Janot defende manter Cunha preso e diz que ex-deputado tentou intimidar Temer

Publicado em 26/07/2017 14:01

LOGO REUTERS

BRASÍLIA (Reuters) - O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, defendeu, em parecer encaminhado nesta terça-feira ao Supremo Tribunal Federal (STF), que o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) permaneça preso e destacou que o ex-deputado tentou intimidar o presidente Michel Temer ao fazer "insinuações" sobre a conduta do chefe do Poder Executivo em fatos que não teriam relação com o processo a que o ex-parlamentar responde.

"O ora recorrente se valeu do processo penal para intimidar e exercer pressão sobre a figura do Presidente da República", argumentou Janot.

"Insinuar a existência de relação entre Michel Temer e José Yunes (advogado e amigo do presidente), bem como sugerir que este último teria intermediado financiamento --oficial ou não declarado-- de campanhas do atual chefe do Poder Executivo Federal ou de sua legenda eleitoral, o Partido do Movimento Democrático Brasileiro, o que não tem instrumentalidade alguma à defesa de Eduardo Cunha no caso", criticou Janot.

Em outubro do ano passado, o juiz federal Sérgio Moro, de Curitiba, decretou a prisão preventiva do ex-deputado no curso de uma das fases da operação Lava Jato. No final de março, Moro condenou-o a 15 anos de prisão. No parecer, de 64 páginas, Janot lembra que o ex-parlamentar tem contra si três mandados de prisão expedidos.

Em novembro passado, o magistrado chegou a barrar 21 de 41 perguntas feitas por Cunha a Temer por considerá-las inapropriadas ou sem pertinência com o objeto do processo. Temer --atualmente alvo de denúncia criminal por corrupção passiva no STF movida por Janot-- fora arrolado pelo ex-deputado como testemunha de defesa.

ASSECLAS

O chefe do Ministério Público Federal argumentou ainda que Cunha deve ser mantido afastado sob o argumento de que o ex-deputado detém um "potencial delitivo" concentrado atualmente mais na "capacidade de influenciar seus asseclas, ainda ocupantes de cadeiras no Congresso Nacional". Ele chama-o de profissional do crime que poderia voltar a delinquir.

O procurador-geral destacou ainda que, mesmo já preso, o ex-presidente da Câmara recebia propina regularmente para obstruir ou dificultar investigações oficiais, citando a delação premiada de Joesley Batista, da JBS.

"Tais elementos demonstram, ainda, que o núcleo de organização criminosa composto por membros do PMDB na Câmara dos Deputados está em pleno funcionamento, com a ciência, anuência e efetiva participação de Eduardo Cunha", disse Janot, citando inquérito sob investigação no STF.

(Por Ricardo Brito)

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Fonte:
Reuters

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário