Exportação de carne bovina do Brasil deve manter ritmo de alta em 2020, diz Abrafrigo

Publicado em 03/12/2019 18:13

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SÃO PAULO (Reuters) - As exportações de carne bovina do Brasil devem manter um ritmo de alta em 2020 após os recordes deste ano, diante de uma continuidade na forte demanda da China e de perspectivas positivas com Rússia, Estados Unidos e Indonésia, afirmou nesta terça-feira a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo).

Segundo a entidade, as vendas para o mercado externo são o principal fator positivo para o segmento em 2020, uma vez que o mercado interno tende a permanecer em patamares semelhantes aos vistos em 2019.

Em nota, a Abrafrigo afirmou prever para o próximo ano um crescimento de cerca de 10% nos embarques do produto em relação a 2019, ano no qual o acumulado indica 1,7 milhão de toneladas exportadas até novembro --alta de 13% versus 2018.

"(Esperamos que) volte os EUA, que a Rússia habilite mais plantas, que comecem a aparecer bons números da Indonésia... Estamos otimistas, as exportações estão crescendo", disse o presidente da Abrafrigo, Péricles Salazar, ponderando que a concretização do avanço "depende do cenário internacional".

O Brasil se vê em um impasse para exportar o produto aos EUA, que no início de novembro pediram mais informações e mantiveram um veto ao produto in natura, enquanto a Rússia tem habilitado plantas gradualmente e a Indonésia autorizou compras da carne brasileira em agosto.

Ainda assim, o grande impulso continua vindo da China, cujas aquisições de proteínas dispararam em 2019, quando surtos de peste suína africana dizimaram a enorme criação de porcos do país.

No acumulado do ano, segundo dados da Abrafrigo, o mercado chinês, incluindo Hong Kong, absorveu 42,2% de toda a carne bovina vendida ao exterior pelo Brasil, ou cerca de 727 mil toneladas.

Perguntado se os expressivos crescimentos podem ser colocados apenas na conta do país asiático, Salazar foi enfático: "principalmente China".

PREÇO DA CARNE NO BRASIL

A forte demanda internacional impactou diretamente no valor da carne no Brasil, com o preço do boi gordo atingindo na semana passada máxima histórica de 231,35 reais por arroba no indicador Esalq/B3, o que afeta as margens de lucros dos frigoríficos.

Para Salazar, as cotações vão se acomodar em um patamar mais baixo quando tudo se acalmar.

"Já está sinalizando que vai acomodar para um patamar mais baixo. Não vai ficar nem nos 165 reais que era anteriormente, nem nos 225 reais a que chegou. Deve ficar entre 180 e 190 reais", disse.

Para o mercado interno, Salazar afirmou que o setor não possui muitas expectativas positivas para 2020, prevendo um patamar semelhante ao atual de renda e consumo.

"São as exportações que vão dar um 'up' no segmento."

Após máximas, preço do boi recua 5% em dezembro com pressão de consumidores

SÃO PAULO (Reuters) - O preço da arroba do boi gordo recuou 5,14% em dezembro, com duas baixas seguidas após máximas históricas no Brasil, com as cotações sendo pressionadas por consumidores que estão buscando opções de carne mais barata, informou nesta terça-feira o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).

Nesta terça-feira, a cotação no mercado físico paulista apresentou recuo de 3,67%, a 219,45 reais a arroba, segundo indicador Esalq/B3, apurado pelo Cepea.

Na segunda-feira, o preço da arroba caiu 1,53%, após máxima histórica de 231,35 reais no último dia útil de novembro, acumulando alta de 35,5% no mês passado.

"Quando tem alta muito brusca do preço, no boi gordo e na carne, tem que olhar a outra ponta, principalmente o mercado consumidor interno. Ele se assustou, é natural, e tem proteínas mais baratas, então realmente tem um efeito da demanda e da renda também", explicou o analista do Cepea Thiago de Carvalho.

Ele citou que os consumidores receberam a primeira parcela do décimo terceiro, que a economia está melhorando, mas como o preço subiu muito, isso segurou o consumo.

"O preço alto do boi reduz margem para o frigorífico e para o varejo. A carne da classe A e B continua com margem, mas a classe C e D quer preço, e essa alta assusta. Tem dono de lanchonete que cogita tirar o coxão mole do cardápio", completou.

Para a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, o mercado de boi gordo já apresenta sinais de redução após máximas históricas recentes e deve se normalizar em breve para o consumidor.

"Quero tranquilizar todos vocês. Tivemos uma conjuntura momentânea de seca, falta de pasto e abertura de mercados, mas agora o preço da carne deve se estabilizar", disse Tereza, em reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Carne Bovina, segundo nota do ministério.

No mercado futuro, o contrato para março fechou a 194,40 reais a arroba na B3, após máxima de 215 reais em 21 de novembro. O primeiro contrato, o dezembro fechou a 208 reais, após pico de 232,05 reais, em 26 de novembro.

O recente recuo no preço ocorre após uma queda de quase 9% nas exportações de carne bovina in natura em novembro, para 155,60 mil toneladas, na comparação com o recorde histórico de outubro.

Apesar do recuo, novembro ainda foi o segundo melhor mês da história na exportação, disse o analista do Cepea.

Para a ministra, o setor passa por um momento de transição, mas não há risco de falta de proteína animal no país.

No acumulado de 2019 até novembro, o Brasil teve exportações de quase 1,7 milhão de toneladas, alta de 13% ante mesmo período do ano passado, de acordo com dados do governo citados pela Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo).

"Posso garantir a vocês não haverá falta de proteína... Vamos aguardar esse momento. Podem ter certeza que vamos continuar a ter o melhor produto nas nossas mesas... e ainda podemos mandar para o resto do mundo", disse Tereza, adicionando que o setor possui oportunidades para ampliar seus negócios.

Segundo estimativas do Rabobank, em 2020 a produção de carne bovina do Brasil deve avançar para 10,45 milhões de toneladas em 2020, ante 10,1 milhões de toneladas em 2019, enquanto as exportações da proteína tendem a crescer em 10,6%, para 2,39 milhões de toneladas.

 

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Fonte:
Reuters

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