Cloroquina, para tratamento da malária, pode ser esperança contra coronavírus

Publicado em 19/03/2020 16:40 e atualizado em 20/03/2020 04:21
EUA testam dois genéricos em corrida por tratamentos para coronavírus (Por Deena Beasley, da Reuters)

(Reuters) - Pesquisadores dos Estados Unidos, seguindo o exemplo de cientistas de outros países, iniciaram estudos para descobrir se remédios genéricos amplamente disponíveis e de baixo custo podem ser usados para ajudar a tratar a doença causada pelo novo coronavírus.

Atualmente, não existem vacinas nem tratamentos para a doença respiratória altamente contagiosa Covid-19, por isso os pacientes só podem receber cuidados paliativos por ora.

Mas um teste com 1.500 pessoas liderado pela Universidade de Minnesota foi iniciado nesta semana para verificar se a hidroxicloroquina, usada para tratar a malária, pode evitar ou reduzir a severidade do Covid-19. Dois outros testes estão estudando o remédio para pressão arterial losartana como tratamento possível para a doença.

O medicamento para malária, também sendo testado na China, Austrália e França, foi elogiado no começo desta semana pelo executivo-chefe da Tesla, Elon Musk, que se recuperou da malária em 2000 depois de usá-lo.

Além de ter um efeito antiviral direto, a hidroxicloroquina suprime a produção e liberação de proteínas envolvidas nas complicações inflamatórias de várias doenças virais.

"Estamos tentando alavancar a ciência para ver se podemos fazer algo além de minimizar os contatos", disse o doutor Jakub Tolar, reitor da Escola de Medicina da Universidade de Minnesota e vice-presidente de questões clínicas. "Os resultados são prováveis em semanas, não meses".

A maioria das pessoas infectadas com o novo coronavírus só desenvolve sintomas leves semelhantes aos da gripe, mas cerca de 20% pode ter doenças mais graves que podem levar a uma pneumonia, exigindo hospitalização.

O vírus de disseminação rápida, que surgiu na China em dezembro e agora está em mais de 150 países, já infectou mais de 214 mil pessoas e matou mais de 8.700 em todo o mundo.

Especialistas dizem que pode demorar um ano ou mais para se preparar uma vacina preventiva, por isso tratamentos eficientes são necessários com urgência.

Na terça-feira, uma equipe francesa disse que os resultados iniciais de um teste de hidroxicloroquina com 24 pacientes mostrou que 25% dos que receberam o remédio ainda portavam o coronavírus depois de seis dias -- a taxa foi de 90% entre os que receberam um placebo.

O princípio ativo Hydroxychloroquine, objeto do trabalho dessa equipe francesa🇫🇷, também vinha sendo testado contra o COVID-19 por cientistas japoneses. Trata-se de um medicamento que foi utilizado no passado, para tratamento da malária.

Cientistas trabalham em pesquisa em busca de tratamento para o novo coronavírus

  • Cientistas trabalham em pesquisa em busca de tratamento para o novo coronavírus 26/02/2020 

  • Potencial tratamento para o coronavírus anunciado por Trump já tem escassez, dizem farmacêuticos (Reuters)

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    • Funcionário conta drogas de prescrição médica. 

    NOVA YORK (Reuters) - Os estoques de uma droga para tratar malária e que foram testados com algum sucesso contra o coronavírus estão agora com oferta pequena com o aumento da demanda no meio da propagação da doença, dizem farmácias independentes e a Sociedade Americana de Farmacêuticos do Sistema de Saúde (ASHP). 

    A ASHP, que tem uma lista de drogas em escassez independente da lista da Administração de Alimentos e drogas dos Estados Unidos (FDA), planeja acrescentar o genérico hidroxicloroquina à sua lista de substâncias em falta, segundo Erin Fox, diretora sênior de informação de medicamentos na Universidade Utah Health, que cuida da lista de medicamentos em falta para a ASHP.

    A FDA não pode ser encontrada imediatamente para comentários, mas a hidroxicloroquina não está atualmente na sua lista de medicamentos em escassez. 

    O presidente dos EUA, Donald Trump, pediu nesta quinta-feira aos reguladores de saúde do país para acelerar a aprovação de terapias potenciais com o objetivo de tratar a Covid-19, para a qual ainda não há tratamentos ou vacinas aprovadas. 

    Trump disse que o governo avalia a hidroxicloroquina e o medicamento antiviral exprimental da Gilead Sciences, o remdesivir, que passa por testes clínicos para a doença respiratória. 

    "Atualmente trabalhamos com quatro distribuidores diferentes e desde hoje temos impossibilidades de encomendar tanto a cloroquina quanto a hidroxicloroquina", que estão em atraso, disse David Light, chefe executivo da farmácia online Valisure, em um comunicado por e-mail. 

    "Kaletra e losartan estão sendo racionados, o que significa que podemos pedir apenas quantidades limitadas", acrescentou. 

    Kaletra, medicamento que faz parte do coquetel de tratamento para o HIV e é vendido pela AbbVie, e o genérico para tratamento de pressão arterial losartan também foram considerados com potencial para tratar o vírus, embora investigadores chineses tenham reportado que o Kaletra fracassou em melhorar os resultados para os pacientes da Covid-19 em estado grave. 

    Jeff Bartone, dono da Hock's Pharmacy em Ohio, disse que conseguiu comprar cinco frascos de hidroxicloquina nesta quinta, mas que em um intervalo de uma hora seu distribuidor já estava sem estoque do medicamento. Ele disse ter quatro fornecedores reserva mas que todos também estavam sem o medicamento. 

  • Buscas por Reuquinol explodem no Brasil após Trump anunciar remédio contra coronavírus (portaldo Bitcoin)

  • O anúncio dos presidente do Estados Unidos, Donald Trump, na manhã desta quinta-feira (19) de que a hidroxicloroquina poderia ser um remédio eficiente contra o coronavírus teve efeitos imediatos no Brasil. O Reuquinol, como é conhecido no país, já está esgotado nas farmácias brasileiras.

    O Reuquinol é usado para o combate a diversas doenças tais como artrite, lúpus eritematoso, doenças fotossensíveis e malária. Para comprá-lo é preciso de prescrição médica.

  • Portal do Bitcoin buscou pelo remédio nas principais lojas online das farmácias do país e não há mais medicamentos disponíveis. Onofre, Drogaraia, Ultrafarma, Pacheco e Drogaria Venancio, onde a pesquisa foi feita, há uma mensagem de “avise-me” para que o consumidor saiba quando o estoque for reposto.

    Em alguns casos, o remédio aparece como disponível, como foi da Panvel, uma rede mais conhecida no Rio Grande do Sul, mas que também tem unidades em São Paulo. Porém, no momento da compra, aparece o aviso de que não está mais disponível.

  • A reportagem também entrou em contato com algumas farmácias em São Paulo e Rio de Janeiro. Em todas, os medicamentos Requinol, Plaquinol e hidroxicloroquina estavam esgotados. Em uma das unidades da Drogaria São Paulo, o funcionário responsável afirmou que já havia recebido mais de 100 ligações e que os remédios haviam acabado pela manhã.

Trump, FDA e Reuquinol

Não se sabe ao certo a eficácia do medicamento. Na coletiva de imprensa, Trump e o representante do FDA (a Anvisa americana) afirmaram que o uso da hidroxicloroquina (princípio do Reuquinol) já havia sido aprovado pelo órgão, que é conhecido por sua rigidez na liberação de novas drogas.

Conforme o The New York Times, contudo, não há estudos médicos da aplicação do remédio em pacientes. Para a Bloomberg, a assessoria de imprensa do FDA afirmou horas depois que a droga, comumente usada para o tratamento da malária, não havia sido aprovada para o tratamento de pacientes diagnosticados com o Covid-19.

Até o momento o que existe é um estudo cientifico cuja conclusão aponta para a defesa de exames clínicos em pacientes portadores do novo vírus, com a citação de 23 trials em andamento na China que parecem estar tendo resultados positivos.

​Trump e Boris Johnson 'disputam' anúncio de remédio contra coronavírus (no ESTADÃO)

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, entraram nesta quinta-feira, 19, em uma disputa para tentar anunciar primeiro um remédio para combater o coronavírus. A pandemia já contaminou mais de 207 mil pessoas e deixou 8 mil mortos em 166 países. 

Os dois líderes afirmaram que o "jogo mudou" em seus anúncios desta quinta. Trump destacou o uso de um tratamento com cloroquina - substância usada contra a malária - em pacientes com coronavírus. "(O teste) Mostrou resultados iniciais muito encorajadores e seremos capazes de disponibilizar esse medicamento quase imediatamente", disse Trump. Nos Estados Unidos, pelo menos 150 pessoas morreram em decorrência do vírus, que já contaminou mais de 11.500 pessoas. 

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O presidente Donald Trump e o primeiro-ministro Boris Jonhson  Foto: Erin Schaff/The New York Times

O presidente também afirmou que a substância foi aprovada pela Food and Drug Administration (FDA), entidade responsável pela avaliação de alimentos e medicamentos. Stephen Hahn, o comissário da FDA, disse que a agência considera dar substância a pacientes com coronavírus como parte de um programa de teste de "uso expandido".

Não ficou claro quanto tempo o FDA levaria para elaborar esse estudo. A agência enfatizou que a cloroquina  foi aprovada para o tratamento da malária e da artrite, embora não para o coronavírus, conforme sugeriu Trump. A substância é um medicamento barato usado contra a malária há décadas e é recomendada para pessoas que estão indo para regiões infectadas pela doença.

Hahn afirmou ainda que, embora a FDA esteja disposta a "remover todos os obstáculos" para acelerar o processo, também tem a "responsabilidade" de "garantir que os produtos sejam seguros e eficazes". 

Boris Johnson

Por sua vez, o primeiro-ministro britânico afirmou que o Reino Unido conseguirá deter o coronavírus em um período de 12 semanas. Nesta quinta, ele afirmou que o primeiro paciente britânico foi submetido a um estudo para tratamento de coronavírus, sem dar mais detalhes. Em seu país, o vírus já deixou 144 mortos e contaminou 3.269 pessoas. 

"Uma combinação das medidas que estamos pedindo ao público para tomar e melhorar os testes e outros progressos científicos nos permitirão reverter a tendência nas próximas doze semanas", afirmou ele em sua entrevista coletiva diária. 

"Estamos em negociações para comprar o teste de anticorpos, tão simples quanto um teste de gravidez que pode dizer se você já teve a doença. Compraremos centenas de milhares desses kits o mais rápido possível. Porque, obviamente, ele tem o potencial de mudar completamente o jogo". / The Washington Post, AFP e Reuters 

  • Brasil tem 621 casos confirmados de Covid-19 e seis mortes

  • As mortes em razão do novo coronavírus subiram para seis, conforme última atualização divulgada hoje (19) pelo Ministério da Saúde. Já os casos confirmados saíram de 428 para 621 entre ontem e hoje.

    São Paulo segue como foco da disseminação do vírus, com 286 casos. Em seguida vêm Rio de Janeiro (65), Brasília (42), Bahia (30), Minas Gerais (29) e Rio Grande do Sul e Pernambuco (28). Além desses estados, foram registrados casos no Paraná (23), Santa Catarina e Ceará (20), Goiás (12), Espírito Santo (11), Mato Grosso do Sul (sete), Sergipe (seis), Alagoas (quatro), Acre e Amazonas (três) e Pará, Tocantins, Rio Grande do Norte e Paraíba (um).

    Calamidade Pública

    O plenário da Câmara dos Deputados aprovou na noite desta quarta-feira (18), por votação simbólica, o pedido do governo federal para declaração de estado de calamidade pública no país. O projeto será encaminhado para votação no Senado e precisa de pelo menos 41 votos para ser aprovado.

    A declaração de estado de calamidade pública é uma medida inédita em nível federal. Na mensagem, o governo pede a que seja dispensado de atingir a meta fiscal, entre outras medidas, para combater a pandemia do coronavírus.

    Cenário do coronavírus no Brasil é mais nacional do que regional, diz Mandetta

  • SÃO PAULO (Reuters) - O Brasil está registrando uma expansão sistemática em bloco dos casos de coronavírus em quase todas as regiões, o que desenha um quadro mais nacional do que regional, disse nesta quinta-feira o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, acrescentando que haverá um panorama mais claro na semana que vem.

    Ele destacou que é importante a continuidade do monitoramento para que o cenário seja confirmado, o que eventualmente poderia levar a alterações na projeção do número de casos e à avaliação da necessidade de expansão do sistema de controle.

    "Se ela (quantidade de casos) levantar toda em bloco, vai ser muito mais complexo, muito mais difícil de a gente monitorar. É importante que nos gráficos a gente tenha qual está sendo o percentual de aumento", disse o ministro, que citou como exceção a região Norte, onde há apenas oito casos confirmados.

    O aumento "em bloco" e espalhado dos casos, segundo Mandetta, está alinhado ao crescimento da transmissão comunitária, que já foi registrada nos municípios de Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre e Tubarão (SC), além dos Estados de São Paulo e Pernambuco.

    Mesmo com a expansão do vírus, o ministro garantiu que o país seguirá apresentando números verdadeiros em relação à doença, e que buscará estar o mais próximo possível do que de fato acontece.

    "Por mais duro que seja, o Brasil vai trabalhar com os números verdadeiros... Aqui vai ser bem científico, bem técnico, a coisa. Não é para nenhum caso ficar fora", afirmou Mandetta em entrevista coletiva.

    Nesta quinta-feira, o ministério atualizou a contagem de casos confirmados no país para 621, avanço de 193 em relação à véspera, além de verificar seis mortes em decorrência do Covid-19.

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Fonte:
Reuters/Agencia Brasil/Estadão

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