Para aprovar Previdência, Temer escolhe deputado ligado a Maia para Cidades e tenta agradar PMDB com Secretaria de Governo

Publicado em 21/11/2017 06:19

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Por Ricardo Brito

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Michel Temer escolheu um deputado ligado ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para o Ministério das Cidades e ainda costura para agradar a bancada de deputados do PMDB a fim de tentar ampliar sua base de apoio para aprovar a versão enxuta da reforma da Previdência, disseram à Reuters uma fonte palaciana e dois parlamentares envolvidos nas tratativas.

O nome escolhido é o do deputado Alexandre Baldy (Podemos-GO), que deixou o partido nesta segunda para se filiar ao PP e assumir a pasta. Deputado federal de primeiro mandato, Baldy foi o relator do projeto de repatriação de recursos.

Prevista inicialmente para ocorrer nesta segunda-feira, a indicação de Baldy por nota oficial do Palácio do Planalto deve ficar para a terça e a posse, para o dia seguinte, às 15h30, segundo uma fonte. Ainda há acertos políticos de última hora a serem feitos e o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), está em viagem no exterior e só deve chegar ao país na terça.

A escolha de Baldy também agrada a partidos do chamado centrão e reduz a influência do PSDB na Esplanada dos Ministérios. Principal aliado de Temer, o partido iniciou um processo de desembarque com a saída na semana passada de Bruno Araújo da pasta das Cidades.

"É uma pessoa bem-quista na Casa e foi apresentado por dois partidos importantes da nossa base, o PP e o DEM", afirmou o vice-líder do PMDB Carlos Marun (MS), deputado próximo do Planalto.

"Isso tudo está sendo feito para ter o respaldo da base e aprovar a reforma", reforçou um dos vice-líderes do governo na Câmara, Beto Mansur (PRB-SP), que esteve pessoalmente com Temer na segunda.

O acerto do nome ocorreu após uma série de conversas no final de semana entre Temer, Maia, o próprio Baldy e outros parlamentares aliados.

Inicialmente, o PP pressionava para emplacar no cargo de ministro das Cidades o presidente da Caixa Econômica Federal, Gilberto Occhi, mais ligado a Nogueira. Contudo, o nome de Baldy começou a ganhar força nos últimos dias na bancada da Câmara e com outras legendas da base.

Uma das preocupações no Palácio do Planalto, de acordo um interlocutor de Temer, é não desequilibrar a correlação de forças na Esplanada entre os partidos da base. Baldy não poderá concorrer a um cargo eletivo em outubro de 2018. Ele ficaria até o final do mandato presidencial e não teria como se beneficiar pessoalmente das ações do ministério.

Atualmente, o PP tem 45 deputados e ocupa os ministérios da Agricultura e da Saúde, duas pastas com grande orçamento, além da presidência da Caixa. O partido foi um dos principais aliados de Temer na rejeição das duas denúncias criminais contra ele na Câmara. Procurados, Baldy e Ciro Nogueira não quiseram dar declarações antes da oficialização do nome ao cargo.

No momento, segundo Carlos Marun, o governo admite não ter os votos suficientes para aprovar a reforma. São necessários ao menos 308 votos no plenário da Câmara, em dois turnos de votação. Ele disse que o trabalho a ser feito envolve ampliar o apoio na base com a conclusão das mudanças na Esplanada e a apresentação do novo texto da Previdência provavelmente na quarta-feira, para tentar votar a matéria daqui a duas semanas.

Conhecido por fazer as "planilhas" de contagem de votos, Mansur disse que o Planalto vai partir de uma base de 220 votos fieis, que sempre votaram com o governo nas reformas e na rejeição das duas denúncias contra Temer, e trabalhará nas próximas semanas para garantir o apoio necessário para as reformas.

Ele ainda não começou a contar os novos apoios e deve começar a fazê-lo com a conclusão da reforma ministerial "pontual".

SECRETARIA DE GOVERNO

Temer, segundo interlocutores no Planalto e no Congresso, está decidido a Secretaria de Governo --atualmente ocupada pelo tucano Antonio Imbassahy-- para o PMDB. Mas a escolha do nome está emperrada.

Por um lado, auxiliares de Temer veem com simpatia o nome do presidente do Conselho Nacional do Sesi, o peemedebista João Henrique de Almeida Sousa. Ele foi deputado federal e ministro dos Transportes e tem trânsito com a bancada do partido na Câmara.

Contudo, deputados do partido enviaram sinais de veto a João Henrique e começaram a defender a ideia de que o novo ministro seja escolhido dentro da bancada. O líder do PMDB na Câmara, Baleia Rossi (SP), reuniu-se com Temer na tarde desta segunda para transmitir o desejo dos parlamentares. Entre os cotados, estão Carlos Marun, Mauro Lopes e Saraiva Felipe, os dois últimos mineiros.

Segundo uma fonte, Temer passou a avaliar o cenário de colocar um deputado peemedebista na pasta, mas tem sinalizado que defende o mesmo compromisso com o PP, que o escolhido fique até o final do mandato presidencial.

Temer continua a fazer consultas com aliados a fim de definir o nome.

"O presidente está pensando a respeito, não sei se tomou uma decisão", disse Marun, ao destacar que as negociações para a pasta das Cidades estavam mais adiantadas.

Entre os aliados há quem defenda, no entanto, um nome que não seja do PMDB para assumir o ministério. A ideia seria não fortalecer o partido.

PSDB

Temer também passou a avaliar a possibilidade de deslocar Imbassahy da Secretaria de Governo para o Ministério de Direitos Humanos, hoje ocupado pela também tucana Luislinda Valois. Segundo uma fonte, Temer tem muita consideração por Imbassahy, mesmo diante da provável saída do PSDB do governo, e cogita mantê-lo na Esplanada.

Inicialmente, essa mudança do tucano não vinha sendo admitida no Palácio do Planalto. Mas a intenção de manter Imbassahy próximo também visa a passar um sinal de que o presidente conta com o apoio dos tucanos na votação da Previdência, mesmo com o desembarque do partido esperado para 9 de dezembro, dia da convenção nacional da legenda.

"A gente tem proximidade com o PSDB. O partido passa por uma briga interna, mas não quer dizer que estamos brigando com eles", destacou Mansur, para quem é "muito importante" assegurar ao menos 30 votos dos tucanos na apreciação da reforma da Previdência.

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Fonte:
Reuters

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