"A boca do jacaré está aberta", por Merval Pereira, em O Globo

Publicado em 10/10/2018 19:22
Pesquisa do Instituto Paraná: dos votos totais em Minas Gerais Bolsonaro tem 58,9% e Haddad 25,8%

No jargão dos institutos de pesquisa, quando os gráficos mostram um desenho que distancia dois competidores de maneira clara, diz-se que “abriu a boca do jacaré”. E quando ela abre, é difícil de ser fechada. O fato é que uma vitória de Haddad seria mudar em 15 dias tudo o que o eleitorado brasileiro fez no último domingo, quando varreu figuras tradicionais da política brasileira, apartidariamente, mas atingindo, inclusive, políticos do PT ou seus aliados mais explícitos, com uma ou outra exceção devido a peculiaridades da política local.

A situação é tão grave que o PT aceitou uma derrota simbólica de relevância, permitindo que Haddad apagasse de sua propaganda o rosto de Lula e, mais que isso, trocasse a cor vermelha da propaganda, pelo verde e amarelo típico da campanha de Bolsonaro.

graficografico | arquivo
É interessante notar que desde 2013, quando das manifestações populares difusas contra “tudo o que está aí”, e depois nas passeatas a favor do impeachment de Dilma, os manifestantes que usavam o verde e amarelo, geralmente com a camisa da seleção brasileira de futebol, eram ridiculamente acusados pelos petistas de serem “coxinhas” coniventes com a corrupção da CBF.

Agora, os cartazes do petismo que quer se esconder mostram moças e rapazes com a camisa da seleção, com a mão no peito em sinal de respeito, e olhando para o horizonte, dignos do realismo socialista do tempo de Stalin na União Soviética. E o desaparecimento da figura de Lula dos cartazes lembra muito o hábito stanilista de apagar das fotos os que caiam em desgraça no regime comunista, muito antes de aparecer o photoshop.

É claro que o PT não chegou a esse ponto, e Lula continua sendo “o grande líder”.  Mas como a rejeição a ele e ao PT é grande, a ponto de o diretor do Ibope Carlos Augusto Montenegro avaliar que se o ex-presidente fosse candidato hoje poderia perder a eleição, estrategicamente escondem-no, com o consentimento do próprio.

 Haddad, aliás, escreveu um livro, justamente no ano da queda do Muro de Berlim, cujo objetivo é demonstrar que a revolução comunista de 1917 não conseguiu implantar o verdadeiro socialismo.   Quando era ministro da Educação, para reagir às críticas ao livro “Por uma Vida Melhor”, que admitia erros de português como sendo uma forma espontânea de se expressar, Haddad saiu-se com essa bizarrice: “Há uma diferença entre o Hitler e o Stálin que precisa ser devidamente registrada. Ambos fuzilavam os seus inimigos, mas o Stálin lia os livros antes de fuzilá-los”.

O eleitor, na prática, fez o mesmo que Lula nas eleições de 2010 e 2012, que escalou seus adversários preferenciais para derrotar, em diversos partidos: Tasso Jereissati, do PSDB; Arthur Virgílio, do PSDB; Marco Maciel,do DEM; Heloisa Helena, hoje na Rede.

Lula fez campanha pessoalmente contra Arthur Virgilio, e disse que o povo havia dado uma lição a ele com a vitória de Vanessa Graziotin para o Senado. Hoje, Virgilio é prefeito de Manaus e Graziotin não foi reeleita. Sobre a derrota de Tasso Jereissati naquela altura, disse que o povo “fez um favor danado”. Tasso hoje é senador. 

De volta a 1989

A proposta de Katia Abreu, vice de Ciro Gomes, para que Haddad renuncie para permitir que Ciro dispute com Bolsonaro, o único que poderia vencê-lo segundo sua opinião, lembra um episódio da eleição presidencial de 1989, que tantas semelhanças tem com a de hoje.

Derrotado por Lula por exatos 0,67% de votos , Brizola pediu que Lula renunciasse para que Mario Covas, do PSDB, que ficou em quarto lugar, pudesse enfrentar Collor, pois teria mais condições para isso que Lula. Como agora, não deu certo.

Bolsonaro tem 69,6% das intenções de voto do eleitorado mineiro; Haddad, 30,4%

O Instituto Paraná Pesquisas divulgou nesta sexta-feira (12) uma pesquisa feita no estado de Minas Gerais em relação ao segundo turno da corrida presidencial. O candidato ao Palácio do Planalto pelo PSL, Jair Bolsonaro, aparece em primeiro lugar, com 69,6% das intenções de votos válidos. Fernando Haddad (PT) tem 30,4%.

O eleitorado que declarou que não vai votar representa 10,2%. Não sabem, 5,1%.

“Havia uma expectativa por parte do pessoal de Haddad de que o segundo turno seria mais equilibrado. Mas, se as pesquisas nacionais que saírem nesta semana Bolsonaro consegui se manter, vai ficar muito difícil para Haddad”, avaliou o diretor-presidente do instituto, Murilo Hidalgo, no Jornal da Manhã, da Jovem Pan.

Foram ouvidas ao todo 1750 pessoas, nos dias 9 e 10 de outubro, em 41 minucípios de Minas Gerais. A margem de erro é de 2,5% para mais ou para menos e o nível de confiança é de 95%.

Instituto Paraná, MG: Bolsonaro 58,9% X 25,8% Haddad

Em votos totais, a pesquisa presidencial em Minas Gerais mostra os seguintes resultados:

Jair Bolsonaro: 58,9% das intenções de voto;

Fernando Haddad: 25,8%.

Entre os votos válidos, Bolsonaro vai a 69,6% e Haddad a 30,4%.

Zema tem 73% dos votos no segundo turno

Romeu Zema, do Novo, está com 73,6% dos votos válidos no segundo turno, revela a pesquisa do Instituto Paraná sobre o governo de Minas Gerais.

Antonio Anastasia tem apenas 26,4%.

O PSDB acabou.

Bolsonaro esmaga Haddad em Minas Gerais

Jair Bolsonaro está esmagando o PT.

No primeiro turno, ele teve 48% dos votos válidos em Minas Gerais. De lá para cá, segundo o Instituto Paraná, ele subiu mais de 20 pontos, indo para 69,6% dos votos válidos.

Fernando Haddad, por outro lado, saiu de 27% no primeiro turno para apenas 30% agora. Sua campanha está sem Lula, sem vermelho e sem voto.

Instituto Paraná, MG: Bolsonaro tem metade da rejeição de Haddad

Na pesquisa do Instituto Paraná, 31,3% dos mineiros disseram que nunca votariam em Jair Bolsonaro.

No caso de Fernando Haddad, são 61,8%.

Haddad é Lula, Lula é Haddad.

A derrota de Lula para Bolsonaro

Carlos Augusto Montenegro, dono do Ibope, disse a Merval Pereira que “a rejeição a Lula e ao PT é tão grande que, se o ex-presidente fosse candidato hoje, poderia perder a eleição”.

Lula é Haddad. Contra Jair Bolsonaro, ele teria os mesmos 40% dos votos de seu poste.

Lula pronto para a derrota

Lula está pronto para a derrota de Fernando Haddad.

Ele mandou plantar na Folha de S. Paulo que o importante é o PT “qualificar a derrota”, apontando “a tragédia que virá”.

Ele disse também:

“O tsunami vai e volta”.

O tsunami só volta depois de destruir tudo, Lula. 

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No jargão dos institutos de pesquisa, quando os gráficos mostram um desenho que distancia dois competidores de maneira clara, diz-se que “abriu a boca do jacaré”. E quando ela abre, é difícil de ser fechada. O fato é que uma vitória de Haddad seria mudar em 15 dias tudo o que o eleitorado brasileiro fez no último domingo, quando varreu figuras tradicionais da política brasileira, apartidariamente, mas atingindo, inclusive, políticos do PT ou seus aliados mais explícitos, com uma ou outra exceção devido a peculiaridades da política local.

A situação é tão grave que o PT aceitou uma derrota simbólica de relevância, permitindo que Haddad apagasse de sua propaganda o rosto de Lula e, mais que isso, trocasse a cor vermelha da propaganda, pelo verde e amarelo típico da campanha de Bolsonaro.

É interessante notar que desde 2013, quando das manifestações populares difusas contra “tudo o que está aí”, e depois nas passeatas a favor do impeachment de Dilma, os manifestantes que usavam o verde e amarelo, geralmente com a camisa da seleção brasileira de futebol, eram ridiculamente acusados pelos petistas de serem “coxinhas” coniventes com a corrupção da CBF.

Agora, os cartazes do petismo que quer se esconder mostram moças e rapazes com a camisa da seleção, com a mão no peito em sinal de respeito, e olhando para o horizonte, dignos do realismo socialista do tempo de Stalin na União Soviética. E o desaparecimento da figura de Lula dos cartazes lembra muito o hábito stanilista de apagar das fotos os que caiam em desgraça no regime comunista, muito antes de aparecer o photoshop.

É claro que o PT não chegou a esse ponto, e Lula continua sendo “o grande líder”.  Mas como a rejeição a ele e ao PT é grande, a ponto de o diretor do Ibope Carlos Augusto Montenegro avaliar que se o ex-presidente fosse candidato hoje poderia perder a eleição, estrategicamente escondem-no, com o consentimento do próprio.

 Haddad, aliás, escreveu um livro, justamente no ano da queda do Muro de Berlim, cujo objetivo é demonstrar que a revolução comunista de 1917 não conseguiu implantar o verdadeiro socialismo.   Quando era ministro da Educação, para reagir às críticas ao livro “Por uma Vida Melhor”, que admitia erros de português como sendo uma forma espontânea de se expressar, Haddad saiu-se com essa bizarrice: “Há uma diferença entre o Hitler e o Stálin que precisa ser devidamente registrada. Ambos fuzilavam os seus inimigos, mas o Stálin lia os livros antes de fuzilá-los”.

O eleitor, na prática, fez o mesmo que Lula nas eleições de 2010 e 2012, que escalou seus adversários preferenciais para derrotar, em diversos partidos: Tasso Jereissati, do PSDB; Arthur Virgílio, do PSDB; Marco Maciel,do DEM; Heloisa Helena, hoje na Rede.

Lula fez campanha pessoalmente contra Arthur Virgilio, e disse que o povo havia dado uma lição a ele com a vitória de Vanessa Graziotin para o Senado. Hoje, Virgilio é prefeito de Manaus e Graziotin não foi reeleita. Sobre a derrota de Tasso Jereissati naquela altura, disse que o povo “fez um favor danado”. Tasso hoje é senador. 

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De volta a 1989

A proposta de Katia Abreu, vice de Ciro Gomes, para que Haddad renuncie para permitir que Ciro dispute com Bolsonaro, o único que poderia vencê-lo segundo sua opinião, lembra um episódio da eleição presidencial de 1989, que tantas semelhanças tem com a de hoje.

Derrotado por Lula por exatos 0,67% de votos , Brizola pediu que Lula renunciasse para que Mario Covas, do PSDB, que ficou em quarto lugar, pudesse enfrentar Collor, pois teria mais condições para isso que Lula. Como agora, não deu certo.

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Fonte:
Reuters/Folha de S. Paulo

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3 comentários

  • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

    Os mais velhos, do tempo analógico, já assistiram essa novela...

    Stalin, o famoso camarada soviético, quando fez a limpeza (mandou matar) os seus camaradas, mandava apagar as imagens das fotografias onde eles apareciam do seu lado. Essa é a estratégia do comunismo, inclusive com seus companheiros, tentam eliminá-los da história do partido.

    Hoje é o Haddad que está fazendo isto, amanhã serão seus companheiros que estarão "apagando" a sua imagem dos banners petistas.

    Enfim, são tão importantes que as suas mentiras são perpétuas.

    MENTEM NA IDA & NA VOLTA !!!

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    • Vanderlei Reck Tangara da Serra - MT

      E a questão das dúvidas com respeito as urnas eletrônicas, como vamos resolver?

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    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      Antes de resolver a "questão" das urnas eletrônicas, penso, resolver a "questão" da obrigatoriedade do voto. ... ... & ... ... em seguida, quero ter a "arma" de deseleger o mau político, através do "recall"... ... Penso, essas duas "mudanças" são primordiais para que "outras" aconteçam... ...

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    • EDMILSON JOSE ZABOTT PALOTINA - PR

      Paulo Roberto, correto sua observação.. Acrescento o Voto Distrital.

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    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      Concordo Sr. Edmilson, mas com uma ressalva, que seja o "Voto Distrital Puro" e, não o voto distrital misto que os políticos estão querendo implantar...

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  • Cristina Antunes Assis - SP

    Vamos fazer uma aposta? A próxima pesquisa vai dar Haddad subindo e Bolsonaro mantendo, como se esse poste tivesse ganhando a admiração dos indecisos.... Manipulação total da pesquisa. Se for pela vontade do povo, Bolsonaro é presidente. Se manipularem os resultados das urnas e Haddad for presidente teremos que fugir para o exterior! Que Deus nos proteja do mal.

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  • geraldo emanuel prizon Coromandel - MG

    Considerando a margem de erro das pesquisas anteriores, Bolsonaro deve ter de 78% a 80% das intenções de votos.

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