Lula parece não perceber o que acontece no país, diz Ciro Gomes (na FOLHA)

Publicado em 01/03/2018 07:21

O pré-candidato à Presidência Ciro Gomes (PDT) comentou nesta quinta-feira (1º) a fala do ex-presidente Lula na entrevista concedida à Folha, na qual o petista afirma que Ciro ou vai para a direita ou não pode brigar com o PT, pois nenhum candidato ganharia a eleição sem apoio do partido ou do PSDB

Ao ser questionado pelo apresentador José Luiz Datena, da Rádio Bandeirantes, Ciro inicialmente saiu em defesa de Lula, dizendo que antes de ser uma pessoa de luta, tinha um coração e que não era nada fácil para alguém com a trajetória do petista carregar uma condenação.

Na sequência, o pré-candidato classificou a afirmação de Lula sobre a subordinação dos candidatos ao PT ou PSDB como grave e rebateu o ex-presidente: “Lula parece não estar percebendo corretamente o que está acontecendo no país.”

Segundo o pré-candidato, a fala de Lula alimenta a polarização no país entre direita e esquerda sem debater questões importantes para o Brasil.

“É a velha história de repartir o país entre coxinhas e mortadelas, caracterizar esse enfrentamento por miudices, ódios e paixões, enquanto o país está sofrendo todo o tipo de grave constrangimento no emprego, salário, violência, educação, saúde pública, que é o que de fato deveríamos estar discutindo”, disse.

Segundo Ciro, os resultados apresentados pelo PT nas eleições de 2014 varreram o partido dos municípios brasileiros. “Em São Paulo tinha um prefeito bastante respeitável e ficou fora do segundo turno”, afirmou, fazendo referência a Fernando Haddad, que cogita para vice da chapa à Presidência.

Ciro afirma que Lula não percebe a repulsa generalizada e até merecida da população em relação ao PT e que o ex-presidente estaria até melhor que o próprio partido.

Ao negar boicote à eleição, Lula desmonta o "Eleição sem Lula é fraude" (por IGOR GIELOW)

Ao pregar a resistência na tentativa de ser candidato a presidente neste ano e negar a existência de um amplamenteconhecido plano B à sua ausência nas urnas, Luiz Inácio Lula da Silva acabou por destruir a narrativa escolhida pelo PT para descrever suas agruras judiciais.

"Quando chegar o momento certo, o PT pode discutir todas as alternativas. Eu sou contra boicotar as eleições", disse Lula em entrevista à Folha.

Com isso, vai ficar complicado para o partido manter o slogan  bolado para a virtual inelegibilidade de Lula devido à condenação em segunda instância por corrupção: "Eleição sem Lula é fraude". Se o ex-presidente descarta boicotá-lo, o pleito pode ser qualquer coisa, menos uma fraude.

Assim, e ao dizer que qualquer presidente de esquerda precisará do PT para se eleger e presumivelmente governar, Lula também dá o sinal trocado para seu público. Mantém sua disposição pública de resistir, mas pisca para aquilo que está acontecendo em conversas reservadas, a busca por um nome para o substituir.

Deixa claro também que Ciro Gomes (PDT) está crescentemente distante de ser essa pessoa devido às suas críticas ao PT. No entorno do petista, há quem suspeite que Lula possa estar apenas aumentando o cacife em uma eventual negociação com o seu ex-ministro, mas o cisma parece um cenário mais provável.

Nas hostes petistas, o fato de a Polícia Federal ter alvejado Jaques Wagner tirou um tanto do lustro que o ex-governador baiano exibia como presidenciável. Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo e coordenador da pré-campanha de Lula, é a bola da vez.

Ciro e Haddad acordam para 2018, mas pesadelo continua (por FERNANDO CANZIAN)

A esquerda acordou para 2018. 

Com Lula fora do páreo, Fernando Haddad (PT) e Ciro Gomes (PDT) conversam para aproveitar o congestionamento no centro (Temer, Meirelles, Maia) e enfrentar Jair Bolsonaro à direita. 

A conversa ganhou peso com o indiciamento do ex-governador da Bahia Jaques Wagner (PT) pela PF. Acusado de receber propinas de R$ 82 milhões, essa alternativa a Lula já era.

Haddad e Ciro encaram duas verdades: o PT segue de longe o partido preferido dos brasileiros (19%) e Lula deve transferir milhões votos; mas é Ciro quem aparece embolado em segundo com Marina Silva(Rede) ou Geraldo Alckmin (PSDB) em cenários alternativos sem Lula.

Muita água vai correr, mas o lógico seria PT e PDT se unirem com Ciro à frente, hoje algo impensável entre cartolas petistas. Vamos ver se isso muda com a perspectiva de ficarem sem cargos por muitos anos.

O que já se sabe, infelizmente, é que esse despertar não nos livra de futuros pesadelos. 

Em documentos cheio de dogmas como o Unidade para Reconstruir o Brasil, assinado por PT, PDT, PC do B, PSB e Psol, ou em manifestações pessoais, Ciro, Haddad e Lula seguem inclinados a propostas intervencionistas parecidas com as que levaram o país à ruína com Dilma Rousseff. 

Muitas são populistas e ignoram o básico: examinar o passado para planejar o futuro. 

A verdade pode ser dura, mas os melhores anos sob Lula em crescimento e distribuição de renda saíram da cartilha mais liberal imposta pelo FMI ao Brasil a partir de 2003, quando o país era devedor do Fundo.

Quando essa ortodoxia gerou resultados, milhões de famílias subiram da classe D/E para a C. Com as “novidades” de Dilma, 4,6 milhões delas voltaram para trás entre 2015 e 2017.

Experiência ainda mais fresca mostra que Temer, reprovado por 70% e considerado corrupto, tirou o país da recessão (derrubando inflação e juros a níveis impensáveis) com a mesma cartilha liberal pró-mercado. 

Com esse breve histórico de ascensão, queda e nova recuperação ainda fresco, agora vem de Fernando Henrique Cardoso o vaticínio sobre um novo e desesperador paradoxo brasileiro. 

Para o ex-presidente, o candidato que vier associado ao mercado será derrotado nesta eleição. Mas o melhor candidato será o que fizer as pessoas pensarem que a vida pode melhorar.

O duro no Brasil é que poucos dizem que o tal mercado somos todos nós.

Os lulistas vão ter de engolir a fotografia de Temer. E arrotar sentimentalismo (em O Antagonista)

E os elogios de Lula a Temer, na entrevista da Folha, hein?

“(Temer) teve a coragem de desmascarar o Janot, o Joesley e ficou presidente. E ainda ganhou duas paradas no Congresso Nacional [para impedir que o processo contra ele no STF seguisse], não se sabe a que preço. A imprensa dizia que R$ 30 bilhões foram gastos, não sei quantos bilhões. Mas ganhou.”

E o senhor o admira por isso?

Não. Eu continuo pensando o mesmo do Temer. Eu estou contando o fato. E o fato histórico não tem sentimentalismo. Tem uma fotografia.”

Os lulistas vão ter de mastigar e engolir a fotografia de Temer. E arrotar sentimentalismo.

Frei Betto vai de Boulos

Frei Betto confirmou presença no lançamento da pré-candidatura de Guilherme Boulos ao Planalto pelo PSOL, na próxima segunda-feira.

Lula curtiu?

Tribunal recua, e ação contra Lula volta para juiz original em Brasília

O TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região) recuou parcialmente de decisão que mandava redistribuir parte dos processos criminais em curso na 10ª Vara da Justiça Federal em Brasília. Entre eles, há ações penais contra políticos importantes, acusados de corrupção, lavagem de dinheiro, organização criminosa e tráfico de influência. 

O conselho de administração da corte decidiu nesta quinta (1º) que não mudarão de vara os casos mais avançados, que já tenham audiências e/ou interrogatórios realizados.

Esse grupo inclui ação que apura se o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vendeu prestígio a lobistas com a promessa de viabilizar a compra de caças de defesa e a edição de uma medida provisória pelo governo da sucessora, Dilma Rousseff.

Também se enquadra nessa categoria a ação na qual os ex-presidentes da Câmara Eduardo Cunha (MDB-RJ) e Henrique Eduardo Alves (MDB-RN) são acusados de desviar recursos da Caixa Econômica Federal.

Também deve permanecer na 10ª Vara o caso em que o ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB-BA) responde por tentativa de atrapalhar investigações ao, supostamente, monitorar a delação premiada do corretor Lúcio Bolonha Funaro.

A relação completa dos processos que ficam na vara, comandada pelos juízes Vallisney de Souza Oliveira e Ricardo Augusto Soares Leite, ainda será elaborada.

Uma decisão do TRF-1 fez com que inquéritos e ações penais em curso na 10ª fossem remetidos na semana passada para a 12ª Vara, sob responsabilidade dos juízes Marcus Vinicius Reis e Polyanna Kelly Alves. 

Odebrecht apresenta a Moro e-mails como provas contra Lula (em VEJA)

O empresário Marcelo Odebrecht anexou a um processo da Operação Lava Jatoque tem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva entre os réus novos e-mails com referências a valores supostamente pagos pela Odebrecht ao petista. A defesa de Marcelo alega que ele só pôde reunir o material depois que progrediu ao regime semiaberto e teve acesso a dados de seu computador pessoal. O conteúdo comprovaria o relatos do empresário em sua delação premiada.

Incluídos no processo referente ao sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP), os e-mails tratam de obras na propriedade rural, da compra de um prédio ao Instituto Lula, em São Paulo, que baseia outro processo da Lava Jato, além de pagamentos destinados a Lula por meio da “conta corrente de propinas” mantida entre a Odebrecht e o ex-ministro Antonio Palocci, identificado como “Italiano” nas planilhas da empreiteira. 

Em 21 de junho de 2011, Odebrecht dá uma orientação ao executivo Luiz Antonio Mameri que indicaria que Lula sabia da conta de propinas com Palocci. “Qd mencionar ao amigo de BJ que o acerto do evento foi com Italiano/amigo de meu pai, e não com PT, importante não mencionar nada sobre minha conta corrente com Italiano pois só ele e amigo de meu pai sabem [sic.]”. 

Segundo os delatores da empreiteira, menções a “amigo” ou “amigo de EO” correspondiam ao ex-presidente, que seria amigo de Emílio Odebrecht, pai de Marcelo. Na petição encaminhada pelos defensores do empresário ao juiz federal Sergio Moro, os defensores dele afirmam que a mensagem “reforça o conhecimento de Lula sobre a ‘conta-corrente’ mantida com Antônio Palocci (Italiano)”.

Leia a notícia na íntegra no site da Veja.

Em e-mail, Odebrecht questiona contrapartida a Lula por obras na Líbia de Kadafi

No novo conjunto de e-mails entregue à Lava Jato, há uma mensagem de 12 de novembro de 2008 em que Marcelo Odebrecht elenca os “pontos para agenda com seminário”, ou seja, que seriam tratados com Gilberto Carvalho.

Além da já conhecida negociação com Antonio Palocci (italiano) sobre o crédito-prêmio do IPI e as tratativas para o financiamento do filme de Lula, Marcelo fala de eventual contrapartida pelas obras da Odebrecht na Líbia de Muamar Kadafi.

“O italiano insinuou (ou jogou verde para colher maduro) que um contato de lá (Muktah) insinuou ao seminarista que em função da sobras que conquistamos estavam entendendo que tínhamos cumprido nossos compromissos políticos aqui, com o amigo de meu pai. Expliquei ao italiano que nossas obras lá são por custo reembolsável e de margem apertada e que não tivemos nenhuma orientação neste sentido de inserir nada para dar aqui. Daniel ficou de contactar o Muktah (a quem o Kalifa, nosso sponsor conhece bem) e perceber se existe alguma orientação.”

Odebrecht acertou pagamento a filme de Lula por meio de produtora de jornalistas

No novo conjunto de e-mails entregue à Lava Jato, Marcelo Odebrecht combina com seus executivo o apoio financeiro ao filme “Lula, o filho do Brasil”.

Segundo ele, o aporte estava sendo negociado por Gilberto Carvalho, “o seminarista”, com uma “produtora” dos jornalistas João Rodarte e Roberto D’Ávila.

“Nosso apoio será de 750 mil e não apareceremos. Rossana está cuidando da operação com João Rodarte/Roberto D´’Avila”, escreve o executivo Marcos Wilson a Marcelo Odebrecht.

Em e-mails, executivos da Odebrecht detalham cronograma das obras do sítio de Atibaia

Como mostramos mais cedo, o novo conjunto de e-mails entregues à Lava Jato traz detalhes do engajamento da cúpula da Odebrecht nas obras de reforma do sítio de Atibaia para Lula.

A sequência de e-mails abaixo mostra a preocupação de Marcelo Odebrecht com o cronograma, pois o “amigo” tinha pressa.

“Piscina ainda sem laje, suítes ainda sendo rebocadas, sauna a ser contratada. Nós nos comprometemos com 15/1 ou seria mais seguro dizer até final de janeiro, tentando antecipar?”, questiona o presidente do grupo aos executivos Alexandrino Alencar e Carlos Paschoal.

Para garantir o cumprimento do acordo, o engenheiro Frederico Barbosa passou a morar no canteiro de obra e Paschoal implantou dois turnos.

Em 14 de janeiro, Emyr Costa envia email a Paschoal, com cópia para Marcelo Odebrecht, dizendo que estava com 99% da reforma concluída e que “o cliente” estava “satisfeito com o que foi feito no exíguo prazo”.

 
 
 
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Fonte:
FOLHA + Veja

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