Dólar cai e vai à casa de R$ 3,17, com cena externa e expectativa de fluxo

Publicado em 12/01/2017 17:30

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Por Claudia Violante

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em queda esta quinta-feira, indo ao patamar de 3,17 reais, sintonizado com o comportamento da moeda norte-americana no exterior e expectativas de entrada de recursos de fora, em meio a um tom mais otimista com a economia brasileira diante da perda de força da inflação.

O dólar recuou 0,50 por cento, a 3,1756 reais na venda, depois de bater em 3,1532 reais na mínima do dia, com queda de mais de 1 por cento. O dólar futuro cedia cerca de 0,90 por cento no final da tarde.

Foi novamente a menor cotação de fechamento desde 8 de novembro passado (3,1674 reais), dia da eleição presidencial nos Estados Unidos e quando os mercados ainda acreditam na vitória da democrata Hillary Clinton, mas que acabou sendo derrotada por Donald Trump.

"O corte (da Selic) também indicou maior confiança do Banco Central de que a inflação está caindo... Isso é uma leitura positiva para a retomada da atividade", resumiu o operador da corretora H.Commcor, Cleber Alessie Machado.

Na noite passada, o BC surpreendeu ao reduzir a taxa básica de juros em 0,75 ponto percentual, a 13 por cento ao ano, intensificando o ritmo de afrouxamento monetário para além do esperado pelo mercado diante de sinais de retomada econômica mais demorada após dois anos de profunda recessão.

Também passou a ver a inflação abaixo do centro da meta neste ano, em 4 por cento, contra 4,4 por cento antes, sugerindo espaço suficiente para mais cortes robustos na Selic. Juros menores tendem a estimular o consumo por baratearem o crédito e ajudar na recuperação econômica.

Apesar do corte significativo da Selic, o juro doméstico seguia como o mais alto do mundo, segundo levantamento da Infinity Asset, o que mantinha a atratividade do Brasil aos investidores. Como o BC sinalizou que deve aprofundar os cortes, muitos investidores estrangeiros podem antecipar suas aplicações no Brasil.

Essas expectativas de mais ingressos de recursos também eram alimentadas por emissões de empresas. Depois da Petrobras, a Fibria também anunciou captação no exterior.

A cena externa também contribuiu para a queda do dólar nesta sessão, com a moeda norte-americana recuando ante uma cesta de moedas e divisas de países emergentes, como os pesos mexicano e chileno, depois de o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, não ter trazido nada de alarmante em sua entrevista da véspera.

O recuo do dólar, no entanto, chegou a diminuir durante o pregão, com muitos investidores aproveitando os níveis de cotação para recompor carteiras. O movimento, no entanto, foi insuficiente para mudar a trajetória de queda.

Com a baixa da moeda norte-americana, cresciam nas mesas de operação expectativas sobre eventual atuação do BC no mercado de câmbio, já que patamares abaixo de 3,20 reais eram tidos como um sinal de alerta. A autoridade monetária não entra desde o dia 13 de dezembro.

(Edição de Patrícia Duarte).

Ibovespa sobe 2,4% em sessão com giro forte após decisão do Copom

Por Gabriela Mello

SÃO PAULO (Reuters) - O principal índice da Bovespa encerrou em forte alta e elevado giro financeiro nesta quinta-feira, com compras generalizadas após o Banco Central anunciar corte mais acentuado na taxa básica de juro, o que, segundo operadores, deve beneficiar as empresas endividadas e incentivar o consumo.

O Ibovespa subiu 2,41 por cento, a 63.953 pontos, maior patamar de fechamento desde 8 de novembro do ano passado. Na máxima da sessão, avançou 3,04 por cento, superando os 64 mil pontos. O giro financeiro totalizou 10,8 bilhões de reais, bem acima do volume médio diário de 5,8 bilhões de reais em 2017 até a véspera.

O índice atingiu a máxima do ano poucos minutos depois da abertura, mas não conseguiu se sustentar acima dos 64 mil pontos. "Após o volume da abertura e aquela puxada inicial, o mercado ficou meio de lado, patinando", afirmou o economista-chefe da Infinity Asset Management, Jason Vieira.

Após dois cortes de 0,25 ponto percentual, um em outubro e outro em novembro, o Copom acelerou na véspera o ritmo de ajuste da Selic, reduzindo em 0,75 ponto percentual a taxa de juro, para 13 por cento ao ano.

A decisão surpreendeu participantes do mercado que previam um corte menos acentuado, de 0,5 ponto percentual. Minutos após o comunicado, Bradesco e Banco do Brasil anunciaram redução das taxas para clientes.

Vieira observa que, além de incentivar o consumo, a queda do juro ainda favorece os esforços das empresas de reduzir o endividamento e, por isso, reflete positivamente em quase todos os setores. "Até os papéis defensivos, como as elétricas, estão subindo", disse.

DESTAQUES

- ITAÚ UNIBANCO PN fechou em alta de 2,54 por cento, dando sustentação ao Ibovespa, dado o seu peso na composição do índice. BRADESCO PN ganhou 2,35 por cento e BB ON subiu 2,53 por cento. SANTANDER BRASIL UNIT avançou 5,02 por cento.

- CEMIG PN disparou 12,06 por cento, liderando as altas do Ibovespa, beneficiada pela decisão do Copom, assim como Eletrobras ON, uma vez que são papéis com dívida bastante exposta ao comportamento dos juros.

- BR MALLS ON saltou 8,51 por cento, uma vez que também figura entre as principais beneficiadas pela queda da Selic. Segundo operadores, a administradora de shopping centers ainda reagiu às mudanças no conselho de administração. Na véspera, a empresa comunicou a renúncia de Carlos Medeiros Silva Neto ao cargo de conselheiro para se dedicar exclusivamente à posição de diretor presidente, o que foi considerado "positivo" pela equipe de análise do Bradesco BBI do ponto de vista da governança corporativa.

- VALE PNA teve ganho de 2,12 por cento, enquanto VALE ON subiu 3,23 por cento, acompanhando os preços do minério de ferro, que subiram pelo quarto dia consecutivo na China. O setor de siderurgia pegou carona no movimento, ajudado ainda por expectativa de que a redução da Selic deve beneficiar empresas alavancadas como a CSN ON , que subiu 4,47 por cento. USIMINAS PNA avançou 2,48 por cento e GERDAU PN 1,59 por cento.

- PETROBRAS PN termimou em alta de 1,53 por cento e PETROBRAS ON ganhou 1,66 por cento, tendo no radar o impacto positivo do corte de juro sobre o endividamento da estatal, a firmeza das cotações do petróleo no mercado internacional e a notícia de que a petroleira atingiu a meta de produção pelo segundo ano consecutivo.

- FIBRIA ON recuou 1,26 por cento, entre as poucas quedas do Ibovespa, acompanhando outras exportadoras em meio à queda do dólar ante o real. A ação, porém, encerrou longe da mínima após anúncio de novo aumento de 30 dólares no valor da tonelada vendida para América do Norte, Europa e Ásia a partir de 1º de fevereiro. "Tudo indica que vem mais aumento de preços nas próximas semanas", comentou o analista Leonardo Correa, do BTG Pactual, em nota a clientes.

 

Temer diz que vai trabalhar para inflação no centro da meta e espera juro de um dígito

(Reuters) - O presidente Michel Temer voltou a comemorar o recuo do inflação e disse nesta quarta-feira que o trabalho agora é colocá-la no centro da meta, de 4,5 por cento, além de prever que o país caminha para uma taxa básica de juros de um dígito, depois da decisão do Banco Central na véspera.

"É interessante, embora tenhamos apenas, convenhamos, sete ou oito meses de governo, os senhores vejam que a inflação, que é algo que atormenta a vida das famílias, caiu de 10,70 para 6,29 (por cento)", disse Temer, referindo-se ao recuo da inflação de 2015, quando foi de 10,67 por cento, para 2016, cujo 6,29 por cento foi anunciado pelo IBGE na manhã de quarta-feira.

Economistas avaliam que parte do recuo dos preços no período, no entanto, se deveu à forte recessão que atingiu a economia brasileira nesses dois anos.

"Os senhores sabem que a inflação calculada como razoável pelos governos é aquela de zero a 6,5, e o centro da meta 4,5. Nesse curto período, nós ficamos abaixo do teto da meta e o trabalho agora é que neste ano nós estejamos no centro da meta. Ou seja, 4,5 por cento", acrescentou.

Embora o presidente tenha falado de inflação "razoável" entre zero e 6,5 por cento, a margem de tolerância para a meta de 4,5 por cento no ano passado era de 2 pontos percentuais, para mais e para menos. Neste ano, a tolerância foi reduzida a 1,5 ponto percentual.

Temer aproveitou a decisão do Comitê de Política Monetária do BC na noite de quarta-feira, de cortar a taxa Selic em 0,75 ponto percentual, a 13 por cento ao ano, para voltar a fazer prognósticos sobre os juros, como tem feito nos últimos dias, ainda que ressaltando não pretender interferir na área.

"Juros muito altos revelam desestímulo para quem quer investir", disse. "Pois muito bem, nesse breve período, primeiro foi 0,50 e ontem foi 0,75", disse o presidente, referindo-se primeiro aos dois cortes anteriores de 0,25 ponto percentual.

"E nós vamos, nessa toada, digamos assim, não que eu queira dar palpite na área financeira, mas vamos nessa toada, pouco a pouco, sair dos dois dígitos para um dígito só em matéria de juros da economia brasileira", concluiu.

Alguns economista já veem a taxa Selic abaixo de 10 por cento no final de deste ano.

Os comentários do presidente foram feitos em discurso na inauguração de uma escola municipal com o nome de seu irmão Fued Temer em Praia Grande (SP).

(Por Alexandre Caverni).

 

DIs despencam após Copom e embutem apostas que Selic irá a 1 dígito


Por Claudia Violante

SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos contratos futuros de juros despencaram nesta quinta-feira, após o Banco Central surpreender e reduzir mais que o esperado a Selic, com os DIs indicando apostas de que a taxa básica de juros vai a um dígito ao final desde ciclo de afrouxamento monetário. Até a véspera, era esperado que a Selic iria a 10,25 por cento.

"O BC entendeu que podia antecipar o processo de cortes ainda mais robustos. Foi uma resposta mais enérgica ao cenário de inflação baixa hoje, inflação ancorada no médio prazo e atividade muito fraca", destacou o economista-sênior do Banco Haitong, Flávio Serrano.

Na noite passada, o BC surpreendeu ao reduzir a taxa básica de juros em 0,75 ponto percentual, a 13 por cento ao ano, intensificando o ritmo de afrouxamento monetário para além do esperado pelo mercado diante de sinais de retomada econômica mais demorada após dois anos de profunda recessão. O ciclo de distensão monetária foi iniciado em outubro, com dois cortes de 0,25 ponto percentual cada na Selic até então.

Segundo operadores, a curva a termo embutia um ciclo de 3,25 pontos percentuais de diminuição da Selic neste ano que, se confirmado, levará a taxa para 9,75 por cento. Para o próximo encontro do Comitê de Política Monetária (Copom), em fevereiro, os DIs indicavam novo corte de 0,75 ponto.

"Por ora, o cenário externo não impediu que o BC cortasse a taxa em 0,75 ponto. Mas o BC tem outras reuniões para tomar suas decisões e ajustar o passo se necessário", comentou o gestor de recursos da Spinelli Correetora, Chow Juei.

A taxa do DI com vencimento em janeiro de 2018, por exemplo, fechou com baixa de 0,335 ponto percentual, a 11 por cento ao ano, enquanto que o contrato para janeiro de 2021 recuou 0,34 ponto, a 10,77 por cento.

Se o BC mantiver o passo de diminuição da Selic em 0,75 ponto percentual nos próximos encontros, a taxa básica cairia a um dígito em setembro.

Em segundo plano, o recuo dos rendimentos dos Treasuries nesta sessão e do dólar ante o real reforçaram a trajetória de baixa dos DIs, sobretudo no trecho mais longo.

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Fonte:
Reuters

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