Bolsonaro lidera disputa presidencial com 24% após ser esfaqueado, diz Datafolha

Publicado em 10/09/2018 21:20

SÃO PAULO (Reuters) - O candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, segue na liderança da corrida pelo Palácio do Planalto com 24 por cento das intenções de voto, mostrou pesquisa Datafolha divulgada nesta segunda-feira, a primeira após o presidenciável do PSL ser esfaqueado na semana passada.

O resultado significa uma oscilação positiva de 2 pontos percentuais em relação à pesquisa anterior do Datafolha, quando ele tinha 22 por cento das intenções de voto. A margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais.

A pesquisa mostrou Ciro Gomes (PDT) com 13 por cento, ante 10 por cento na pesquisa anterior; Marina Silva (Rede) com 11 por cento, ante 16 por cento; e Geraldo Alckmin (PSDB) com 10 por cento, ante 9 por cento.

O candidato a vice pelo PT, Fernando Haddad, que deve substituir o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na cabeça de chapa, foi o único a crescer fora da margem de erro, passando para 9 por cento, ante 4 por cento no levantamento anterior. Dessa forma, Ciro, Marina, Alckmin e Haddad estão empatados dentro da margem de erro.

Na pesquisa espontânea, em que os eleitores expressam sua preferências sem estímulos dos entrevistadores, o apoio a Lula caiu de 20% para 9% após o início da propaganda na televisão, em que o PT só foi autorizado a apresentá-lo como apoiador. 

O Datafolha ouviu 2.804 pessoas nesta segunda-feira.

Ibope apenas em SP: Bolsonaro mantém patamar após atentado

O Ibope também fez uma pesquisa presidencial apenas no estado de São Paulo.

Jair Bolsonaro continua na liderança, mas o percentual não se alterou significativamente depois do atentado, mostra o Estadão. Ele oscilou um ponto para cima, de 22% para 23%, dentro da margem de erro.

Também dentro da margem de erro, de três pontos percentuais, outros candidatos oscilaram positivamente no estado: Geraldo Alckmin foi de 15% a 18%, Ciro Gomes de 8% a 11% e Fernando Haddad de 5% para 7%.

Marina Silva, por sua vez, oscilou negativamente, de 10% para 8%.

Marina tenta manter o ânimo (no ESTADÃO)

Diante da queda nas intenções de voto registrada nas pesquisas mais recentes, Marina Silva, do Rede, tenta manter o ânimo na campanha.

“Pesquisa é o retrato de um momento”, afirma. “O voto só é definido dia 7 de outubro, e até lá vou andar em cada Estado e cidade apresentando minhas propostas.” / J.F.

Bolsonaro perderia para Marina no segundo turno

Marina Silva teria 43% e Bolsonaro, 37%, num hipotético segundo turno, segundo o Datafolha.

Ciro venceria Bolsonaro no segundo turno

De acordo com o Datafolha, numa disputa de segundo turno, Ciro Gomes teria 45% e Jair Bolsonaro, 35%.

Haddad e Bolsonaro empatados no segundo turno

Segundo o Datafolha, na disputa de segundo turno, Fernando Haddad teria 39% e Jair Bolsonaro, 38%.

BOLSONARO AINDA TEM A MAIOR REJEIÇÃO

Jair Bolsonaro, segundo o novo Datafolha, continua com a maior rejeição: 43% dos entrevistados disseram que não votariam nele “de jeito nenhum”.

A alta rejeição explica o mau desempenho de Bolsonaro nas simulações feitas pelo Datafolha para o segundo turno da disputa. De acordo com os cenários estudados, ele perderia para Alckmin, Marina e Ciro e chegaria à segunda rodada da eleição empatado com Haddad se ela fosse realizada hoje. 

A rejeição a Bolsonaro, na realidade, subiu além da margem de erro depois do atentado: passou de 39% para 43%.

Logo depois vêm Marina Silva (29% –era 24% no levantamento anterior), Geraldo Alckmin (24%), Fernando Haddad (22%) e Ciro Gomes (20%).

Saída de Lula da disputa embaralha a esquerda (ANÁLISE DOS DIRETORES DO DATAFOLHA Mauro Paulino e Alessandro Janoni)

Ataque a Jair Bolsonaro gerou oscilações positivas para candidato do PSL especialmente em nichos específicos

 

São tantos os fatores com potencial de impacto sobre os resultadosdivulgados nesta segunda (10) pelo Datafolha, que as mudanças verificadas no quadro eleitoral podem parecer até modestas.

Além da intensificação da cobertura jornalística após o registro das candidaturas, episódios de grande repercussão despertaram o eleitorado na última semana.

O início da propaganda gratuita no rádio e na TV, a decisão do TSE em barrar a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o atentando contra Jair Bolsonaro (PSL) pautaram debates e mobilizaram a opinião pública.

O saldo desse período percebe-se logo nas intenções de voto espontâneas, primeira pergunta do questionário aplicada pelo Datafolha e onde não há apresentação dos nomes dos candidatos para os entrevistados.

Nessa situação, menções a Lula despencaram 11 pontos, citações a Bolsonaro subiram cinco, Ciro Gomes também melhorou seu desempenho e Fernando Haddad, que deve assumir o lugar do petista, aparece pela primeira vez, com 4%.

Quando o cartão com os candidatos é apresentado, Bolsonaro é apontado como preferido por cerca de um quarto dos brasileiros. O ataque que sofreu em Juiz de Fora gerou oscilações positivas para o candidato do PSL em diversos estratos do eleitorado, mas com maior expressão em nichos específicos como entre os que têm de 45 a 59 anos e os que ganham de 5 a 10 salários mínimos.

O episódio, no entanto, foi insuficiente para sensibilizar de maneira importante conjuntos de grande peso quantitativo. Bolsonaro continua reprovado por quase metade do segmento feminino e pela maior parte dos que têm renda familiar mensal de até dois salários mínimos. O primeiro corresponde a 53% do eleitorado e o segundo a 46%.

Se por um lado o atentado não provocou uma onda bolsonarista, por outro parece ter inibido efeitos dos ataques que vinha recebendo da campanha de Geraldo Alckmin (PSDB). O tucano, além de continuar no mesmo patamar do levantamento anterior, vê-se rodeado pelo imbróglio esquerdista provocado pela inelegibilidade de Lula.

Empatado com o ex-governador já aparece Fernando Haddad, alavancado por seu principal cabo eleitoral na propaganda no rádio e na TV. A maioria dos brasileiros diz ter assistido ao horário gratuito, pouco mais de um terço diz votar em candidato apoiado por Lula e a taxa de conhecimento sobre o ex-prefeito de São Paulo cresceu seis pontos.

Numericamente à frente do paulista, mas estatisticamente empatados, Marina Silva (Rede) sucumbe ao conhecimento crescente de Haddad e ao bom desempenho de Ciro Gomes (PDT) na TV.

Os que hoje votam em Ciro Gomes correspondem a um dos estratos que mais valoriza o horário eleitoral e que mais considera o noticiário como fonte para decisão do voto. Talvez por isso, o pedetista tenha crescido em segmentos com maior acesso à informação, como os jovens, e entre os que têm pelo menos escolaridade e renda médias. Também ganhou apoio no Nordeste e no Centro-Oeste.

Nenhum outro dado ilustra melhor a pulverização da esquerda do que a evolução das intenções de voto entre os simpatizantes do PT.

Antes da decisão do TSE, na pesquisa de 21 de agosto, quando se substituía Lula por Haddad, diante da possibilidade de impedimento de sua candidatura, 27% dos petistas diziam votar em branco ou nulo, 19% optavam por Marina, 14% por Ciro Gomes e apenas 11% por Haddad.

Hoje, a taxa dos que dizem anular o voto nesse estrato caiu dez pontos percentuais, a opção por Haddad subiu 19 pontos (foi para 30%), a vontade de votar em Ciro oscilou positivamente para 18%, enquanto Marina perdeu nove pontos (tem 10% do estrato, hoje).

Mas, apesar da maior parte do eleitorado se dizer decidida quanto ao candidato que escolheu, tendência verificada especialmente entre eleitores de Bolsonaro e Haddad, nada pode ser descartado sobre o futuro dessa eleição. Como esse futuro é curto, tanto as estratégias de Alckmin para atrair o eleitorado tradicional do PSDB —mais rico e escolarizado—, hoje votando em um Bolsonaro vitimizado, quanto os discursos dos nomes à esquerda para desempatar o páreo diante de um forte cabo eleitoral, exigem de ambos ações contundentes, imediatas, certeiras, porém cautelosas. Desafios para as campanhas.

ANÁLISE da FOLHA: Por  Igor Gielow

Comoção do atentado não pegou, e soma de erros a rejeição ameaça Bolsonaro

Datafolha traz boas notícias para Haddad e Ciro, ambíguas para Alckmin e péssimas para Marina

As dúvidas iniciais sobre os efeitos eleitorais do drama vivido por Jair Bolsonaro  desde que foi esfaqueado em plena campanha eleitoral na quinta (6) começaram a se dissipar com a pesquisa do Datafolha. A resultante não é boa para o capitão reformado, ora internado numa UTI em São Paulo.

A oscilação positiva, de dois pontos, indica que era mesmo exagerado o temor das candidaturas rivais de que o atentado fosse um carimbo no passaporte de Bolsonaro para o segundo turno. Ele segue um robusto candidato a uma das vagas, mas seu caminho tem vários obstáculos.

Que a comoção jornalística e política do incidente não havia se tornado uma onda no eleitorado, isso era um dado com que o PSDB e o MDB já trabalhavam no dia seguinte ao atentado, por meio de pesquisas qualitativas. Não foi por acaso que o tucano Geraldo Alckmin foi o primeiro a modular o tom de sua empatia, sendo seguido por Ciro Gomes (PDT).

Ainda assim, a variação dentro da margem de erro é frustrante para o campo bolsonarista. Há duas explicações para isso.

Primeiro, a enorme rejeição do deputado, de 43%. Ela se mostrou firme: ainda que seja incomparável do ponto de vista metodológico, pois no levantamento anterior Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estava incluído na pergunta sobre quem o eleitor rejeitava, é um patamar compatível com a rejeição pré-atentado (39%).

O fato de que ele fracassa em todas as simulações de segundo turno, com uma exceção em curva desfavorável no embate com Fernando Haddad (PT), apenas comprova a teoria Marine Le Pen, segundo a qual o deputado seria uma versão tropical da líder da extrema direita francesa: pode chegar à disputa final, mas invariavelmente acabará derrotado.

Isso deverá servir de alimento para as campanhas rivais, particularmente a tucana, que dispõe de espaço generoso de inserções de rádio e TV. Com a dificuldade óbvia de criticar um convalescente muito abertamente, é um caminho a mais para miná-lo.

O fator adicional concorrendo contra o deputado é a sucessão de erros de sua descentralizada campanha. Como a Folha mostrou, não existe um comando político unificado a tocar o barco de Bolsonaro, primariamente capitaneado pelo próprio. Assim, com o comandante derrubado fisicamente, o barata-voa  instalado ofertou vários passos em falso.

Fotos do candidato fazendo o seu sinal emulando uma arma empunhada após sofrer uma violência, os inúmeros vídeos com o senador Magno Malta (PR-ES) a orar junto a um agônico Bolsonaro, fotos de cicatriz, nada disso parece ter alcançado aqueles que não são seus eleitores fiéis.

Daqui para a frente, sem a presença física de Bolsonaro, as dificuldades de comunicação tendem a se acentuar. Obviamente, ele segue competitivo, com a intenção espontânea de voto subindo cinco pontos. Mas aí também pode haver um soluço inicial ligado ao atentado, fora o fato de que é um índice que circula pelo que parece ser seu teto.

No embolado segundo pelotão da disputa, há boas notícias para Haddad, Ciro e, em menor escala, Alckmin. O petista ainda nem foi lançado oficialmente como poste de Lula e viu dobrar sua intenção de voto, comprovando as teses daqueles que veem racionalidade no processo político.

A queda na intenção espontânea de voto do ex-presidente também indica que a ficha caiu para seus apoiadores de que ele não terá como ser candidato contra a lei. 

Mas Haddad talvez não contasse com a resiliência de Ciro. Sem estrutura ou espaço de propaganda decente, o pedetista logrou subir acima da margem de erro. Se ele captar uma parte razoável do espólio nordestino do voto de Lula, poderá dar trabalho ao PT, que mal consegue cerrar fileiras em torno do contestado ex-prefeito paulistano.

A situação de Alckmin é ambígua. Ele é o potencial maior beneficiário de uma eventual queda de Bolsonaro no pós-atentado, e o desempenho competitivo no segundo turno dará argumentos àqueles que acreditam que o tsunami de propaganda eleitoral à sua disposição irá render dividendos.

Mas o próprio comando tucano havia se concedido dez dias de horário eleitoral para algum tipo de mudança significativa de cenário. Assim, a estagnação ainda registrada é, para ser gentil, agoniante para o comando da campanha. Se permanecer assim até semana que vem, os rumores de cristianização da candidatura voltarão com força.

Por fim, Marina Silva. A presidenciável da Rede viu seu apoio derreter. Até seu bom desempenho de segundo turno se perdeu. A manter a linha atual de campanha, parece bastante difícil que ela consiga reverter os efeitos da queda.

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Fonte:
Reuters/Folha/ESTADÃO

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3 comentários

  • Rafael Antonio Tauffer Passo Fundo - RS

    A verdade é que tentaram de todas as maneiras e não conseguiram desconstruir a candidatura de Bolsonaro. Agora vão alarmar que ele perde no segundo turno. Como pode Bolsonaro perder no segundo turno para Marina sendo que tudo indica que Marina nem consegue chegar no segundo turno?

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  • joao luiz ryzik floresta - PR

    ...não sei que pesquisa é essa??!!! em todos os lugares que ando sempre cruzo com pessoas humildes e faço pesquisa... Dá até medo do resultado... quase 100% bolsonaro... sei lá onde esses aí fazem as pesquisa? gostaria de saber... é muita diferença...

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  • Carlos Urach

    Totalmente fora da realidade do vermelho Datafolha..., fizeram "às pressas" a "pesquisa" por causa da pesquisa do BTG, que dá 30 % para o Capitão..., o Datafalha errou 63% das pesquisas nas eleições de 2016! Ibope e Datafalha, falem sério!!!!!!!!

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    • Carlos Alberto Erhart Sulina - PR

      Essas pesquisas compradas sempre vão diminuir Bolsonaro, só espero que as urnas não roubem demais!

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