. 

Para o consultor de mercado e diretor executivo da Maros Corretora, Marcus Magalhães, especializado em café, a reação do mercado nesta quinta-feira faz bastante sentido e condiz com as últimas notícias que chegam dos Estados Unidos. 

"Os discursos que estão vindo de Washington estão menos calorosos que os discursos de campanha, indicando que o mercado entende que o candidato terá uma postura diferente como presidente do que foi como candidato", diz Magalhães. "Então, o mercado ganha uma mansidão e as bolsas operam com conservadorismo à espera desses passos que Donald Trump terá que fazer até se chegar o dia 22 de janeiro, quando assume efetivamente a presidência. Mas, acho que Trump deve ter uma postura diferente, de concilição. Não acredito em um cataclisma global, acredito que poderemos ter alguns ajustes, mas nada de forma muito truculenta, conclui. 

As metálicas eram ainda mais beneficiadas pela mensagem de mais infraestrutura e industrialização deixada por Donald Trump, na análise do Goldman Sachs. Aquilo utilizado para se construir de portos a pontes ganhará um estímulo. "Sem detalhes específicos ainda é difícil quantificar o impacto sobre a demanda por commodities, porém, tais políticas deverão dar suporte ao aço, minério de ferro, zinco, níquel, diesel e cimento, por exemplo", informam, em um relatório, os analistas do banco internacional.  

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Por:
Carla Mendes e André Bitencourt Lopes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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1 comentário

  • Jeancarlo Debona Vacaria - RS

    Por que efeito reverso? Então tudo o que estavam prevendo foi mais um engodo pra quem acompanha a mídia?

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    • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

      Depende qual midia você acompanha; http://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil/cultura/como-a-imprensa-distorce-declaracoes-de-donald-trump/

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    • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

      http://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil/cultura/a-demonizacao-de-trump-na-imprensa-brasileira/

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    • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

      http://www.midiasemmascara.org/artigos/conservadorismo/16608-bolsonaro-e-trump.html

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    • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

      http://www.implicante.org/colunas/por-que-a-imprensa-brasileira-faz-uma-cobertura-tao-ruim-da-eleicao-norte-americana/

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