Bolsonaro diz que recebeu oferta direta para compra da CoronaVac de fabricante e levanta suspeita sobre Butantan

Publicado em 22/07/2021 12:44

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BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro levantou suspeitas nesta quinta-feira sobre o preço cobrado pelo Instituto Butantan pela vacina CoronaVac, envasada no Brasil com insumos do laboratório chinês Sinovac, e alegou ter recebido uma proposta melhor diretamente do fabricante chinês do imunizante.

Em entrevista à rádio Banda B, do Paraná, Bolsonaro garantiu que o governo federal recebeu uma proposta diretamente da China para venda da CoronaVac a 5 dólares a dose, enquanto o Butantan venceu a vacina por 10 dólares a dose.

O presidente não apresentou documentos ou detalhes sobre a proposta.

"O que fizemos de imediato: Queiroga (Marcelo, ministro da Saúde) conversou comigo, encaminhamos para a Controladoria-Geral da União, o Ministério da Justiça e hoje encaminharemos ao Tribunal de Contas da União para ser investigado porque metade do preço agora", disse Bolsonaro.

O presidente, que não apresentou esses documentos e não quis dar detalhes, disse também que o Instituto Butantan teria sido comunicado para que explicasse a diferença de valores.

"Pode ser que não haja nada errado, mas o Butantan nunca nos apresentou as planilhas de preço, o custo final de cada vacina", alegou Bolsonaro.

Inimigo político do governador de São Paulo, João Doria (PSDB) --um dos maiores entusiastas do acordo entre Sinovac e Butantan, que é vinculado ao governo paulista--, o presidente mais uma vez criticou e questionou a CoronaVac, e voltou a levantar dúvidas da eficácia da vacina.

Ao comentar a alegada proposta, Bolsonaro disse que ainda não sabe se o governo brasileiro aceitaria, porque, segundo ele, "não adianta comprar mais x milhões da CoronaVac se a população não quer tomar".

Procurado, o Instituto Butantan não respondeu imediatamente.

Da mesma forma, a Reuters contatou o laboratório Sinovac mas não obteve ainda uma resposta até a publicação desta reportagem.

No entanto, recentemente, a empresa fez uma nota desmentindo que outras empresas pudessem revender a CoronaVac no Brasil, ao responder alegações de que a importadora catarinense World Brands tivesse o poder de oferecer doses da vacina ao Ministério da Saúde.

"A vacina contra Covid-19 CoronaVac é desenvolvida, fabricada e distribuída pela Sinovac Ltd. No Brasil, apenas o Instituto Butantan, nosso parceiro exclusivo, pode comprar a CoronaVac. Qualquer informação divulgada por qualquer empresa sem autorização da Sinovac não tem qualquer importância legal", disse a nota divulgada no dia 18.

Procurado pela Reuters para dar mais informações sobre a proposta, o Ministério da Saúde não respondeu de imediato.

Apesar da declaração de Bolsonaro de que a população não quer receber a CoronaVac, segundo dados do Ministério da Saúde, das 128,4 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 já aplicadas no Brasil, 38,8% foram doses da CoronaVac. A vacina chinesa envasada pelo Butantan deu a largada na campanha de vacinação contra o coronavírus no Brasil em 17 de janeiro deste ano.

O Butantan já entregou 57,6 milhões de doses da CoronaVac ao Programa Nacional de Imunização (PNI) do Ministério da Saúde e promete totalizar 100 milhões de doses do imunizante entregues à pasta até o final do mês que vem.

Também ao contrário do que afirmou Bolsonaro, estudos clínicos feito no Brasil mostraram que a CoronaVac tem eficácia geral de 50,38% --acima do patamar mínimo de 50% apontado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para considerar uma vacina eficaz-- e mostrou-se 78% eficaz contra casos leves, em que pacientes precisaram de alguma assistência clínica, e 100% eficaz contra casos graves e que levam à internação e contra mortes causadas pela doença.

Além disso, estudo feito com a vacina na cidade de Serrana, interior de São Paulo, mostrou que a vacinação em massa da população adulta do município levou a uma redução de 95% das mortes por Covid-19, de 86% nas internações causadas pela doença e de 80% nos casos sintomáticos.

(Reportagem de Lisandra Paraguassu; Edição de Eduardo Simões)

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Fonte:
Reuters

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